ENSP/Fiocruz realiza oficina para desenvolvimento de jogo educativo sobre tuberculose no sistema prisional
A Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP/Fiocruz) realizou, nesta terça-feira (9/12), a oficina 'Cocriação e Jornada do Usuário Lúdico: percepções sobre a tuberculose no ambiente carcerário', atividade vinculada ao Projeto “Prisões TB Zero”, coordenado pela pesquisadora Alexandra Sánchez, do Departamento de Endemias Samuel Pessoa da ENSP. A iniciativa contou com a parceria do Laboratório de Inovação em Gestão Pública, o Pólen/ENSP, que trouxe expertises em experiência do usuário, linguagem simples e gamificação.
A oficina reuniu familiares e egressos do sistema penitenciário, profissionais da Atenção Primária Prisional (SMS-RJ) e equipes do Programa de Tuberculose da SEASP/RJ, compondo uma escuta diversa e integrada. A proposta central foi construir o perfil e o percurso inicial do usuário que servirá de base para o desenvolvimento de um jogo educativo sobre tuberculose, voltado tanto para novos ingressantes quanto para pessoas já encarceradas nas unidades prisionais do estado do Rio de Janeiro.
Crédito fotos: Isabelle Ferreira (Estagiária da equipe de jornalismo do Informe ENSP).
Segundo Alexandra Sánchez, a atividade marca um passo importante na construção de estratégias inovadoras de educação em saúde no ambiente prisional. “A oficina nos permitiu compreender, de forma participativa, os desafios, percepções e necessidades das pessoas privadas de liberdade em relação à tuberculose. Esse olhar é fundamental para desenvolvermos um jogo que seja acessível, sensível e realmente útil para quem vive essa realidade”, afirmou.
A presença do Pólen/ENSP garante uma abordagem centrada nas pessoas, incorporando metodologias de cocriação, design de experiência do usuário e soluções lúdicas capazes de facilitar a compreensão de informações essenciais para a prevenção, diagnóstico e cuidado da tuberculose.
Projeto ‘Prisões TB Zero’: rastreamento radiológico em massa e inovação tecnológica
A oficina integra um dos eixos do Projeto “Prisões TB Zero” (CNPq/MS), que se destaca pelo uso inédito de inteligência artificial no rastreamento radiológico de massa dentro do sistema prisional. Coordenado por Alexandra Sánchez, que também lidera o Grupo de Pesquisa “Saúde nas Prisões” (CNPq), o projeto tem como objetivo transformar a detecção da tuberculose em caráter estruturante.
A proposta prevê a realização de exames anuais de raio-X em larga escala, incluindo a triagem sistemática de novos ingressantes. A tecnologia permite identificar precocemente casos suspeitos e encaminhá-los para confirmação por meio de teste molecular rápido.
“Nosso objetivo é demonstrar a eficácia do rastreamento radiológico em massa. Trata-se de uma ação estruturante, com potencial de transformar a detecção da tuberculose entre pessoas privadas de liberdade”, explicou Sánchez.
Iniciado em 2024, o projeto já examinou cerca de 3.400 pessoas em duas unidades prisionais, com prevalência média de 13% a 14%. Os primeiros resultados foram debatidos no 1º Seminário do Projeto Prisões TB Zero, realizado em dezembro de 2024, com participação de instituições parceiras, equipes de saúde prisional (SMS-RJ) e profissionais da SEAP-RJ.
Em apresentação realizada no CNPq, Sánchez destacou que os dados comprovam a superioridade da estratégia ativa em comparação à detecção passiva. A inteligência artificial identificou até 73% dos casos, enquanto a abordagem clínica tradicional detectou cerca de 30%. Além disso, 90% dos diagnosticados não apresentavam sintomas, ou não os reconheciam como sinais da doença.
O projeto também alcançou 91% de confirmação bacteriológica dos casos suspeitos e boa concordância entre os laudos produzidos pela IA e os de radiologistas humanos.
A próxima fase do “Prisões TB Zero” inicia-se em julho de 2026, com novo ciclo de rastreamento na mesma unidade. A expectativa é avaliar queda na prevalência, melhoria precoce na identificação de casos e impacto direto na prevenção de novos adoecimentos e mortes evitáveis.
*Crédito fotos: Isabelle Ferreira (Estagiária da equipe de jornalismo do Informe ENSP).
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