Pesquisadores da ENSP/Fiocruz apresentam avanços no combate à tuberculose em seminário do CNPq
Pesquisadores da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP/Fiocruz) apresentaram, recentemente, os avanços de dois projetos voltados ao enfrentamento da tuberculose, durante seminário de avaliação promovido pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). O encontro reuniu coordenadores de projetos contemplados pelas Chamadas Públicas lançadas em 2023, em parceria com o Ministério da Saúde. Representando a ENSP/Fiocruz, os pesquisadores Alexandra Sánchez e Paulo Victor Viana apresentaram os resultados parciais das iniciativas 'Prisões TB Zero' e 'Ambulatório Itinerante da Tuberculose'. Ambos os projetos estão entre as propostas selecionadas pela Chamada de Pesquisas em Tuberculose, voltada ao fortalecimento da vigilância e do controle da doença.
Tecnologia e inovação no sistema prisional: o caso do projeto Prisões TB Zero
Coordenado por Alexandra Sánchez, do Departamento de Endemias da ENSP e líder do Grupo de Pesquisa do CNPq 'Saúde nas Prisões', o projeto 'Prisões TB Zero' se destaca pelo uso de inteligência artificial no rastreamento radiológico de massa dentro do sistema prisional.
A proposta consiste em realizar exames anuais com raio-X em larga escala, incluindo a triagem sistemática de novos ingressantes. A tecnologia, incorporada de forma inédita à rotina de saúde intramuros, permite identificar precocemente casos suspeitos e direcioná-los para confirmação por meio de teste molecular rápido.
“Nosso objetivo é demonstrar a eficácia do rastreamento radiológico em massa. Trata-se de uma ação estruturante, com potencial de transformar a detecção da tuberculose entre pessoas privadas de liberdade”, explicou a pesquisadora.
Iniciado em 2024, o projeto já examinou cerca de 3.400 pessoas em duas unidades prisionais, registrando prevalência média de 13% a 14%. Os primeiros resultados foram debatidos no '1º Seminário do Projeto Prisões TB Zero', realizado em dezembro do mesmo ano, com a presença de representantes das instituições parceiras, equipes de atenção primária prisional (SMS-RJ), profissionais da SEAP-RJ e outros atores estratégicos.
De acordo com Sánchez, os dados reforçam a superioridade da estratégia ativa em relação à detecção passiva. “A inteligência artificial identificou até 73% dos casos, contra cerca de 30% pela abordagem clínica tradicional. Além disso, 90% dos diagnosticados não apresentavam sintomas ou não os reconheciam como sinais da doença.”
O projeto também apresenta taxa de 91% de confirmação bacteriológica dos casos suspeitos e boa concordância entre os laudos da IA e os de radiologistas humanos. A próxima fase começa em 8 de julho, com um novo ciclo de rastreamento na mesma unidade. A expectativa é observar queda na prevalência e impacto positivo na prevenção de novos casos e óbitos evitáveis.
Cuidado que se desloca: ambulatório itinerante leva tratamento à população da Baixada Fluminense
A proposta nasceu da necessidade de enfrentar a baixa adesão ao tratamento entre pacientes com tuberculose resistente a medicamentos. Desde o início das atividades, em setembro de 2024, o projeto reduziu significativamente o absenteísmo às consultas e fortaleceu o vínculo entre pacientes e equipes de saúde.
“O impacto vai além dos dados clínicos. Muitos pacientes relataram economia com deslocamentos, o que permitiu investir em alimentação e outras necessidades básicas. Aproximar o cuidado do território gera resultados concretos na saúde e na qualidade de vida das famílias”, afirmou o coordenador.
A proposta agora é consolidar o ambulatório como modelo replicável no Sistema Único de Saúde (SUS). Para isso, o projeto pretende ampliar ações de educação em saúde, reforçar o engajamento comunitário e divulgar os resultados junto a gestores e sociedade civil.
“Iniciativas como essa evidenciam o potencial de inovação e o compromisso social do SUS com quem mais precisa”, destacou Viana.
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