ENSP apresenta à sociedade civil ambulatório itinerante para combater tuberculose drogarresistente
As faltas às consultas e a interrupção do tratamento contra a tuberculose são dois dos principais desafios a serem contornados no enfrentamento à doença, principalmente na sua forma resistente aos medicamentos. A fim de encurtar a distância com os pacientes e, como consequência, aumentar a taxa de sucesso terapêutico, nasceu o projeto ‘Ambulatório Itinerante: Melhoria da Adesão ao Tratamento da Tuberculose Drogarresistente em um Município da Baixada Fluminense, RJ’. Coordenada pelo chefe do Centro de Referência Professor Helio Fraga (CRPHF), da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP/Fiocruz), a iniciativa promete fortalecer o combate à tuberculose na região. Na última quarta-feira (6/3), Paulo Victor Viana apresentou o projeto à sociedade civil no Fórum de Tuberculose do Estado do Rio de Janeiro.
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Com financiamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) em parceria com o Ministério da Saúde, o projeto é uma resposta às crescentes taxas de tuberculose drogarresistente (TBDR). A ideia é implementar um ambulatório itinerante de referência terciária a fim de proporcionar um atendimento especializado e multidisciplinar para pacientes com TBDR na Baixada Fluminense. Os principais objetivos são a redução de faltas às consultas e a melhoria nos indicadores de sucesso terapêutico.
“Durante a apresentação, destaquei a importância do envolvimento da sociedade civil nas etapas de planejamento e execução do projeto. A participação da comunidade é crucial para o sucesso desta iniciativa. O engajamento da sociedade civil não só fortalece nossa luta contra a tuberculose, mas também garante que o projeto atenda às necessidades reais dos pacientes e suas famílias”, relatou Paulo Victor. Ainda segundo o pesquisador e coordenador da iniciativa, o debate gerado em torno do projeto durante a assembleia refletiu a importância do papel da sociedade civil na luta contra a tuberculose. “A demanda por mais iniciativas que sigam o exemplo do ambulatório itinerante sublinha a crença na capacidade de tais projetos de transformar a realidade de saúde em regiões de alta carga da tuberculose, não apenas através de soluções médicas, mas também por meio da construção de uma comunidade resiliente e bem-informada”, disse.
O Centro de Saúde Vasco Barcelos, em Nova Iguaçu (RJ), servirá como base para o ambulatório itinerante. O local foi escolhido por ter infraestrutura adequada e capacidade de responder às complexidades do tratamento da TBDR. O projeto visa não apenas melhorar a adesão ao tratamento, mas também contribuir significativamente para a redução da carga da doença no Brasil, alinhando-se às metas do Plano Nacional pelo Fim da Tuberculose como Problema de Saúde Pública.
Durante a assembleia, outro aspecto crucial destacado foi a dificuldade econômica e financeira enfrentada pelas pessoas afetadas pela tuberculose, especialmente os moradores da Baixada Fluminense. “Muitos pacientes, já sobrecarregados pela luta contra a doença, encontram-se numa situação ainda mais desafiadora devido à falta de recursos para acessar as unidades de referência especializadas no tratamento da tuberculose. A dificuldade de transporte e os custos associados a viagens frequentes até essas unidades de tratamento exacerbam o estresse e a ansiedade dos pacientes, impactando negativamente sua capacidade de aderir ao tratamento. Essa realidade ressalta a importância do projeto do ambulatório itinerante, que não apenas busca melhorar a adesão ao tratamento e os resultados terapêuticos, mas também visa mitigar o peso econômico sobre os pacientes, oferecendo acesso mais fácil e direto aos serviços de saúde especializados”, detalhou Paulo Victor Viana.
O projeto se apresenta como um passo significativo na luta contra a tuberculose resistente, já que promove uma abordagem integrada e colaborativa entre as instituições de saúde e a comunidade. Ao melhorar a adesão ao tratamento e os indicadores de sucesso terapêutico, espera-se não apenas beneficiar os pacientes diretamente, mas também suas famílias e comunidades, mitigando a disseminação da doença e seu impacto sobre a saúde pública como um todo.
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