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“O aluno agora é o foco do processo”; conheça o novo curso de Gestão Integrada da ENSP/Fiocruz

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Publicado em:27/05/2024
Por João Guilherme Tuasco* 

Para inovar na gestão e melhorar a eficiência do setor público, a Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP/Fiocruz) promoverá um novo curso de Gestão Integrada. A formação, oferecida desde 2013, foi reformulada neste ano de 2024 para engajar os alunos a serem multiplicadores de gestão por meio de metodologias ativas. O curso é destinado a trabalhadores da ENSP e da Fiocruz, com 12 vagas, sendo dez para a Escola. As inscrições vão do dia 5/6 a 25/6.  

De acordo com os coordenadores do curso, Murilo Barbosa e Carlos Reis, do Serviço de Gestão de Qualidade e da Coordenação de Desenvolvimento Institucional da ENSP, a gestão integrada é uma tendência no gerenciamento de organizações públicas e privadas. No entanto, os alunos tinham dificuldade de colocar em prática o conteúdo que era oferecido no curso. “Se você não aplica esse conhecimento, naturalmente ele vai se perdendo”, afirmam. Nesta nova edição, serão utilizadas metodologias ativas de aprendizagem como construção da situação-problema, Aprendizagem Baseada em Problemas (PBL), sala de aula invertida, aprendizagem coletiva e estudos de caso.  

A reformulação faz parte de um dos objetivos estratégicos do Planejamento Institucional Participativo (PIP), aprovado no ano passado. O desenvolvimento da nova versão contou com apoio financeiro do Laboratório de Inovação em Gestão Pública (Polen/Fiocruz) por meio do Programa de Aceleração da Inovação da Gestão de 2023. As aulas começam em 7/8. Para entender mais sobre a relevância e as mudanças no curso, o Informe ENSP conversou com os coordenadores. Confira a entrevista a seguir:  

Qual a importância de uma Gestão Integrada no serviço público?  

A lógica de organização do trabalho mais clássica é muito funcional. Cada um responde dentro da sua função. A gestão integrada reverte um pouco essa lógica de que cada um vai trabalhar dentro da sua caixinha dos organogramas. Ao invés de ter as caixinhas, ele vai trabalhar de uma forma mais horizontal perpassando todas as áreas, coordenando, unindo, integrando e harmonizando. Mas não é só isso. Além desta questão, ele vai inserir também a questão do controle. Então trabalha com organização, controle e gestão de riscos. 

O que acontece na gestão pública é que, muitas vezes, o problema do cidadão não está em nenhuma caixinha, está entre elas. Na gestão de processos, está tudo ligado e, com isso, acabou o buraco em branco entre dois setores onde ninguém responde. A gestão de processos vem para minimizar esses buracos. É importante mudar a cultura das pessoas para trabalharem por processos. 

Como funciona, na prática, a gestão de processos? 

Todo mundo tem o seu processo e, às vezes, ele está na sua cabeça. Se eu fosse mapear o teu processo de trabalho, nós faríamos uma entrevista com você para saber como é que você faz e a gente vai escrevendo essa entrevista numa notação internacional – uma forma de desenhar para que outras pessoas do mundo inteiro possam compreender o que você faz. Escrevendo esse processo, surgem as oportunidades de melhoria. 

Como as metodologias ativas propiciarão o desenvolvimento de uma gestão mais integrada? 

Uma das metodologias é a aprendizagem coletiva. Em grupos de trabalho que mapeiam processos, primeiramente você desenvolve um aprendizado coletivo e acaba tendo um senso de pertencimento. Você entende agora a sua importância para a instituição. É uma virada de chave, você se sente mais empoderado e se apropriando do que você faz.  A gente já ouviu “Poxa, eu não sabia que eu fazia isso”. Agora é possível ver os detalhes e fazer melhorias.  

Com as metodologias ativas, o profissional vai adquirir ainda mais empoderamento, porque ele vai se apropriar do conhecimento. Não é uma outra pessoa que vai trazer e depositar um conhecimento que, de repente, não faz sentido para o profissional. Antigamente, nós tínhamos um caso único para aplicar o conteúdo. Mas, agora, se eu tenho 12 alunos, eu tenho 12 casos distintos para que a gente possa analisar. Isso faz com que também aquela lógica de trabalhar com um grupo de 30 a 60 pessoas, como foi no passado, não é mais possível. 

Qual a importância da participação dos trabalhadores de outros setores que não o do Serviço de Gestão de Qualidade ou da Vice-Direção de Desenvolvimento Institucional e Gestão (VDDIG)?   

A gestão é transversal, então todas as áreas têm gestão. A nossa preocupação é que, de fato, a pessoa interessada trabalhe com gestão, mas não necessariamente seja da VDDIG, então não importa se ele trabalha na pesquisa ou no ensino, por exemplo. Mas o aluno tem que estar envolvido na gestão para que ele também possa aplicar todo esse conhecimento adquirido ao longo do curso no seu ambiente de trabalho. 

Por que abrir vagas para toda Fiocruz? 

A participação de trabalhadores da Fiocruz vai oxigenar um pouco, romper as caixinhas. Para a gente, é importante trazer um pouco esse olhar de fora da Escola. E temos feito uma parceria bastante produtiva com a Coordenação da Qualidade da Fiocruz e a Escola Corporativa da Fiocruz. 

Por fim, qual a expectativa de impacto do novo curso?  

O objetivo é que os participantes saiam transformados, realmente entendendo o sentido e o papel que eles têm, sendo mais um multiplicador da Gestão Integrada. Claro, com o nosso apoio. O aluno será um parceiro do Serviço de Gestão de Qualidade.  

A gente também pretende realizar outras ações para estreitar os laços depois que as pessoas saírem do curso.  

*Sob supervisão da jornalista Barbara Souza.

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