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Em Congresso da Alames, ENSP lança livro sobre emergência climática e Escolas de Saúde Pública

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Publicado em:07/08/2025
Por Danielle Monteiro

A ENSP lançou, nesta terça-feira (5), o livro ‘Emergência Climática e as Escolas de Saúde Pública na América Latina: lições aprendidas e por aprender’, organizado pelo diretor da Escola, Marco Menezes, e o pesquisador do Centro de Estudos da Saúde do Trabalhador e Ecologia Humana (Cesteh) Frederico Peres. O lançamento aconteceu durante uma oficina de trabalho, que integrou a programação do 18º Congresso Latino-Americano de Medicina Social e Saúde Coletiva (Alames 2025). A atividade, que teve como objetivo discutir o papel das Escolas de Saúde Pública no enfrentamento da emergência climática na América Latina, contou com a presença dos organizadores e de alguns dos autores da publicação, além de acadêmicos e estudantes.


Em versão e-book e edição em espanhol, a publicação apresenta diferentes estratégias utilizadas pelas Escolas de Saúde Pública na formação de sanitaristas e na construção do conhecimento sobre emergência climática, considerando os desafios impostos para a saúde pública regional.

Publicado pela Editora Rede Unida, o livro está disponível, gratuitamente, para download. A versão impressa deve ser lançada em setembro e a edição em português está prevista para o primeiro semestre de 2026.


Segundo Menezes e Peres, a publicação cumpre o importante papel de dar visibilidade aos esforços organizados pelas Escolas de Saúde Pública latino-americanas em fazer frente aos processos de determinação socioambiental da saúde, agravados, cada vez mais, pela emergência climática.


Para os organizadores, ao mesmo tempo em que a emergência climática afeta todos globalmente, suas consequências são sentidas de forma mais intensa e desproporcional por determinados grupos da população, sobretudo por aqueles historicamente vulnerabilizados e vinculados a territórios e comunidades menos assistidas: “Tal compreensão, destacada de forma clara e inequívoca no livro, permite considerar a necessidade urgente de orientar os serviços, programas e políticas de saúde para o enfrentamento da emergência climática e suas consequências para a saúde pública”.


Presente à mesa de abertura, o diretor da ENSP parabenizou a organização da oficina e frisou que ela acontece em uma data simbólica: o Dia Nacional da Saúde, que marca o nascimento do sanitarista Oswaldo Cruz, um dos grandes nomes da saúde pública no Brasil. Ele também ressaltou a importância da realização da atividade no contexto do Congresso da Alames, que traz para o debate a democracia, os direitos sociais e a saúde.


Menezes reforçou que é muito importante, para a ENSP, estar presente em espaços como esse, que possibilitam o debate sobre temas cruciais, como as emergências climáticas e as crises hídrica e do multilateralismo. Ele afirmou que os sistemas alimentares são uma questão central no debate sobre a crise climática e chamou a atenção para a importância do trabalho em rede das Escolas de Saúde Pública no enfrentamento a esse desafio. Segundo ele, a oficina representa, ainda, uma oportunidade de avanço na discussão da determinação socioambiental no contexto da formação e no fortalecimento dos sistemas públicos de saúde. 


O diretor disse que a oficina é um exemplo de que é possível avançar no multilateralismo entre os países e na relação solidária entre os povos. Ele lembrou que, em seu recente discurso, o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, alertou para a necessidade de fortalecimento do multilateralismo para uma relação mais justa sócio e ambientalmente. “Essa oficina e a Alames, enquanto Associação que articula as instituições, assim como os grupos de pesquisa que se articulam entre os países, desempenham um papel relevante no reforço ao multilateralismo. Essa é uma ação estratégica muito importante”, afirmou.


Também participaram da mesa de abertura a vice-diretora do Instituto de Nutrição da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Marcia Simas, a diretora do Centro de Estudos em Nutrição e Desenvolvimento Infantil (Ceren) da Argentina, Susana Ortale, a diretora da Unidade Acadêmica de Medicina Preventiva e Social da Universidade da República do Uruguai, Alicia Alemán, e o diretor do Departamento de Saúde Pública da Faculdade de Medicina da Universidade Nacional da Colômbia, Mauricio Torres Tovar. A pesquisadora da ENSP Ana Laura Brandão também esteve presente, apresentando um dos capítulos de sua autoria.


Conforme destacou Peres, as Escolas de Saúde Pública são um conjunto bastante diverso de instituições acadêmicas que se dedicam, entre outros aspectos, à formação de sanitaristas. Segundo ele, a partir dessa concepção abrangente, a oficina reconhece o papel estratégico dessas instituições e suas contribuições em diversas frentes, como a elaboração de estudos sobre os impactos dos diferentes processos de desenvolvimento, adotados pelos países da região, e a saúde dos indivíduos e grupos da população. "As Escolas oferecem, ainda, apoio à formulação de políticas públicas, de saúde e multissetoriais, como respostas a estes impactos, além de aportes ao avanço de saberes e práticas necessários para a promoção da saúde e da qualidade de vida da população latino-americana, cada vez mais afetada pelos níveis de intervenção humana sobre a natureza”, complementou.

O pesquisador também destacou que as Escolas de Saúde Pública da América Latina são as principais responsáveis pela formação e qualificação de recursos humanos para atuação nos serviços, programas e sistemas de saúde da região: “Dessa maneira, elas vêm contribuindo significativamente para o enfrentamento dos grandes desafios sanitários atuais, entre eles, o conjunto de alterações nos padrões climáticos e nos sistemas naturais do planeta, um fenômeno global ao qual muitos autores têm se referido como Emergência climática”.


Segundo o pesquisador, houve um avanço no conhecimento construído pelas Escolas de Saúde Pública da América Latina ao longo das últimas décadas, culminando em uma linha de pensamento crítico regional, sobretudo a partir dos movimentos da Medicina Social, ainda na década de 1970, e da Saúde Coletiva, nos anos 1980-1990. “Esse é um legado que, seguramente, se renova e ganha pujança com a 18º edição do Congresso da Alames. Ao reconhecermos este avanço, bem como a sua importância para a saúde pública latino-americana, acreditamos que a realização dessa oficina nos provoca a olhar para os desafios contemporâneos à formação de sanitaristas na região e as estratégias possíveis para o fortalecimento de capacidades, junto às instituições formadoras, em uma lógica solidária e integrada, a partir de uma perspectiva crítica, que é a marca da construção desses campos”, concluiu.



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