Ansiedade é o principal sintoma enfrentado por quem decide parar de fumar

Assinado pelas pesquisadoras do CSEGSF/ENSP, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro e do Instituto Vital Brasil Nádia Rodrigues, Regina Neves, Daniela Mendes, Cristiane Mendes, Isa Martins, Ines Reis, Valeria Lino, Gisele O'Dwyer, Regina Daumas, Tania Maria Esteves, Mônica Andrade, Denise Monteiro e Mônica Barros, o artigo foi desenvolvido por meio de um estudo retrospectivo. Foram coletadas informações de todos os pacientes submetidos ao tratamento de controle do tabagismo, no período de 2012 a 2014, no Centro de Saúde Escola Germano Sinval Faria. O tratamento consistiu em sete visitas semanais: a primeira para preenchimento de prontuário; as quatro subsequentes para a terapia cognitivo-comportamental; e as duas últimas para acompanhamento do tratamento. A pressão arterial e peso corporal foram aferidos em todas as ocasiões. Houve prescrição de repositores de nicotina para todos os participantes durante a primeira sessão.
Resultados apontam: quanto maior for o nível de dependência, menor é a chance de sucesso no tratamento
Segundo as pesquisadoras, cerca de 250 fumantes procuraram tratamento no Centro de Saúde Escola. A idade média dos participantes foi de 49 anos, sendo que 71% eram do sexo feminino. Cerca de 50% dos participantes era solteiro e a maioria (68%) tinha uma renda mensal de dois salários mínimos, além de baixo nível de escolaridade. A maioria das pessoas procuraram tratamento por indicação de amigos que já haviam passado pelo programa (36%). Grande parte dos fumantes (36%) convivia diariamente com outros fumantes no seu domicílio.
"Cerca de 80-90% relataram fumar para reduzir a ansiedade ou em virtude de sentimentos de tristeza. Cerca de 80-90% dos participantes relataram fumar após consumir café e depois das refeições. As principais razões que motivaram os participantes a parar de fumar foram: preocupação com a saúde (95%), mau exemplo para as crianças (92%), bem-estar familiar (84%) e questões econômicas (84%). Metade dos fumantes relataram autopercepção de saúde moderada. Os principais problemas de saúde relatados foram: depressão (55%), desordem gástrica (49%) e hipertensão (32%). Os principais sintomas de abstinência relatados foram: ansiedade (67%), agitação (62%), irritabilidade (58%) e fissura (58%)", descreveram as autoras do estudo.
De acordo com as autoras, a maioria dos fumantes (76%), antes de iniciar o tratamento, apresentava níveis elevados ou muito elevados de dependência ao tabaco. A pontuação média escala Fagerström foi 6,74, o que representa alta dependência do tabaco. Analisando os pacientes nos primeiros três meses de tratamento, cerca de metade dos participantes pararam de fumar (n = 125, 51%). Cerca de 15% abandonaram o tratamento nas primeiras sessões. A média de tempo de cessação do tabaco foi de cerca de 2 semanas. A curva de Kaplan-Meier mostrou redução acentuada na proporção de fumantes ao longo do primeiro mês de tratamento. Dentro de 3 semanas do início do tratamento, apenas 19% dos participantes não tinha parado de fumar.
Para as pesquisadoras, os fumantes com níveis mais elevados de dependência à nicotina são mais propensos a buscar ajuda no programa do que aqueles menos dependentes. Por outro lado, os mais dependentes têm mais dificuldade de alcançar sucesso no tratamento do que os fumantes leves. Além disso, é necessário rever e expandir as estratégias atuais para torná-las mais eficazes na prenvenção contra o tabagismo desde a infância.
O artigo Profile of Brazilian smokers in the National Program for Tobacco Control foi publicado no volume 37, número 3, da Revista Brasileira de Psiquiatria. Acesse aqui o artigo na íntegra.
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