Em nova parceria, ENSP analisará contaminação por mercúrio em indígenas e povos tradicionais da floresta no Amapá

No último dia 5 de outubro, o grupo de pesquisa da ENSP reuniu-se com Décio Yokota, coordenador executivo adjunto do Iepé, Marcelo Oliveira, especialista de conservação da WWF-Brasil, e os professores Carlos Sanchez e Myriam Mendes, da Unifap, para traçar o planejamento de trabalho. As análises serão realizadas no interior das Unidades de Conservação do Amapá, que englobam um parque nacional, uma reserva de desenvolvimento sustentável e uma floresta nacional, além de duas terras indígenas. Segundo estimativa do Iepé, 7 mil indígenas vivem no Amapá.
O representante da WWF-Brasil revelou a existência de pesquisas, elaboradas pela própria organização, com foco na contaminação de peixes por mercúrio. Um desses estudos apontou presença do metal pesado em 81% das amostras analisadas. Esses dados podem indicar a contaminação em humanos. “Nas amostras de peixe em que se detectou presença de mercúrio, mais de 50% possuíam níveis acima do indicado pela Organização Mundial da Saúde como tolerante ou não prejudicial”, relatou.
Ainda de acordo com Oliveira, o Brasil, como signatário da Convenção de Minamata, tem investido muito pouco no controle do uso do mercúrio. “Nossa proposta de trabalho é construir uma agenda positiva. O passo, agora, é entender a contaminação nas populações tradicionais daquela região. Não propomos uma agenda crítica ao governo, ao garimpo, nem coibir totalmente a exploração. Queremos encontrar alternativas positivas para todos, e, nesse contexto, o link com a saúde pública é fundamental”, ponderou.
O coordenador adjunto do Iepé destacou a principal semelhança do atual estudo com a pesquisa desenvolvida na TI Yanomami. “O interesse em entender a contaminação por mercúrio nessa região surgiu a partir da demanda dos próprios indígenas. Eles têm interesse em compreender o impacto do garimpo e como isso pode trazer consequências à sua saúde, até porque há o entendimento espiritual da contaminação daquele lugar. Nas primeiras conversas para a elaboração dessa proposta, fomos informados que não há esse tipo de levantamento para essas populações no Amapá, o que aumenta o interesse da parceria com a ENSP/Fiocruz para trabalharmos na região e respondermos às demandas da população”, explicou Décio.
Os professores da Universidade Federal do Amapá destacaram sua aproximação com os povos indígenas e reiteraram a importância em responder às demandas da população. “Esse retorno à população, previsto no trabalho, é fundamental, uma vez que, por estarmos presentes na região, possuímos grande vínculo com os povos indígenas”, afirmou Sanchez.
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