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Estudo sobre ingestão de mercúrio na Amazônia é publicado na ‘Toxics’; confira

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Publicado em:29/09/2023
O artigo acadêmico do estudo que revelou a ingestão diária excessiva de mercúrio pelas populações da Amazônia está na edição de setembro da revista Toxics, publicada pela MDPI (Multidisciplinary Digital Publishing Institute). A publicação científica está disponível em acesso aberto. Confira aqui. Realizada nos principais centros urbanos da Amazônia, abrangendo seis estados e 17 municípios (incluindo as capitais Belém, Boa Vista, Macapá, Manaus, Porto Velho e Rio Branco), a pesquisa revelou que os peixes da região apresentaram níveis de contaminação por mercúrio acima do limite aceitável de 0,5 µg/g, estabelecido pela ANVISA.

O estudo foi realizado por pesquisadores da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca da Fundação Oswaldo Cruz (ENSP/Fiocruz), da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz) da Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA), Greenpeace Brasil, Iepé, Instituto Socioambiental e WWF-Brasil. Os principais resultados já haviam sido amplamente divulgados em maio deste ano, quando as entidades envolvidas publicaram uma nota técnica de alerta sobre o cenário de contaminação mercurial. No artigo, há mais detalhes, como resultados discriminados por municípios, incluindo níveis médios de mercúrio detectados nas espécies mais consumidas, bem como orientações nutricionais para o consumo seguro dos pescados estudados, por exemplo.

Entre os estados, os piores índices estão em Roraima, com 40% de peixes com mercúrio acima do limite recomendado, e Acre, com 35,9%. Já os menores indicadores estão no Pará, com 15,8%, e no Amapá, com 11,4%. Na média, 21,3% dos peixes comercializados nas localidades e que chegam à mesa das famílias na região Amazônica têm níveis de mercúrio acima dos limites seguros.


O pesquisador da ENSP Paulo Basta, que coordena o grupo de pesquisa "Ambiente, Diversidade e Saúde", foi um dos líderes do estudo, que também contou com a participação da professora e pesquisadora da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz) Ana Claudia Vasconcellos. "Estamos diante de um problema de saúde pública. Sabemos que a situação da contaminação é mais grave para as mulheres grávidas, já que o feto pode sofrer distúrbios neurológicos, danos aos rins e ao sistema cardiovascular. Já as crianças maiores podem apresentar dificuldades motoras e cognitivas, incluindo problemas na fala e no processo de aprendizagem. De forma geral, os efeitos são perigosos, muitas vezes irreversíveis, os sintomas podem aparecer após meses ou anos seguidos de exposição. É urgente a criação de políticas públicas para atender as pessoas já afetadas pela contaminação por mercúrio e medidas preventivas, de controle de uso", alerta Basta.

Nas conclusões do artigo, os autores afirmam que as descobertas são uma base sólida para o planejamento de intervenções estratégicas por fornecerem informações relevantes para orientar o consumo seguro de peixes na região Amazônia, contribuindo com evidências robustas para esclarecer a sociedade sobre esta alarmante questão no campo da saúde pública nacional. 


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