Fiocruz discute evolução do mestrado profissional
O lugar ocupado pelo mestrado profissional (MP) dentro da pós-graduação stricto sensu e sua evolução na Fundação Oswaldo Cruz e em diversos centros acadêmicos. Esse foi o principal tema debatido por dirigentes, coordenadores de cursos de pós-graduação e das áreas da Capes no primeiro dia do I Encontro dos Coordenadores dos Mestrados Profissionais da Fiocruz e do II Seminário do Mestrado Profissional em Gestão do Trabalho e da Educação em Saúde, na quarta-feira (29/8), no auditório do INCQS/Fiocruz. A atividade, além de marcar as especificidades do MP, suas formas de regulamentação e avaliação, prestou homenagem (in memoriam) ao pesquisador da ENSP Antenor Amâncio Filho, que dedicou parte de seu trabalho à redução da distância entre as áreas da saúde e da educação. As apresentações estão disponíveis na Biblioteca Multimídia da ENSP.

Coube ao diretor de Avaliação da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, Lívio Amaral, esclarecer a estrutura atual da Capes e situar o papel do mestrado profissional dentro do Sistema Nacional de Pós-Graduação (SNPG). Após citar a educação básica (agora incorporada à estrutura da Capes) como um dos principais desafios da agência, caracterizou a pós-graduação brasileira como majoritariamente pública, ao contrário do que ocorre na graduação.
O mestrado profissional foi instituído pela Capes em 1995. Segundo a agência, responde a uma necessidade socialmente definida de capacitação profissional de natureza diferente da propiciada pelo mestrado acadêmico e não se contrapõe, sob nenhum ponto de vista, à oferta e expansão desta modalidade de curso, nem se constitui em uma alternativa para a formação de mestres segundo padrões de exigência mais simples ou mais rigorosos do que aqueles tradicionalmente adotados pela pós-graduação.
O mestrado profissional na Fiocruz
Na Fiocruz, segundo a vice-presidente de Ensino, Informação e Comunicação, Nísia Trindade Lima, são reconhecidos pela Capes 32 programas de pós-graduação stricto sensu, dos quais 21 são da modalidade acadêmica, e os restantes caracterizados como profissionais. Essa última modalidade começou a ser ofertada na Fundação em 2002, no Programa de Saúde Pública da ENSP, em curso demandado pela própria Fiocruz, com a Funasa, a Agência Nacional de Saúde e a Secretaria de Atenção à Saúde do Ministério.
“A Fundação é uma das principais instituições de formação de recursos humanos para o SUS e pensamos nessa capacitação em uma perspectiva bem ampla. Estamos empenhados em integrar nossos programas, além de incorporar o uso de diversas tecnologias, como vem sendo feito no mestrado em Saúde Global, com aulas por meio de videoconferência, e na Universidade Aberta do SUS. Apesar da desconfiança da área acadêmica no seu início, o MP na área da saúde sempre foi bem-aceito pela longa tradição do campo da formação voltada para o serviço.”

Educação básica interfere na pós-graduação
Sobre a avaliação, explicou que é feita por comissões específicas, compostas com participação equilibrada de docentes doutores, profissionais e técnicos dos setores específicos. Também comentou o crescimento dos titulados em saúde coletiva no MP, com 61 titulações em 2006 e, aproximadamente, 250 em 2010. Para acompanhar seu crescimento, porém, é preciso investir em um dos maiores desafios do país, a educação básica. “Segundo estudo da Academia Brasileira de Ciências, aos 25 anos - idade em que teoricamente o estudante brasileiro poderia ingressar na pós-graduação - apenas 15% dessa parcela da população estuda e trabalha. O número de cursos tem evoluído muito mais do que a população supostamente apta a ingressar na pós. Se o modelo persistir, teremos a falência da pós-graduação”, admitiu Lívio Amaral.
O critério de avaliação dos mestrados profissionais foi mais aprofundado na mesa seguinte, que reuniu os coordenadores de quatro áreas da Capes – Pedro Geraldo Pascutti (Interdisciplinar), Rita de Cássia Barradas Barata (Saúde Coletiva), Leda Quércia Vieira (Ciências Biológicas II) e Carlos Frederico de Oliveira Graeff (Materiais) –, que discorreram sobre os métodos de avaliação e incompreensões acerca do MP.
Avaliação da Capes
Pedro Pascutti afirmou que o mestrado acadêmico se beneficia do profissional e vice-versa, mas admitiu que a criação de comissões específicas distintas para avaliar cada curso é positiva. Já a coordenadora da área de Saúde Coletiva destacou o fim da resistência ao MP em algumas instituições brasileiras. Ela também comentou os critérios de avaliação da qualidade dos cursos, em que cabe à Capes tratar da aprovação de novos cursos de mestrado profissional, da avaliação anual e trienal, assim como já é feito com os cursos de mestrado acadêmico e doutorado. “Não há sentido criar uma estrutura meramente paralela para avaliação do MP. Ele precisa ser de acordo com as regras da Capes”, afirmou. Os coordenadores Leda Vieira e Carlos Graeff destacaram a especificidade do MP na formação de profissionais com mestrado para atuar em pesquisa e desenvolvimento no setor produtivo e no setor de serviços. Além disso, enfatizaram a necessidade de manter a formação básico-teórica dos alunos no MP.
Pesquisador e coordenador dos cursos de mestrado profissional da ENSP, Sérgio Pacheco apresentou os dez cursos da Escola e seu impacto na pós-graduação. “Na perspectiva da ampliação da oferta, o mestrado profissional acabou se tornando uma importante variável-chave, tanto pelas mudanças qualitativas que tem induzido no processo de reorganização da pós-graduação como pelo seu impacto quantitativo. Com relação às mudanças qualitativas, elas se encontram associadas aos próprios objetivos desses cursos na ENSP, que inclui, em particular, a qualificação de profissionais oriundos de instituições governamentais (municipais, estaduais e federais) comprometidos com processos dinâmicos de transformação institucional e de inovação gerencial.”

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1 comentáriosROSANE DA SILVA ALVES CUNHA
30/08/2012 22:38
Olá !
Fico muito feliz que a FIOCRUZ esteja em seu dia a dia melhorando a demanda de cursos ,e assim estimulando aqueles que não podem frequentar os cursos presenciais. A modalidade EAD abre portas, e os cursos MP, preencherão uma lacuna, pois aqueles que tem a intenção de realizar um curso de mestrado e moram longe dos grandes centros onde são oferecidos estes cursos , podem agora ,com a quebra do mito , que estes cursos não tem o mesmo valor que os presenciais, nas instituições. Sei , que o caminho é longo, pois adaptar a dinâmica do dia a dia aos estudos, pesquisas ainda não faz parte do cotidiano da maioria dos profissionais, e os olhares , ainda não são os melhores, para esta modalidade de curso. Mas, com o tempo, que não seja longo, este mito será ultrapassado , e como aconteceu com as especializações lato sensu, também com a stricto sensu será vencido.
Com carinho. Rosane
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