Marco histórico: paciente com tuberculose resistente inicia primeiro tratamento com Pretomanida no Hélio Fraga
*Por Tatiane Vargas, com a colaboração de Paulo Victor Vianna.
O Sistema Único de Saúde deu um passo histórico no enfrentamento à tuberculose resistente com a administração do primeiro tratamento com Pretomanida no Centro de Referência Professor Hélio Fraga, da ENSP/Fiocruz, no último dia 18 de fevereiro. O novo medicamento, incorporado recentemente pelo Ministério da Saúde, representa um avanço significativo na luta pela eliminação da tuberculose como problema de saúde pública até 2030.
A Pretomanida, um antibiótico oral inovador, faz parte dos esquemas encurtados BPaL (Bedaquilina, Pretomanida e Linezolida) e BPaLM (Bedaquilina, Pretomanida, Linezolida e Moxifloxacino). Com esse novo regime terapêutico, o tempo de tratamento da tuberculose multirresistente (TBMDR) foi reduzido drasticamente de 18 para apenas 6 meses, aumentando as chances de adesão e sucesso terapêutico dos pacientes.
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De acordo com Paulo Victor Viana, chefe do Centro de Referência Professor Hélio Fraga, o novo esquema oferece vantagens significativas em comparação aos tratamentos tradicionais. "A Pretomanida é administrada via oral e apresenta menos efeitos colaterais, tornando o tratamento mais tolerável para os pacientes. Essa inovação melhora a adesão ao tratamento e a qualidade de vida dos indivíduos em tratamento", explicou.
O Ministério da Saúde, ao concluir o processo de aquisição da Pretomanida, autorizou seu uso no Brasil para o tratamento de casos de tuberculose resistente à Rifampicina (TBRR), tuberculose multirresistente (TBMDR) e tuberculose pré-resistência extensiva (pré-XDR). Essa medida faz parte da estratégia nacional de combate à tuberculose, com foco na ampliação do acesso a tratamentos mais eficazes e menos tóxicos.
Como parte da implementação do novo medicamento, a Coordenação Geral de Vigilância da Tuberculose, Micoses Endêmicas e Micobactérias não Tuberculosas realizou, em 5 de dezembro de 2024, um Webinário sobre a incorporação da Pretomanida e o início do uso do esquema BPaL no Brasil. O evento contou com a participação de dois pesquisadores do CRPHF, Margareth Dalcolmo e Jorge Rocha, referências nacionais e internacionais na temática.
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Em janeiro de 2025, foi publicada a Nota Informativa Nº 1/2025-CGTM/DATHI/SVSA/MS, atualizando as recomendações de tratamento da tuberculose drogarresistente e autorizando o uso da Pretomanida nas unidades de referência em tuberculose. Após adequação dos fluxos assistenciais, treinamento das equipes e ajustes nos formulários de notificação, o CRPHF notificou, em 18 de fevereiro de 2025, o primeiro paciente a iniciar o tratamento com Pretomanida.
O novo esquema de tratamento requer um acompanhamento rigoroso para garantir a eficácia terapêutica e a segurança do paciente. "O Tratamento Diretamente Observado (TDO), realizado em parceria com a Atenção Primária, será fundamental para garantir a adesão dos pacientes. Além disso, a equipe assistencial realizará o monitoramento contínuo, incluindo: avaliações clínicas regulares; exames laboratoriais (hemograma e bioquímica); controle da função visual e neurológica periférica; eletrocardiograma para monitoramento cardíaco; e exames bacteriológicos mensais para avaliação da evolução do tratamento", descreveu Jorge Rocha, médico e chefe do ambulatório do Hélio Fraga.
A chegada da Pretomanida ao Brasil representa um marco histórico na luta contra a tuberculose resistente. Com tratamentos mais curtos, seguros e eficazes, o país avança rumo à meta de eliminação da doença até 2030, conforme previsto pela Organização Mundial da Saúde (OMS). "Este momento reforça o compromisso do Ministério da Saúde, da ENSP/Fiocruz e das unidades de referência em tuberculose em oferecer aos pacientes brasileiros o que há de mais inovador no tratamento da doença, garantindo um SUS cada vez mais eficiente e acessível", celebrou o chefe do Centro de Referência.
*Texto com colaboração do pesquisador do CRPHF/ENSP/Fiocruz, Paulo Victor Viana.
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