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Elsa-Brasil apresenta série com dados sobre o Cenário da Covid-19

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Publicado em:07/12/2021

Por Tatiane Vargas

Pesquisa revela dados sobre repercussão da pandemia na saúde mental das mulheres, aumento do consumo de álcool durante o distanciamento social, e sobrecarga de trabalho durante a pandemia.

O Estudo Longitudinal da Saúde do Adulto (Elsa-Brasil) lançou a série ‘Cenários da Covid-19’. São três infográficos com os resultados preliminares da pesquisa que avalia o impacto da pandemia da Covid-19 sobre a saúde dos participantes. A pesquisa ouviu mais de 5000 mil pessoas, distribuídas em cinco centros de investigação do Elsa, entre eles, os servidores da Fiocruz. 

A pesquisa permitirá avaliar os efeitos do distanciamento social na redução da morbimortalidade específica da Covid-19 e seus efeitos no agravamento de fatores de risco e manejo de doenças crônicas. "Vamos estudar o impacto da Covid-19 e das medidas de controle, para subsidiar o debate sobre o controle da doença, informando os prós e contras, visando aprimorar o manejo das DCNT e seus fatores de risco, bem com a preservação da saúde mental da população nesta e em futuras epidemias”, explicou a coordenadora do Elsa na Fiocruz, Rosane Griep.

Impactos da pandemia: Mulheres relatam sintomas de depressão, ansiedade e estresse

Nos três infográficos o perfil predominante dos respondentes foi de mulheres, pessoas com mais de 55 anos, e pessoas casadas ou vivendo em união estável. O primeiro infográfico alerta sobre como a pandemia repercutiu significativamente na saúde mental dos servidores, sobretudo das mulheres. Durante o distanciamento social, 24% delas apresentaram sintomas de depressão, 20% enfrentaram ansiedade e 17% alegaram estresse.

“Os estudos reconhecem a maior vulnerabilidade feminina em relação aos desfechos de saúde mental. No entanto, as pesquisam apontam níveis de sofrimento aumentados durante a pandemia, sobretudo pelo medo de adoecimento, angústia de permanecer em casa, e evitando o contado com outras pessoas, sejam elas familiares ou amigos. Além disso, muitas pessoas sofreram perdas ou vivenciaram situações de agravamento e internações próprias, de familiares ou pessoas queridas", citou Rosane.

Confira, abaixo, o primeiro infográfico da série “Cenários da Covid-19”: Clique aqui para ampliar

Legenda: A publicação também apresenta dados sobre a adesão ao distanciamento social; realização de testagem para Covid-19; adoção de medidas de proteção; dificuldades relacionadas aos cuidados em saúde; e impacto econômico. 

Consumo de álcool e qualidade do sono

O aumento do consumo de álcool e a má qualidade do sono foram revelados no segundo infográfico da série. O consumo diário de bebidas alcoólicas (vinho, cerveja e destilados) subiu significativamente durante o distanciamento social. Em relação à qualidade do sono, aproximadamente 30% das mulheres entrevistadas reportaram dificuldades para dormir nas últimas 30 noites.

A também coordenadora do Elsa- Brasil, Maria Fonseca, lembrou que pesquisas têm evidenciado aumento no consumo de álcool e piora da qualidade do sono, e esse crescimento pode estar associado a diversos fatores. Segundo ela, a pandemia tem gerado muitas situações de estresse, apontadas como fator desencadeante para esse aumento e também para o surgimento de sintomas como a insônia, que podem surgir ou piorar em um cenário como esse.

"A insônia também pode ser um fator de estimulo para o aumento da ingestão de álcool. Os problemas de sono atingem os sexos de maneira diferente, no entanto, a maior frequência em mulheres pode não ser apenas uma questão biológica, mas também emocional. Com a pandemia, as mulheres acumularam funções, o que pode gerar sobrecarga e motivar a piora na qualidade do sono", detalhou ela. 

Confira, abaixo, o segundo infográfico da série “Cenários da Covid-19 – Estilo de Vida”: Clique aqui para ampliar. 

Legenda: Tabagismo; alimentação; comportamento sedentário e atividade física, foram apresentados no infográfico “Cenários da Covid-19: Estilos de Vida”. 

Trabalho em casa e tarefas domésticas: maioria das mulheres aponta sobrecarga de trabalho na pandemia 

O terceiro infográfico da série “Cenários da Covid-19” mostra como realizar as tarefas de trabalho em casa afeta de maneira diferente mulheres e homens. As mulheres realizaram - em média - 4 horas a mais de trabalho doméstico do que os homens. A pesquisa revelou também, que 48% dos participantes considerou que as atividades profissionais dentro de casa foram maiores que o de costume.

Para a coordenação da pesquisa, as medidas de distanciamento social resultaram em uma situação completamente inusitada, com impactos sobre a organização do trabalho e a vida dos trabalhadores. Para parte dos trabalhadores do Elsa, por exemplo, trabalhar em casa foi necessário e obrigatório.

"Sem preparo prévio, se passou a lidar com o cuidado da casa e dos filhos no mesmo espaço das atividades do trabalho, com limites confusos de tempo e espaço entre as atribuições. Essa nova configuração gerou alta carga de estresse, sobretudo entre as mulheres. Mesmo que os homens tenham participado mais das tarefas domésticas, a sobrecarga das tarefas domésticas e cuidados com a família ainda recaem sobre as mulheres, lamentou Rosane.

Segundo ela, a desigualdade de gênero implica que mulheres tenham a maior responsabilidade sobre o trabalho doméstico e das atividades não-remuneradas, produzindo acúmulo com as atividades profissionais e sobrecarga maior comparadas aos homens. "As mulheres podem estar mais expostas a elevadas cargas físicas e mentais de trabalho, gerando estresse crônico e comportamentos de saúde menos saudáveis”, advertiu.

Confira, abaixo, o terceiro infográfico da série “Cenários da Covid-19”: Clique aqui para ampliar.


Legenda: O último infográfico alerta sobre as dificuldades para administração das rotinas com o home office; o aumento do tempo dedicado ao trabalho doméstico durante o trabalho em casa; os anseios dos trabalhadores dos serviços de saúde em relação ao diagnóstico e transmissão da doença; e a prática de atividades de bem-estar durante o isolamento social.

Quarta Onda do Elsa-Brasil

A Quarta Onda do Elsa-Brasil, planejada para 2022, prevê a atualização das informações sobre a saúde dos participantes e pretende estudar a relação entre a pandemia e as doenças crônicas não transmissíveis, particularmente as doenças cardiovasculares, o diabetes e os transtornos mentais.

Leia mais sobre o Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto em: www.elsa.org.br


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