Coiab e Fiocruz realizam oficina "Incêndios florestais na Amazônia: uma ameaça aos povos indígenas"
Preocupada com os impactos que as queimadas causam na vida dos povos indígenas, a Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab) e Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca da Fundação Oswaldo Cruz (ENSP/Fiocruz) realizam a oficina “Incêndios florestais na Amazônia: uma ameaça aos povos indígenas”. O evento aconteceu de 18 a 20 de novembro, nas margens do rio Tarumã, na cidade de Manaus, estado do Amazonas. O encontro reuniu participantes de nove povos da Amazônia (Tukano, Krikati, Karipuna, Waura, Shanenawa, Xerente, Amondawa, Jiahui e Wapichana). A pesquisadora Sandra Hacon, da ENSP/Fiocruz, foi uma das coordenadoras da atividade.

O evento faz parte do projeto “Incêndios florestais uma ameaça para a saúde respiratória dos povos indígenas: Estudo integrado de saúde e ambiente na Amazônia brasileira”, uma parceria da Coiab e Fiocruz, que prevê diversos estudos, entre os quais eles a modelagem sobre a quantidade de particulados emitidos; relação entre fogo e notificações de registros de doentes por problema respiratório no DATASUS e; a percepção dos povos sobre o problema.
“Esse projeto, além de trazer o empoderamento dos indígenas sobre o tema, permitirá desenvolver indicadores para melhorar a qualidade de vida deles e auxiliar na criação de regulamentações aos gestores de saúde”,relatou Ananda Santa Rosa, consultora técnica da Coiab e também uma das organizadoras do evento.
A programação do encontro conta com debates amplos e diversos sobre o tema, como:a transição epidemiológica e a saúde dos povos indígenas, apresentação do mapeamento realizado pelos indígenas multiplicadores, apresentação da caracterização do território, atenção à saúde básica, saúde respiratória indígena com foco na pneumonia, biodiversidade , mudanças climáticas, Importância do fogo para os povos indígenas e os usos diversos, manejo integrado do fogo e os dados de queimadas. As palestras ocorrem tanto no formato presencial como virtual, com participação de especialistas indígenas e não indígenas.
A supervisora dos multiplicadores indígenas do projeto, Luene Karipuna, destacou a importância em trazer as experiências dos povos indígenas para essa formação.
“Essa formação é muito importante, traz informações necessárias para nossos povos. Viemos discutir sobre os impactos dentro dos territórios na questão das queimadas, mas também falamos de saúde. Nada melhor do que nós para falar sobre nossos territórios, nós sabemos o que está acontecendo”, finalizou Luene.
A especialista de saúde pública e meio ambiente da Fiocruz e também uma das coordenadoras do evento, Sandra Hacon, falou sobre como surgiu o projeto e a importância da participação direta dos povos indígenas na construção desse diagnóstico.
As discussões no encontro contam com relatos das vivências dos multiplicadores indígenas, que trouxeram para o espaço dados de seus territórios em relação à saúde , queimadas e outros problemas que afetam diretamente suas aldeias.
“Nossos territórios estão muito afetados com as mudanças climáticas, estamos discutindo sobre nossas vivências aqui. É necessário entender como as queimadas afetam nossa saúde. Somos multiplicadores dessa discussão, viemos mostrar os dados de nossos territórios, na educação, na medicina e os atuais problemas que enfrentamos”, declarou Wasa Nawa, do povo Shanenawa, do estado do Acre, Terra Indígena Katukina Kaxinawá.
*Fonte: Ascom Coiab
*Fonte: Ascom Coiab
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