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CSHS 2023: oficina propõe integração entre modelos de cuidado em saúde

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Publicado em:31/10/2023
Promover um encontro de saberes entre a medicina indígena e outros modelos de cuidado em saúde com a medicina científica e o SUS foi o principal objetivo do minicurso “Corpo e cuidado em saúde na cosmovisão indígena do Alto Rio Negro: contribuições para a Saúde Coletiva”, realizada nesta terça-feira, dia 31/10, no 9º Congresso Brasileiro de Ciências Sociais e Humanas em Saúde, que acontece em Recife (PE). A atividade proposta pela Universidade Federal Fluminense e o Núcleo Ecologias, Epistemologias e Promoção Emancipatória da Saúde da ENSP/Fiocruz recebeu o professor e doutor em Antropologia pela Universidade Federal do Amazonas (Ufam) João Paulo Lima Barreto, da etnia Yepamahsã (Tukano), que propôs uma reflexão sobre o livro “O mundo em mim: uma teoria indígena e os cuidados sobre o corpo no Alto Rio Negro”, resultado de sua tese de doutorado.


De acordo com professora da UFF Marilene Cabral do Nascimento, proponente e coordenadora do curso, a iniciativa ampliou a discussão sobre outros modelos de cuidado em saúde para além da esfera da antropologia, além de ter ampliado o diálogo com a saúde coletiva. “A proposta foi abrirmos esse espeço dentro da área da saúde coletiva e refletirmos sobre a relação entre a medicina indígena e o SUS. Queremos entender como se dá essa relação e quais perspectivas de avanço podemos ter. Como o João falou, trata-se de uma medicina, de um sistema médico complexo, e não só para indígenas”, admitiu.

Durante o curso, o professor falou sobre a sua trajetória da comunidade à universidade e, junto com os mais de 20 inscritos, propôs reflexões sobre processo de colonização, desqualificação e apagamento da cultura indígena, resistência e resiliência de comunidades tradicionais. João Tukano falou sobre tecnologias de cuidados de saúde e cura como a reza, o benzimento, o tratamento com plantas medicinais e práticas sociais, métodos que exigem um preparo especial da alimentação, do corpo e do ambiente. “Existe, sim, um sistema de saúde indígena. Existem, sim, especialistas”, reforçou o convidado.

“João Paulo Tukano é um dos principais intelectuais orgânicos indígenas, que defende a medicina indígena, seu o reconhecimento e o diálogo com a biomedicina e a medicina cientifica. isso é fundamental para o encontro dos saberes e para uma forma respeitosa de pensar em um outro tipo de e sociedade, de relação com a natureza e com a saúde”, afirmou o coordenador do Neepes/ENSP, Marcelo Firpo.


No final do primeiro turno do curso, o convidado falou sobre a expectativa em relação à atividade. “Estou aqui para compartilhar que existe um outro modelo de cuidado em saúde: o indígena, o afro-brasileiro, o quilombola e a própria medicina em si. Temos vários modelos de cuidado da saúde e de conhecimento”, completou.

João Paulo Lima Barreto 

Nasceu na Corredeira do Rouxinol, local conhecido como comunidade São Domingos Sávio, no Rio Tiquié, Alto Rio Negro, município de São Gabriel da Cachoeira (AM). Indígena do povo Ye’pamahsã, mais conhecido como Tukano. 

É graduado em Filosofia e Doutor em Antropologia Social pela Universidade Federal do Amazonas, pesquisador do Núcleo de Estudos da Amazonia Indígena, fundador do Centro de Medicina Indígena Bahserikowi, Membro do Science Panel for the Amazon da Academia Brasileira de Ciência, do Comitê Científico Sou Ciências e da Organización del Tratado de Cooperación Amazónica, Coordenador do Fórum Povos da Rede Unida, professor e consultor.


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