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ENSP 60+: no Dia da Pessoa Idosa, Escola propõe ações sobre envelhecimento e diversidade

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Publicado em:30/09/2025
Por Bruna Abinara e Barbara Souza

Neste Dia Internacional da Pessoa Idosa, celebrado em 1º de outubro, a Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca inaugura a campanha ENSP 60+, ainda mais diversa. Promover o debate e fomentar ações destinadas a essa faixa etária em toda a sua pluralidade é fundamental para assegurar os direitos humanos e garantir a dignidade das pessoas ao longo da vida. Para dar início à iniciativa, a ENSP produziu um vídeo sobre o que é ser, viver e participar ativamente na sociedade durante o envelhecimento. Ao introduzir o tema no âmbito das pautas sobre diversidade e inclusão na Escola, a gravação publicada nas redes sociais conta com quatro pessoas idosas, pesquisadoras e membros da nossa comunidade, em diferentes momentos do envelhecer.

Maria Helena Barros, José Aroldo, Cecília Minayo e Vicente de Jesus participam de vídeo sobre envelhecimento nas redes sociais da ENSP

Aos 70 anos, a chefe do Departamento de Direitos Humanos, Saúde e Diversidade Cultural (Dihs) da ENSP, Maria Helena Barros, relata o que acredita ser envelhecer com dignidade. Já a pesquisadora emérita da ENSP/Fiocruz Cecília Minayo, do Departamento de Estudos sobre Violência e Saúde Jorge Careli (Claves), conta sua experiência de continuar trabalhando na academia aos 87 anos. As duas têm atuação intensa em suas áreas, liderando pesquisas inclusive ligadas às questões do envelhecimento. Também no vídeo, o morador de Manguinhos José Aroldo de Oliveira, um homem cego de 61 anos, dá um recado e dicas para os jovens sobre o processo de envelhecer. Já Vicente de Jesus Siqueira, morador do Amorim, também em Manguinhos, compartilha que teve a chance de concluir o Ensino Médio aos 78 anos. Ambos se exercitam na academia do Programa Academia Carioca, localizada no campus da Fiocruz, bem ao lado da ENSP. 
 
 
A Organização das Nações Unidas (ONU) declarou a década de 2021 a 2030 como a ‘Década do Envelhecimento Saudável’, um período para reunir esforços e ações para melhorar a vida das pessoas idosas, das suas famílias e das suas comunidades. É neste contexto que se inserem as iniciativas da ENSP, como forma de fortalecer a discussão e ampliar a percepção sobre o processo de envelhecer. Segundo a pesquisadora do Dihs/ENSP Patrícia da Silva Von Der Way, que tem se dedicado ao tema ‘Envelhecimento, Gênero e interseccionalidades’, é possível avançar ainda mais com uma abordagem interseccional a partir da entrada da temática na oferta de oficinas, cursos, disciplinas e como um dos pilares de diversidade na instituição.


“O envelhecimento ocorre com todas as pessoas que estão na vida há mais tempo e, por vezes, essa faixa etária e suas demandas estão invisibilizadas. A nossa contribuição é fomentar a discussão e consolidar na ENSP o envelhecimento e as pessoas idosas como um pilar da diversidade, da inclusão e da acessibilidade junto com os demais grupos sociais, contribuindo para uma sociedade mais equitativa para todas as idades”, pontua a coordenadora-geral de Pós-Graduação Lato Sensu e Qualificação Profissional em Saúde.

A Escola já desenvolve ações de Ensino e Pesquisa na temática do envelhecimento, atenta às políticas públicas e à participação dos profissionais que envelhecem, dos movimentos sociais e da comunidade. Como exemplo de ações recentes, Way cita a publicação do capítulo Envelhecimento na perspectiva dos direitos humanos: quem tem o direito de envelhecer?, de sua autoria, no livro Direitos humanos e saúde: refletindo sobre as dores e esperanças (2024), uma produção do Dihs/ENSP disponível em acesso aberto. Além disso, em 2020, a desembargadora Andréa Pachá, egressa do Mestrado Profissional em Direitos Humanos, Justiça e Saúde, da ENSP, defendeu a dissertação “Autonomia do idoso como direito fundamental à dignidade nos processos de curatela”. A magistrada também é autora da obra Velhos são os outros (2018).


A OMS e o Estatuto do Idoso no Brasil estabelecem a idade de 60 anos como o marcador para a identificação da pessoa idosa. Porém, Way ressalta que o envelhecer não é homogêneo: “A idade cronológica de 60 anos coloca as pessoas em um mesmo grupo, mas quem somos e nos tornamos a partir dos 60+, 70+, 80+ em diante é diverso”. Assim, a pesquisadora defende a adoção de uma perspectiva interseccional para compreender como as categorias de identidade de gênero, raça, classe, orientação sexual, origem geográfica, deficiência e determinantes sociais da saúde impactam o envelhecimento.

“Já sabemos pelos dados do último Censo (IBGE, 2022) que, em termos de gênero, as mulheres têm maior longevidade. No entanto, a falta de análises interseccionais nos dificulta compreender a diversidade dentro do grupo de mulheres. Como envelhecem as mulheres quando conjugadas múltiplas categorias, por exemplo, raça, classe, orientação sexual, pessoas com deficiência?”, questionou.

A lente interseccional possibilita ainda perceber que as pessoas idosas são um grupo social em estado de vulnerabilidade, explica a pesquisadora. Os idosos são vítimas de múltiplas discriminações, como o etarismo e/ou idadismo, assim como de violência física e patrimonial, além de sofrerem com processos de exclusão do mundo digital. “É necessário discutir o envelhecimento dentro das pautas dos grupos sociais em estado de vulnerabilidade atuando de forma transversal como ocorreu na Parada do Orgulho LGBT+ de São Paulo (2025), cujo tema foi o ‘Envelhecer LGBT+: Memória, Resistência e Futuro’”, exemplificou a coordenadora.


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