O que você precisa saber sobre a transmissão do novo coronavírus pelo ar?
Por Danielle Monteiro
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Mas como se dá essa possível transmissão apontada pelos especialistas? E, com base nessa suspeita levantada, o que pode mudar em relação às medidas de proteção em estabelecimentos públicos? Veja abaixo:
Como ocorre a transmissão via aérea do novo coronavírus?
Até então, as autoridades de saúde admitiam a transmissão via aérea do novo coronavírus somente através de gotículas maiores, com aproximadamente 500 micrômetros de diâmetro, eliminadas pela tosse ou espirro. Essas partículas líquidas expelidas, que podem atingir uma distância de até 2 metros, caem e se alojam em superfícies. Porém, na carta aberta, publicada em 6 de julho no periódico Clinical Infectious Diseases, os pesquisadores alertam para a possibilidade de transmissão também por microgotículas expelidas pela fala, tosse ou espirro. Com tamanho inferior a 5 micrômetros, elas podem flutuar no ar e percorrer longas distâncias, a tempo de serem inaladas por outra pessoa. “Por serem muito menores, elas podem permanecer no ar por mais tempo, tornando a infecção mais fácil”, explica a pneumologista da ENSP Patricia Canto.
Essas pequenas partículas são chamadas de aerossóis. O nome não é tão estranho para quem acompanhou as notícias sobre a batalha dos profissionais de saúde contra a pandemia. Muitos médicos e enfermeiros acabaram sendo infectados durante a realização de procedimentos geradores de grandes quantidades de aerossóis, como intubação, manipulação de vias aéreas de pacientes e colocação de sondas. “Já sabíamos que essa forma de transmissão era significativa em ambientes hospitalares. Ainda não se sabe, ao certo, qual é o potencial da transmissão via microgotículas no ar para a população de modo geral, mas há indícios de que exista, sim, essa possibilidade. Estamos no aguardo de mais estudos”, afirma Patricia.
Baseadas em pesquisas anteriores com outros coronavírus e também em um estudo de caso ocorrido em um restaurante na China, as evidências apontadas na carta aberta explicariam a rapidez com que o vírus se espalhou em todo o mundo. Diante dos achados, o documento, assinado por 239 especialistas de 32 países, recomenda que a Organização Mundial da Saúde (OMS) e demais autoridades de saúde alterem os protocolos de contenção do vírus, principalmente no que se refere a medidas de proteção em locais fechados. Por sua vez, a OMS garantiu que vai revisar as evidências, a fim de averiguar se a transmissão via microgotículas suspensas no ar é, de fato, uma forma significativa de contágio da Covid-19.
Como fica a circulação de pessoas em transportes públicos e estabelecimentos fechados?
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Por isso, cuidados com a renovação do ar em lugares como shoppings, restaurantes e lojas precisam ser redobrados. “Medidas como troca dos filtros de ar, uso de sistemas de renovação de ar a uma determinada frequência e utilização de filtros especiais ajudam a minimizar o risco de transmissão do vírus”, afirma a pneumologista.
Nos transportes públicos, a proteção dos passageiros também não pode ser deixada de lado, segundo Patricia. “O ideal é que os ônibus circulem com as janelas abertas e sem ar condicionado, pois, neles, há maior proximidade entre as pessoas, principalmente nas grandes cidades”, recomenda.
Já em lugares abertos, como parques e praças, segundo a pneumologista, o risco de transmissão do vírus pelo ar é menor, graças às correntes de vento, que permitem maior dispersão das gotículas, e à presença de luz solar, que contribui para a eliminação do vírus.
O que fazer para se proteger?
Diante das novas evidências, como a população pode se proteger? “Evitar passar muito tempo em ambientes fechados e sempre manter janelas e portas abertas são algumas das medidas que minimizam o risco de transmissão”, responde Patricia. A pneumologista também reforça que o uso de máscara, a higienização frequente das mãos, a utilização de álcool em gel e o respeito ao distanciamento social também são fundamentais. “Se precisar ir ao shopping, vá rapidamente e adote todas as medidas de proteção, inclusive o uso de máscara”, recomenda a pneumologista.
Na luta contra o novo coronavírus, além de cuidar de si, é preciso também pensar no outro, lembra a médica: “É importante as pessoas se conscientizarem de que não devem ir a ambientes fechados se tiverem sintomas respiratórios, mesmo que leves, como espirros, febre baixa e dor no corpo, pois, neste momento de pandemia, é preciso considerar que todo sintoma respiratório pode estar relacionado à Covid-19.”
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