Pesquisadores avaliam disponibilidade de leitos de UTI no contexto da epidemia de coronavírus

Imagem de capa: Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente (IBSP)
A nota técnica visa contribuir para o planejamento das decisões de alocação de recursos públicos e coordenação administrativa para a expansão da oferta de leitos em Unidades de Terapia Intensiva (UTI) no contexto da epidemia associada ao novo coronavírus no Brasil.
Segundo os pesquisadores, duas conclusões relevantes podem ser derivadas das evidências. A primeira é a esperada existência de elevada disparidade regional e na relação Capital/Interior na disponibilidade de leitos de UTI, que precisa ser rapidamente superada em qualquer decisão de alocação de recursos anunciada pelo Ministério da Saúde, segundo os autores do estudo.
A segunda conclusão é sobre constatar a condição de colapso na disponibilidade de UTI na maioria dos estados da Federação, quando considerada a taxa de ocupação de 85% dos leitos, taxa verificada em dezembro de 2019. "Quando analisados apenas os dados de oferta de leitos de UTI pelo SUS, todos os estados se encontravam completamente colapsados na disponibilidade de leitos de UTI quando considerada a taxa de ocupação de 85%", registra a nota técnica. Por isso, os pesquisadores apontam que "a condição torna imperativa a cooperação do Ministério da Saúde com os governos estaduais e prefeitos das grandes cidades na urgente ampliação da infraestrutura hospitalar exigida pela epidemia da Covid-19".
Os autores apontam, tambem, que a utilização de vagas na UTI ocorre por critérios distintos nos dois subsistemas, público e privado, já nas condições anteriores ao contexto da epidemia do novo coronavírus no país. "A utilização das vagas na UTI ocorre por critérios substancialmente distintos nos dois subsistemas. Enquanto, no SUS, as internações ocorrem muitas vezes de forma tardia, com o paciente fora do tempo ideal para cuidados intensivos (isso acontece pela falta de vagas), no sistema privado suplementar, ao contrário, com frequência, há o excesso de encaminhamentos à UTI, onde a diária paga pelo plano de saúde é elevada, ampliando a receita da unidade hospitalar", registram os autores.
"Muitos pacientes internados no SUS permanecem por longos períodos na UTI porque não há retaguarda para cuidados paliativos e tratamento domiciliar, o que impede disponibilidade de leitos. No sistema privado, quando não há mais indicação terapêutica (paciente crônico dependente de aparelhos), as empresas de planos de saúde simplesmente interrompem o pagamento das diárias obrigando a alta do paciente e a demanda por internação no SUS", alertam.
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