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Dia Mundial de Luta contra a AIDS: Projeto da ENSP 'A Hora é Agora' inicia segunda fase e disponibiliza resultados

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Publicado em:01/12/2021
Nesta quarta-feira, dia 1 de dezembro, é celebrado o Dia Mundial de Combate à AIDS. Segundo a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) a data tem como objetivo apoiar as pessoas envolvidas na luta contra o HIV e melhorar a compreensão do vírus como um problema de saúde pública global. Esse ano, o tema escolhido pela organização é Acabe com as desigualdades: Acabe com a AIDS. Acabe com a Pandemia. Um projeto, que conta com a participação da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP/Fiocruz), luta diariamente para combater a doença. 

Uma das ações da Escola é o projeto  A Hora é Agora, que faz parte de um Acordo de Cooperação entre a Escola, a Fundação para o Desenvolvimento Científico e Tecnológico em Saúde (Fiotec) e os Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos da América (CDC), com recursos do Plano de Emergência do Presidente dos EUA para Alívio da Aids (PEPFAR).

Criado em 2014, no município de Curitiba, a primeira fase do projeto teve como objetivo a expansão da testagem rápida e gratuita anti-HIV entre uma das populações mais vulneráveis à infecção, como os jovens gays e outros homens que fazem sexo com homens (HSH), além de fortalecer a vinculação dos casos positivos para o HIV com os serviços de saúde de referência em Curitiba, chamada de linkagem. É o que explica a coordenadora do projeto, Vanda Cota. “O linkador é um membro da equipe do A Hora é Agora que auxilia os usuários com resultados reagentes para o HIV a fim de dar início ao tratamento em serviços de saúde pública da Atenção Primária”, explica a coordenadora. 

Nesse primeiro momento, o projeto oferecia testes rápidos de punção digital em uma unidade móvel (trailer) posicionada em local estratégico (proximidade a zonas de sociabilidade) frequentado pelo público alvo; uma ONG (Grupo Dignidade) de atendimento a lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais (LGBT);  uma unidade de saúde pública – Centro de Orientação e Aconselhamento (COA); e incorporação da testagem do HIV no Consultório na Rua de Curitiba. Além disso, com o apoio de uma plataforma virtual (https://www.ahoraeagora.org/), denominada e-testing, a população chave do projeto (HSH) podia receber o teste de fluido oral em domicílio ou retirar na farmácia popular do Ministério da Saúde para realização do auto teste. 

A segunda fase começou no ano de 2019, também em Curitiba. Nessa nova etapa, o objetivo era implantar e avaliar a detecção, prevenção e o tratamento oportuno do HIV e outras Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) para homens gays, outros homens que fazem sexo com homens e mulheres trans e travestis na cidade, por meio da Clínica e-COA, lançada pelo projeto. “A clínica possui uma abordagem integral para a testagem do HIV/Aids e outras Infecções Sexualmente Transmissíveis e a vinculação com a assistência para homens que fazem sexo com homens, podendo, assim, impactar ainda mais no controle da epidemia de IST/HIV/Aids em Curitiba, garantindo acesso à população em horários alternativos (das 17h as 22h)”, salientou Vanda. 

Os resultados foram tão promissores na cidade que o A Hora é Agora começou a ser ampliada para outros municípios, como Campo Grande (MT) e Florianópolis (SC), no ano de 2019, tendo como foco a “distribuição do autoteste, por meio dos Correios e armários digitais dispensadores (por meio de um código, o usuário vai no local onde o armário está e retira o seu kit, de forma anônima, sem contato com qualquer pessoa), assim como o apoio ao Centro de Testagem e Aconselhamento de Campo Grande (CTA) e às Policlínicas Norte, Sul, Centro e Continente, de Florianópolis. A população-chave foi ampliada para mulheres trans/travestis e trabalhadoras e trabalhadores do sexo.”

Em setembro desse ano, o A Hora é Agora foi lançado em Porto Alegre (RS), com apoio ao Centro de Saúde Murialdo. “Os objetivos da segunda fase do projeto nos quatro municípios são a prevenção e diagnóstico por meio de testagem regular para o HIV e outras IST; Profilaxia Pré-Exposição Sexual (PrEP); Profilaxia Pós-Exposição Sexual (PEP); notificação de parceiros (index testing);  tratamento imediato do HIV, IST e infecções oportunistas com suporte de linkadores; e busca ativa de usuários em abandono de tratamento”, salientou a coordenadora sobre essa nova fase do projeto. 

O A Hora é Agora também teve uma breve passagem pela cidade de São Paulo, intitulada A Hora é Agora-SP: avaliação da logística de distribuição do autoteste para HIV para homens que fazem sexo com homens (HSH) vivendo na cidade de São Paulo- SP. O objetivo da pesquisa foi avaliar a implantação da logística de distribuição do autoteste do HIV em amostra de fluído oral, quando ofertado a homens que fazem sexo com homens (HSH), residentes em áreas selecionadas na cidade de São Paulo. Como objetivo secundário da pesquisa, pretendeu-se comparar diferentes estratégias de distribuição dos kits de autotestagem em relação ao perfil sociodemográfico dos sujeitos e a proporção de HSH que realizam testagem anti-HIV pela primeira vez, entre os participantes que captam o autoteste anti-HIV. (O link para acessar os resultados da pesquisa estão no final da matéria. )

A segunda fase do projeto  A Hora é Agora é uma parceria com o Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis (DCCI) do Ministério da Saúde, com a Secretaria Municipal da Saúde de Curitiba, a Secretaria Municipal da Saúde de Campo Grande, a Secretaria Municipal da Saúde de Florianópolis e com as Secretarias Municipal e Estadual de Porto Alegre. O financiamento é feito pelo PEPFAR (sigla em inglês do Plano de Emergência do Presidente para o Alívio da Aids, iniciativa governamental dos Estados Unidos para lidar com a epidemia global de HIV/aids) por meio do acordo de cooperação Ensp/Fiocruz, Fiotec e os Centros para Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos da América (CDC).

Todas essas ações ajudam a evitar uma nova epidemia da doença no país. Para o médico da Secretária Municipal de Saúde de Florianópolis, Ronaldo Zonta, a distribuição e abastecimento de antiviral e insumos de prevenção são fundamentais para evitar novos surtos. “Queremos manter as conquistas que o programa (DCCI) teve, principalmente na distribuição e abastecimento de antirretroviral e insumos de prevenção (incluindo preservativos e gel), e os avanços na distribuição de autoteste, não só em projetos piloto, mas em todas as cidades. É importante retomar e apostar cada vez mais em campanhas que tratem do preconceito, estigma, questões da prevenção com metodologias tradicionais, como preservativos, mas que também possam disponibilizar informação sobre a PEP, PrEP, indetectável=intransmissível, e continuar ampliando a acesso à Prep, a necessidade de retomar os contatos e a abordagem de sexualidade de forma não preconceituosa e mais aberta nas escolas, em públicos jovens. Enfim, tentar não reverter essas conquistas, principalmente de acesso ao medicamento”, enfatizou. 

Confira, a seguir, trechos da entrevista com  uma das coordenadoras do projeto, Vanda Cota:

Informe ENSP: No ano de 2021, quantas pessoas solicitaram o teste ou recorreram ao atendimento do projeto?

Vanda Cota: Nós trabalhamos com ano fiscal: 1 outubro de 2020 a 30 setembro 2021. Nesse período, 7.876 autotestes foram entregues nos três municípios (ainda não estamos contando os dados de Porto Alegre, pois eles iniciaram no final de setembro). 125 usuários foram nas unidades para confirmar o resultado do autoteste e, desses, 106 foram confirmados positivos (85%). Observe que o autoteste é um teste de triagem, quando o resultado é reagente os usuários precisam confirmar com teste de punção digital, seguindo o fluxograma de testagem. Acontece que alguns usuários, mesmo com resultado negativo, resolvem ir confirmar, para ter certeza, então, esses 15% de diferença não significa que o teste deu “falso positivo”.
Sobre profilaxia pré exposição sexual (PrEP), nesse período, 1.310 pessoas iniciaram PrEP.

14.730 pessoas foram testadas nas unidades apoiadas pelo projeto, dessas, 531 foram novos diagnósticos de HIV (3,6%). Das 531 pessoas diagnosticadas, 90% iniciaram tratamento, 75% delas em até 7 dias do diagnóstico.

Ainda sobre os testados positivos para o HIV, 68% eram homens gays ou outros HSH, 2% eram mulheres trabalhadoras do sexo e 2% eram mulheres trans/travestis.
 
Quais as ações realizadas para continuar conscientizando a população no período de pandemia e pós?
 
Temos uma equipe de comunicação que trabalha para informar a população sobre a importância da prevenção, diagnóstico e tratamento precoce do HIV.

O projeto também conta com um robô (chatbot) que, por meio de um número no mensageiro WhatsApp, traz informações, orientações, acolhimento e abre canal direto dos usuários com os linkadores. Nesse canal, os usuários podem também agendar horário para ir nas unidades, assim não tumultua o serviço evitando aglomerações.
 
Durante a pandemia do novo coronavírus, a principal estratégia de divulgação do projeto está sendo feita por meio de mídias virtuais.


Teve algum aumento no número de casos ou procura por testes percebido por vocês durante o período da pandemia?
 
No início da pandemia, devido ao lockdown e à recomendação de ficar em casa, a procura pelos serviços diminuiu, portanto, o número de usuários que procuravam PrEP foi reduzido, assim como o número de usuários que procuravam os serviços para testagem de forma espontânea. Ao contrário, o número de solicitações para autoteste teve um aumento considerável em comparação com o período anterior à pandemia.

Para acessar os artigos com os resultados da primeira fase do projeto, basta clicar nos lins abaixo. Os resultados dessa primeira fase geraram sete artigos, que mostram a aceitabilidade, a qualidade, a adequação e cobertura do projeto.



 

 
 




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