O conteúdo desse portal pode ser acessível em Libras usando o VLibras
Busca do site
menu

Aleitamento Materno Inclusivo: guia oferece orientações para pessoas com deficiência, familiares e trabalhadores

ícone facebook
Publicado em:20/08/2024
Por Barbara Souza

Em agosto, comemora-se a Semana Mundial do Aleitamento Materno. Em meio à celebração, foi lançada oficialmente a cartilha ‘Aleitamento Materno Inclusivo’, que oferece orientações para trabalhadores e gestores de saúde, pessoas com deficiência, cuidadores e familiares. Publicada a partir de um esforço coletivo, com a participação de várias instituições e colaboradores, a cartilha foi elaborada com a coordenação da pesquisadora da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP/Fiocruz) Laís Silveira Costa. O material está disponível em acesso aberto. 


Além de trazer orientações em Linguagem Simples, o guia discute os fatores que influenciam o Aleitamento Materno Inclusivo (AMI) e reflete sobre como o capacitismo na saúde resulta em pouco conhecimento e cuidado inadequado no aleitamento, o que afeta os direitos de mulheres com deficiência e/ou de bebês com deficiência. A cartilha também apresenta informações sobre facilitadores do AMI e iniciativas desejáveis na atenção a esse aleitamento.

O conteúdo ganhou uma versão em cordel, feito pelo artista Édson Oliveira e ilustrado com xilogravuras de Nonato Araújo. O material busca ampliar a iniciativa de popularização da ciência, alertando para a necessidade de suporte à amamentação das pessoas com deficiência, incentivando a qualificação do serviço de apoio ao aleitamento que contemple toda a diversidade humana. A cartilha também está disponível em Libras e conta com audiodescrição. “A segregação faz com que, em regra geral, a sociedade e o sistema de saúde não se interessem por como vivem as pessoas com deficiência. A literatura de cordel é um tesouro da nossa cultura e tem uma disseminação e um impacto muito importantes para o letramento em saúde, para a sensibilização e para o enfrentamento dessa corpo-normatividade. Então, é tornar acessível o conhecimento, porque conhecimento é poder”, explica a pesquisadora Laís Costa. “As pessoas são plurais, portanto é importante ter formas plurais de disseminação desse conhecimento”, completa.


Laís Costa ressalta ainda a produção participativa da cartilha, que faz parte de uma série de outras publicações também voltadas para a divulgação do conhecimento sobre temas ligados à saúde das pessoas com deficiência. “Produzimos de forma participativa numa aproximação entre pesquisadores, trabalhadores de saúde e sociedade civil. É um processo de produção de conhecimento muito freiriano, que reconhece que o saber não está concentrado. Com isso, é possível capturar melhor temas complexos, como populações invisibilizadas”, sublinha.

Uma das parceiras que tem participado dessas iniciativas é a psicóloga e conselheira nacional de saúde Vitória Bernardes. Para ela, que é também uma mulher cadeirante, a cartilha em formato cordel é um marco para o reconhecimento de que a amamentação também faz parte dos direitos reprodutivos das mulheres com deficiência. “Cabe ao estado, por meio de políticas públicas, incluir nas políticas de saúde estratégias para sua efetivação, na garantia de sermos ouvidas e representadas enquanto mulheres com deficiência”, ponderou.

Laís Costa participa do lançamento da Campanha da Semana Mundial da Amamentação 2024. Foto: Rafael Nascimento

A pesquisadora da ENSP reafirma a relevância das parcerias institucionais nesse processo, buscando otimizar o uso do recurso público e evitar desperdícios ou repetição de esforços. Dessa forma, tem sido produzido material educomunicacional para a disseminação do conhecimento científico. “Construímos uma série de produtos, determinados por demanda da sociedade civil, cujo conteúdo parte de uma revisão de literatura científica e da escuta das questões sociais invisibilizadas nessa literatura que, no caso da pessoa com deficiência, é muito apoiado no modelo biomédico”, comenta Laís. Ela também destaca a relevância que a temática da inclusão e da diversidade tem ganhando na ENSP nos últimos anos. "No começo da atual gestão, foi instalado um Grupo de Trabalho que se tornou uma comissão permanente para pensar na diversidade humana, reconhecendo que há populações invisibilizadas, menorizadas. Afinal, não se pode falar de um SUS universal sem olhar para essas pessoas". 

A cartilha lançada neste Agosto Dourado foi desenvolvido no âmbito da pesquisa “Aleitamento Materno Inclusivo na Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano (rBLH): Ação Interunidades ENSP/IFF-rBLH”, cuja fonte de fomento é o projeto Inova Fiocruz. A produção da cartilha contou também com o apoio do Programa de Fomento ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico Aplicado à Saúde Pública da ENSP/Fiocruz e do Programa de Políticas Públicas e Modelos de Atenção e Gestão à Saúde, da Vice-Presidência de Pesquisa e Coleções Biológicas - VPPCB/Fiocruz. 

Baixe aqui as seguintes cartilhas sobre saúde e direitos das pessoas com deficiência: 

- Guia de acessibilidade na comunicação
- Combata o capacitismo
- Direitos e saúde sexual das pessoas com deficiência 
- Agente Comunitário de Saúde: orientações sobre a saúde das pessoas com deficiência
- Simples assim: comunique com todo mundo
- Cuidado menstrual de pessoas com e sem deficiência
- Atenção Primária à Saúde das pessoas com deficiência

Lançamento junto ao Ministério da Saúde

A amamentação é o único fator que, isoladamente, pode reduzir em até 13% a mortalidade infantil por causas evitáveis. Para fortalecer ações em todo o país, no dia 1º de agosto, o Ministério da Saúde lançou a Campanha da Semana Mundial da Amamentação 2024. Com o tema ‘Amamentação, apoie em todas as situações’, a iniciativa tem como foco a redução das desigualdades relacionadas ao apoio à amamentação. 


Ao reconhecer as diferentes condições a que milhares de famílias estão expostas no dia a dia e que impactam na amamentação, a campanha deste ano busca garantir o direito à amamentação, com atenção especial às lactantes em situação de vulnerabilidade, além de apoiar a amamentação em estado de emergência, calamidade pública e desastres naturais. O Ministério da Saúde coordena nacionalmente essa iniciativa global, a principal ação de mobilização social em prol da amamentação. 

*Com informações do Conselho Nacional de Saúde


Nenhum comentário para: Aleitamento Materno Inclusivo: guia oferece orientações para pessoas com deficiência, familiares e trabalhadores
Conteúdo acessível em Libras usando o VLibras Widget com opções dos Avatares Ícaro, Hosana ou Guga. Conteúdo acessível em Libras usando o VLibras Widget com opções dos Avatares Ícaro, Hosana ou Guga.