Exposição 'Doença de Chagas: da pré-história à atualidade' ganha novas itinerâncias no Brasil e na Europa
A exposição 'Doença de Chagas: da pré-história à atualidade', que traz a divulgação ampla de conhecimentos gerais, incluindo aspectos evolutivos da tripanossomíase americana, e sua expressão como Doença de Chagas, ganhou novas itinerâncias no Brasil e na Europa. Em janeiro de 2024, a exposição vai estrear em Portugal, com o apoio da Universidade de Coimbra, seguindo pelas cidades de Coimbra, Lisboa, Porto e Aveiro. No Brasil, a exposição será lançada em Belém, com itinerância pelo estado do Pará, passando por diversas áreas da região amazônica. Finalmente, em evento conduzido pelo Instituto Oswaldo Cruz, vai passar também, por Bambuí seguindo para alguns municípios de Minas Gerais.
Lançada em 2022, ano em que se comemorou 150 anos de Oswaldo Cruz, a exposição foi inaugurada pela relevância do tema para o Brasil e para a América do Sul, pois graças a visão de Carlos Chagas teve início o estudo de um tema que ainda hoje motiva equipes em diferentes unidades da Fiocruz. A ENSP e o Instituto Oswaldo Cruz (IOC), por exemplo, possuem uma colaboração científica permanente, com estudos realizados nas últimas décadas sobre a antiguidade da Doença de Chagas e sua presença em comunidades pré-coloniais. Idealizada pela pesquisadora Nancy Orellana Halkyer e ampliada no Brasil em colaboração com a Universidade Mayor de San Simon, de Cochabamba - Bolívia, a exposição vem sendo exibida com sucesso desde então.
Para Sheila Mendonça, pesquisadora do Departamento de Endemias da ENSP e curadora da mostra no Brasil, organizada em parceria com o IOC, levar a exposição para outros estados e para outros países de língua portuguesa é fundamental, pois expõe um tema que atualmente ocupa lugar importante entre os esforços para manter e expandir a divulgação dos temas de ciência, e contribuir efetivamente para a educação em saúde.
“Neste momento a exposição vem ganhando novos contornos de acordo com as necessidades dos nossos parceiros. Em Portugal, por exemplo, o Departamento de Antropologia da Universidade de Coimbra, vai acrescentar um módulo à exposição que traz uma característica muito importante no contexto de estimular o diálogo entre os diferentes países que tem interesse, estudos ou problemas ligados a Doença de Chagas. Algo que também foi feito aqui no Brasil”, explicou ela.
Durante o ano de 2022, a exposição ficou em cartaz na ENSP, no IOC, na Bolívia (onde foi originalmente concebida em espanhol), além de passar também pelo Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro (IFRJ) e pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Segundo Sheila, ainda em 2023, a versão original da exposição ficará em cartaz em Belém e Minas Gerais.
Em Belém, um dos focos de pesquisa atual é a transmissão via oral da Doença de Chagas, além do aumento no número de casos na região devido ao alto consumo do açaí, razão do interesse pela mostra. Já em Minas Gerais, onde há uma unidade regional da Fiocruz (Instituto René Rachou), o tema é uma referência histórica importante devido aos estudos pioneiros sobre a Doença de Chagas no munícipio de Bambuí. A exposição fica em cartaz de 23 a 25 de outubro, em Bambuí, durante evento da Fiocruz regional. Seguindo para a Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ), onde ficará em exposição até dezembro de 2023, para todos os cursos da área biomédica da saúde. Ao final deste período, a versão da mostra ficará disponível para as instituições da região para eventos científicos. "A utilização dos achados paleopatológicos na divulgação dos temas de saúde atrai grande interesse, e tem se mostrado importante facilitador da divulgação dos conhecimentos científicos", ressaltou ela.
Segundo Sheila, as itinerâncias da exposição ‘Doença de Chagas: da pré-história à atualidade', tem sido um sucesso e uma motivação para um trabalho mais integrado com outros estados e países. “Já temos a perspectiva de levar a exposição para a Argentina (versão original em espanhol), na qual eles também vão acrescentar um módulo, assim como Portugal, com foco no diálogo entre os diferentes países que enfrentam a Doença de Chagas”, concluiu.
Conteúdo e apresentação da exposição
Trata-se de uma exposição bidimensional, constituída por banners em lona, de fácil montagem e transporte, tendo sido concebida para facilitar a itinerância. Seu conteúdo, muito simplificado para atingir a diferentes públicos, resume-se ao seguinte:
ASPECTOS HISTÓRICOS DA DESCOBERTA DA DOENÇA
TRIPANOSSOMAS E SUA DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA
CICLOS BIOLÓGICOS
ORIGENS EVOLUTIVAS DO CICLO NA NATUREZA
VIAS DE TRANSMISSÃO
SINAIS E SINTOMAS: A CLÍNICA DA DOENÇA HUMANA
OCORRÊNCIA DESDE A PREHISTÓRIA
COLONIZAÇÃO EUROPEIA E ENDEMIZAÇÃO
ACHADOS PRÉHISTÓRICOS NA AMÉRICA
No Brasil, foram incluídos:
ACHADOS ANTERIORES AO CONTATO NO BRASIL
MODELAGENS ESPACIAIS: PREDIÇÃO DE ACHADOS ARQUEOLÓGICOS
CICLOS NATURAIS, RESERVATÓRIOS E VIGILÂNCIA