Conheça os selecionados para o Programa Pesquisador Visitante da ENSP
Por Danielle Monteiro
Os candidatos nomeados para o Programa Pesquisador Visitante já iniciaram suas atividades na ENSP. Doutores em diferentes áreas de conhecimento, os sete profissionais vão atuar em projetos de pesquisa científica e desenvolvimento tecnológico, assim como em atividades de ensino dos programas de pós-graduação stricto e lato sensu da instituição. Cada um deles atuará em um dos perfis temáticos do programa, que são: Ciência de dados e saúde; Transformação digital do Sistema Único de Saúde; Migração e saúde; Mudanças climáticas, sustentabilidade ambiental e saúde; Preparação e respostas dos sistemas de saúde às emergências em Saúde Pública; Desigualdades sociais e iniquidades em saúde; e Envelhecimento populacional e saúde.
Criada pela Escola, por meio da Vice-Direção de Pesquisa e Inovação (VDPI), a iniciativa integra a agenda institucional. Tem como objetivos fortalecer a implementação de projetos em áreas estratégicas e emergentes de conhecimento na ENSP; apoiar o desenvolvimento de projetos em linhas de pesquisa relevantes; e contribuir com o fomento às redes de colaboração em pesquisa científica e tecnológica, tanto nacional quanto internacional. Visa também colaborar para a inovação em áreas importantes de pesquisa da Saúde Pública/Saúde Coletiva; e contribuir para a formação de docentes e pesquisadores em campos estratégicos da Saúde Pública/Saúde Coletiva na área da Pós-graduação.
Em entrevista ao Informe ENSP, os pesquisadores falaram sobre sua trajetória profissional, contaram por que se inscreveram no programa e revelaram suas expectativas quanto ao desenvolvimento de pesquisas na Escola. Confira, abaixo:
O que te motivou a se candidatar para o Programa Pesquisador Visitante?
Luciana Schleder: Quando vi que no edital havia um perfil voltado ao tema ‘Transformação Digital no SUS’, percebi uma oportunidade de contribuir com conhecimentos e experiências que venho adquirindo nos últimos anos, com parcerias internacionais e nacionais nessa área de pesquisa e desenvolvimento tecnológico. Outro fator de interesse foi o fato de a Fiocruz ter grande prestígio na sociedade e, acima de tudo, uma cultura de valorização dos pesquisadores e da ciência brasileira.
Daniele Ferreira: Diversas questões me motivaram a participar do Programa: a oportunidade de contribuir com um tema com o qual venho trabalhando há algum tempo, voltado para ‘Envelhecimento e Saúde’; e a relevância da Fiocruz na área de Ensino e Pesquisa, aliada ao papel de excelência da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, com seu olhar diferenciado para a saúde. Além disso, a possibilidade de trocar experiências com pesquisadores que são referências em suas áreas.
Luciana Simas: Estar na ENSP é uma oportunidade ímpar, diante da produção do conhecimento científico apurado, com a compreensão da saúde de forma ampla, abrangendo aspectos estruturais da nossa sociedade. O histórico da instituição na defesa do direito à saúde de maneira universal se soma à potência na formação de profissionais comprometidos com o fortalecimento de políticas públicas, que possam melhorar as condições de vida da população. Estar no Programa Pesquisador Visitante é uma honra, por poder, de alguma forma, fazer parte dessa história!
Laís Freitas: O Programa é uma oportunidade única para uma doutora que busca se consolidar como pesquisadora, como eu. O formato, que combina atividades de pesquisa, ensino e participação institucional, é muito alinhado com o que busco neste momento da minha trajetória. Além disso, a ENSP é uma referência na área de Saúde Pública, e poder trocar com seu corpo docente e participar do ambiente acadêmico da instituição certamente representa uma chance valiosa de crescimento profissional e fortalecimento da minha atuação como pesquisadora.
Eduardo Monteiro: Eu fiz meu doutorado na ENSP e, desde então, nutro um carinho enorme pela Escola que me formou epidemiologista. A convivência com os colegas de turma e docentes sempre foi muito especial para mim. A possibilidade de retornar à Escola, agora como pesquisador visitante, e poder reviver a cultura da instituição foi um dos motivos pelos quais me candidatei. Ainda, vislumbrei a oportunidade de alavancar minha carreira profissional e pessoal, atuando em um projeto de pesquisa que se propõe a ajudar nosso SUS no enfrentamento das emergências em saúde do nosso país. Certamente a ENSP é o lugar em que se quer estar quando o assunto é trabalhar em prol da justiça social e da defesa do SUS.
Sofia Caumo: Minha trajetória acadêmica e profissional sempre esteve voltada para as ciências ambientais com foco na saúde pública, especialmente na compreensão dos impactos da poluição sobre a saúde humana. Ao longo dos anos, busquei integrar conhecimentos das ciências ambientais e das áreas de Toxicologia e Epidemiologia para contribuir com evidências científicas que possam embasar políticas públicas de proteção à saúde. Após me tornar mãe, essa missão ganhou um novo significado. Passei a compreender, de forma mais profunda, a importância de proteger crianças e demais populações vulneráveis, que são especialmente sensíveis aos efeitos das mudanças climáticas e da poluição ambiental. Isso reforçou ainda mais meu compromisso em produzir uma ciência aplicada, que dialogue com as necessidades reais da sociedade. Candidatar-me ao Programa Pesquisador Visitante representa, para mim, uma oportunidade ímpar de ampliar esse propósito dentro de uma instituição de excelência como a Fiocruz. Meu maior objetivo é que os resultados das minhas pesquisas possam, de fato, reverter-se em benefícios concretos para a população brasileira, promovendo equidade, prevenção e justiça ambiental em saúde.
Thaiza Gomes: Quando soube do edital, fiquei muito interessada, especialmente por umas das áreas ser ‘Migração e saúde”, que é um tema que venho estudando há alguns anos e que foi o foco do meu pós-doutorado na ENSP. Vi, neste edital, uma oportunidade de contribuir com a experiência que venho acumulando e, ao mesmo tempo, uma valiosa oportunidade para fortalecer minha trajetória como pesquisadora.
Conte um pouco sobre sua trajetória profissional.
Luciana Schleder: Sou formada em Enfermagem pela Universidade Federal do Paraná, fiz residência em reabilitação na Rese Sarah. Tenho especialização em Auditoria e Gestão em Saúde, mestrado em Tecnologia em Saúde na Pontifícia Universidade Católica do Paraná e doutorado em Enfermagem na Universidade Federal do Paraná, com estágio sanduíche no Departamento de Informática Biomédica da Escola de Medicina da Universidade de Maryland, com financiamento Capes/ Fulbright. Recentemente fiz especialização em Data Science Big Data; e estágios pós-doutorais no Departamento de Informática Biomédica da Escola de Medicina da Universidade de Harvard e no Hospital Brigham and Women’s, afiliado a esta mesma instituição, com financiamento pela Capes. Sou pesquisadora em Desenvolvimento Tecnológico da Fundação Araucária (Fundação de Amparo a Pesquisa do estado do Paraná) e do CNPq. Meus interesses de pesquisa incluem: competências em informática em saúde / uso ético da saúde digital; divulgação científica; e práticas avançadas de enfermagem.
Daniele Ferreira: Sou graduada em Fisioterapia, com duas especializações concluídas na área (Fisioterapia Cardiorrespiratória e Fisioterapia em Oncologia – INCA) e egressa da ENSP (mestrado e doutorado). Faço parte do grupo de pesquisa cadastrado pelo CNPq de ‘Envelhecimento e Câncer: aspectos epidemiológicos e abordagem multidisciplinar’, atuando em projetos em parceria com diversas instituições. Minha curiosidade e inquietação diante de diversas questões, aliadas ao desejo de sempre aprender mais, me conduziram naturalmente para o caminho da pesquisa.
Luciana Simas: Minha trajetória é interdisciplinar, pois sou advogada, doutora em Bioética e Saúde Coletiva, com mestrado em Sociologia e Direito. Trabalho com Direitos Humanos e Saúde desde o início da minha formação, tendo participado de diferentes pesquisas na Fiocruz e, nos últimos anos, atuei no escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crimes (UNODC), em parceria com o Conselho Nacional de Justiça (CNJ). No meu pós-doutorado, pesquisei sobre a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde das Pessoas Privadas de Liberdade no âmbito do SUS.
Laís Freitas: Minha trajetória une ciência de dados, modelagem estatística e vigilância epidemiológica, com o uso de várias ferramentas e sempre com foco em reprodutibilidade e ciência aberta. Eu sou formada em Farmácia Industrial pela UFF e tenho mestrado e doutorado em Epidemiologia em Saúde Pública pela ENSP. No mestrado, estudei a atenção recebida por pacientes indígenas com tuberculose no Mato Grosso do Sul. No doutorado, busquei me aprofundar em métodos quantitativos voltados para as doenças transmissíveis. Fiz um período sanduíche na Universidade McGill (Montreal/QC, Canadá), onde tive treinamento em modelagem espacial e espaço-temporal na perspectiva Bayesiana. A minha tese foi sobre a distribuição espaço-temporal de dengue, Zika e chikungunya no contexto intra-urbano do município do Rio de Janeiro. Fiz um ano de pós-doutorado no PROCC/Fiocruz, avaliando o desenho da vigilância sentinela de síndrome gripal no Brasil, em parceria com o Ministério da Saúde. Depois, fiz pós-doutorado no Centro de Pesquisa em Saúde Pública, da Universidade de Montreal, em um projeto sobre arboviroses na Colômbia, integrando dados de vigilância, socioeconômicos, ambientais e climáticos. Antes de ingressar como pesquisadora visitante na ENSP, atuava como pesquisadora bolsista no PROCC em um projeto voltado para estudar o impacto do clima e eventos climáticos na incidência de arboviroses no Brasil.
Eduardo Monteiro: Sou graduado em nutrição pela Universidade Federal do Paraná (2011-2016), com período de graduação sanduíche na Universidade Católica Portuguesa. Toda a minha pós-graduação foi realizada no Ministério da Saúde. Fiz mestrado em oncologia no INCA e doutorado em Epidemiologia em Saúde Pública na ENSP. Após o doutorado, cumpri um período de pós-doutorado no INCA de aproximadamente 2 anos e meio. Minha atuação em pesquisa e docência foi majoritariamente em Epidemiologia de Doenças Crônicas, mas, nos últimos anos, venho aumentando meu escopo de atuação na Vigilância Epidemiológica de Doenças e Agravos não Transmissível. Essa experiência tem sido uma oportunidade ímpar para minha consolidação como epidemiologista.
Sofia Caumo: Sou graduada em Química Ambiental e doutora em Ciências pela Universidade de São Paulo, com passagens por universidades internacionais, como a Universidade de Antuérpia (Bélgica), Universidade de Aveiro (Portugal) e Universidade de Toronto (Canadá). Após o doutorado, concluí pós-doutorados na PUC-Rio e na Fiocruz. Minha trajetória é marcada pela integração entre ciências ambientais e saúde pública. Tenho me dedicado ao estudo dos impactos das mudanças climáticas sobre a saúde, com especial atenção à saúde infantil, poluição atmosférica, queimadas e vulnerabilidades socioambientais. Desenvolvo pesquisas voltadas à avaliação da exposição humana a poluentes, análise de riscos ambientais, biomarcadores de estresse oxidativo e inflamação celular, além de aspectos sociais e ambientais da vulnerabilidade. Já atuei e atuo em projetos que investigam desde os efeitos das queimadas sobre a saúde de brigadistas no Pantanal até os impactos da poluição na Baía de Guanabara e as percepções de mudanças climáticas entre povos indígenas e comunidades tradicionais da Amazônia. Minha atuação tem como objetivo principal gerar conhecimento científico que contribua efetivamente para a formulação de políticas públicas mais justas e eficazes em saúde e meio ambiente.
Thaiza Gomes: Fiz graduação em farmácia na Universidade Federal Fluminense e, depois de trabalhar alguns anos na área, decidi iniciar a carreira acadêmica e fiz mestrado e doutorado em Epidemiologia no Instituto de Medicina Social Hesio Cordeiro da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (IMS/UERJ). Logo depois de terminar o doutorado, comecei a trabalhar no projeto ‘Nascer no Brasil’ da ENSP. Neste grupo de pesquisa, comecei a pesquisar especificamente sobre saúde sexual e reprodutiva de migrantes no Brasil. Posteriormente realizei meu pós-doutorado em Epidemiologia em Saúde Pública na ENSP sobre saúde de mulheres migrantes.
Quais são as suas expectativas em relação à participação no programa e ao desenvolvimento de pesquisas na ENSP?
Luciana Schleder: É muito empolgante a possibilidade de conexão com pesquisadores consolidados da Fiocruz bem como com os Pesquisadores Visitantes, no sentido de alinhar novas perspectivas nos planos de pesquisa de cada um e alinhamento ao que já vem sendo desenvolvido pela instituição entre os diversos departamentos e unidades e em vários cenários do SUS.
Daniele Ferreira: Minhas expectativas são as melhores possíveis. Estou muito feliz com a oportunidade de contribuir com a Escola, que teve um papel tão importante e transformador na minha trajetória. Sabemos que ser pesquisador no Brasil envolve inúmeros desafios, mas essa oportunidade como Pesquisadora Visitante abre espaço para desenvolver e participar de atividades não apenas na área em que estou inicialmente alocada, mas também para estabelecer parcerias com outros departamentos, promovendo a interação entre múltiplas perspectivas sobre questões relevantes. Isso contribui significativamente para o fortalecimento do nosso sistema de saúde.
Luciana Simas: Espero poder contribuir com discussões estratégicas, na busca pelo efetivo acesso aos serviços de saúde como um direito de todos. Pretendo colaborar com a missão da ENSP/Fiocruz de atuar para a redução das desigualdades sociais, na defesa da ampla cidadania e da democracia, bem como para a elaboração e o aperfeiçoamento de políticas públicas de saúde inclusivas.
Nesse sentido, almejo atuar no ensino e na pesquisa a partir de referenciais críticos, que evidenciem interseccionalidades determinantes sociais da saúde, com vistas a fortalecer a saúde como um potencializador de demais direitos humanos.
Laís Freitas: Minhas expectativas são tanto individuais quanto institucionais. De um lado, vejo essa participação como uma oportunidade concreta de avançar na minha consolidação como pesquisadora, ampliando minha experiência em docência, fortalecendo minha produção científica, expandindo minha rede de pesquisa e me preparando para concorrer a editais e, futuramente, em concursos públicos. Além do individual, me motiva contribuir para que a ENSP se consolide como um centro de referência em ciência de dados aplicada à epidemiologia e à saúde pública. Quero ajudar a fortalecer e criar redes duradouras, e colaborar com o desenvolvimento das capacidades analíticas da Escola. Acredito muito no potencial da ciência de dados quando ela está conectada à epidemiologia crítica e ao compromisso com a saúde pública.
Eduardo Monteiro: As minhas expectativas são as melhores. Durante a minha permanência como pesquisador visitante, espero poder colaborar com as demais pesquisadoras e pesquisadores da Escola e contribuir para o fortalecimento do SUS a partir dos resultados da minha pesquisa. Acredito que será um período de grande aprendizado e construção de relações profissionais e interpessoais de grande valor. Ao final, espero estar profissionalmente mais maduro, um pesquisador mais alinhado com as demandas da nossa sociedade e um docente mais preparado para mediar a construção do conhecimento com meus alunos.
Sofia Caumo: Minha expectativa ao participar do programa como pesquisadora visitante na ENSP é aprofundar e consolidar a produção científica na interface entre mudanças climáticas e saúde pública, com foco na saúde infantil — um tema urgente e estratégico diante da atual crise climática. A ENSP oferece um ambiente acadêmico e institucional propício para o desenvolvimento de pesquisas de excelência, com forte inserção em redes interdisciplinares e compromisso com a promoção da equidade em saúde. Pretendo contribuir para a ampliação da agenda científica da instituição, fortalecendo o vínculo entre evidência científica, formulação de políticas públicas e práticas de vigilância em saúde ambiental.
A partir de uma abordagem epidemiológica, ambiental e territorializada, espero colaborar com a produção de dados que subsidiem estratégias de mitigação e adaptação frente os efeitos das mudanças climáticas em populações vulneráveis. Além da pesquisa, também almejo integrar o ensino e a formação de profissionais, lecionando disciplinas e participando da criação de materiais didáticos e de divulgação científica, ampliando o diálogo entre ciência e sociedade. A ENSP, por sua tradição comprometida com os determinantes sociais da saúde, é o espaço ideal para transformar conhecimento em ação — e é justamente essa convergência que motiva minha participação no programa.
Thaiza Gomes: Estou muito feliz por começar esta nova etapa como pesquisadora visitante, e acredito que este será um período importante de aprendizado e crescimento profissional. Espero poder colaborar com a produção de conhecimento em saúde pública em parceria com outros pesquisadores da Fiocruz, gerando evidências que possam contribuir para políticas públicas mais justas e inclusivas.
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