Margareth Dalcolmo destaca protagonismo brasileiro na redução do tempo de tratamento da tuberculose
Fundadora do Centro de Referência Professor Hélio Fraga, departamento da ENSP/Fiocruz referência para o Sistema Único de Saúde no tratamento da tuberculose e outras micobacterioses, a pneumologista Margareth Pretti Dalcolmo foi uma das palestrantes do 3° Simpósio Dia Mundial da Tuberculose & Celebração dos 40 anos do CRPHF. O evento foi realizado nesta quinta-feira, 21 de março, em celebração as quatro décadas de atuação na luta contra a tuberculose e em prol do SUS, e em alusão ao Dia Mundial de Combate à Tuberculose, celebrado em 24 de março. A pesquisadora da Fiocruz ressaltou em sua fala o protagonismo do Brasil na redução do tempo de tratamento da doença.
Margareth Dalcolmo, em palestra no Hélio Fraga, durante a celebração dos 40 anos do Centro de Referência.
Referência quando o assunto é o tratamento da tuberculose, Margareth Dalcolmo é presidente da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), membro do Grupo de Medicamentos Essenciais da Organização Mundial da Saúde (OMS) e principal investigadora de estudos globais sobre o tratamento da tuberculose. Segundo ela, o país adotou uma posição corajosa, já nos anos 80, quando optou pelo tratamento de curta duração, por via oral, com três fármacos, por seis meses, e com isso fechando sanatórios, e diminuindo o sofrimento humano. “Neste momento, 40 anos depois, continuamos sendo protagonistas, pois estamos discutindo ainda mais a redução do tempo de tratamento, tanto para as formas resistentes quanto para as sensíveis. Para mim, é um privilégio fazer parte desta história”, destacou ela.
Histórico brasileiro no tratamento da tuberculose
Dalcolmo trouxe para a palestra o histórico brasileiro no tratamento da tuberculose desde a década de 40 até os dias atuais, apontando os fármacos utilizados no tratamento da TB nas últimas sete décadas, destacando os primeiros medicamentos testados contra a doença, além dos medicamentos utilizados nos últimos 20 anos, considerados um marco, por cumprirem a dupla função proposta: serem bactericidas, ou seja, atuarem na fase de multiplicação do bacilo, além de serem esterilizantes, e atuarem na fase de multiplicação lenta do bacilo.
Em seguida, a pesquisadora falou sobre os estudos já desenvolvidos e seus resultados, com impactos diretos na redução do tempo do tratamento das formas resistentes da doença. “Para Hélio Fraga é um grande orgulho ter participado dos estudos mais importantes mundialmente, que permitirão que a OMS, e o Brasil, através do Ministério da Saúde, adotem tratamentos mais curtos para os pacientes mais resistentes, e, em um futuro muito próximo, também os pacientes sensíveis”, celebrou ela.
Novidades no tratamento da TB
Finalizando, Dalcolmo trouxe as novidades em relação ao tratamento, destacando o novo medicamento incorporado pelo SUS, que reduz em até 70% o tempo de tratamento dos casos resistentes. O medicamento Pretomanida é administrado via oral e possui menos efeitos colaterais, tornando o tratamento mais tolerável para os pacientes. Além disso, o tempo de tratamento é reduzido de dezoito para seis meses, o que é um avanço significativo na eficácia do tratamento da tuberculose resistente aos medicamentos. A incorporação da Pretomanida permitirá o uso de dois esquemas encurtados, conhecidos como BPaL (bedaquilina, Pretomanida e linezolida) e BPaLM (bedaquilina, Pretomanida, linezolida e moxifloxacino), que possibilitam encurtar o período do tratamento da tuberculose multirresistente (TBMDR).
“Desta forma, o Brasil está novamente em um momento importante no que diz respeito a redução do tempo de tratamento dos casos resistentes, e, em breve, também reduziremos o tempo de tratamento dos casos sensíveis dos aproximadamente 80 mil casos que vamos tratar”, garantiu ela.
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