Laboratório de Apoio Diagnóstico, Ensino e Pesquisa do Centro de Saúde da ENSP é alçado a Referência Municipal
Publicado em:14/12/2023
Por Barbara Souza
O Laboratório de Apoio Diagnóstico, Ensino e Pesquisa do Centro de Saúde Escola Germano Sinval Faria (LADEP/CSEGSF), da ENSP/Fiocruz, agora é um Laboratório de Referência Municipal. Com a ascensão, o LADEP passa a inserir diretamente resultados de exames no Gerenciador de Ambiente Laboratorial, sistema GAL. A mudança representa a ampliação da oferta de exames para a rede assistencial de saúde e o conhecimento sobre o que está acontecendo nos territórios. “Como consequência, é possível oferecer respostas às demandas geradas pela assistência da atenção primária e orientar as ações da vigilância em saúde”, explicam as assessoras da Vice-Direção de Ambulatórios e Laboratórios da ENSP, Letícia Alves e Shirlei Aguiar. "É um passo importante na identidade desse laboratório e na articulação dele na rede de vigilância", disse a vice-diretora de Ambulatórios e Laboratórios da ENSP, Fátima Rocha.
Na estrutura do Sistema Nacional de Laboratórios de Saúde Pública (SISLAB), que se organiza de forma hierarquizada por grau de complexidade das atividades, o Laboratório de Referência Municipal tem como função básica promover atividades para o controle epidemiológico e sanitário da população, realizando ensaios clínicos. Até então, o LADEP constava como Laboratório Local, ou seja, era um “laboratório solicitante”, com perfil de somente cadastrar e enviar amostras. Nesse patamar, estava encarregado da coleta de amostras, com cadastro e envio das mesmas para outro laboratório, que seria de Referência Municipal. Agora, o LADEP é reconhecido como tal. Portanto, realiza os exames de interesse de saúde pública e utiliza o GAL para registro dos exames. No GAL, a vigilância epidemiológica consegue visualizar os resultados enviados diretamente pelo LADEP e pode, então, agir com base nas informações.
Sendo assim, como explicam os envolvidos na conquista, a mudança gera benefícios para todos. Afinal, a partir dos registros no GAL, é possível realizar ações para melhoria da saúde de toda a população. Além disso, a subida de categoria é uma valorização do trabalho realizado pela equipe do laboratório dentro da rede de saúde. O farmacêutico bioquímico responsável pelo Laboratório de Apoio Diagnóstico, Ensino e Pesquisa do CSEGSF/ENSP, Fabiano de Jesus Santos, comemorou a conquista. “Estar em rede reafirma e consagra a importância do LADEP enquanto laboratório de saúde pública. Esta inserção nos proporciona articulação com outros laboratórios, também em rede, para apoio qualificado e de referência, como, por exemplo, capacitação em novas metodologias e execução de técnicas de alta complexidade. Por desenvolver e executar métodos em uma Unidade laboratorial para o diagnóstico de doenças e síndromes de uma área de abrangência municipal, o LADEP atua de forma estratégica para o enfrentamento de doenças e agravos de importância para a saúde pública e, portanto, considerados como prioritários para o Ministério da Saúde”. Chefe do CSEGSF/ENSP, Iris Maria da Silva Lordello concorda e afirma que “a mudança do LADEP representa a capacidade de transformação de uma equipe que diante de incertezas e muitas adversidades conseguiu superar os desafios e se reinventar sem deixar de atender às necessidades da população”. Iris destacou ainda que a ascensão do LADEP “representa a maior riqueza que há no serviço público: seus servidores. Além disso, denota o comprometimento e a vontade de contribuir para o fortalecimento do SUS”.
O processo que culminou na transformação do Laboratório de Apoio Diagnóstico, Ensino e Pesquisa do CSESGF em Referência Municipal levou aproximadamente seis meses para ser efetivado. Tudo começou no planejamento institucional participativo da ENSP relativo ao período de 2022 a 2025, que tinha o fortalecimento da atuação dos laboratórios no campo das redes de pesquisa, vigilância, formação e cooperação entre os objetivos estratégicos pactuados. “A ideia é poder responder às necessidades da saúde pública e, nesse sentido, estamos empenhadas em organizar cooperações com as gestões municipais e estadual de saúde”, explicaram Letícia e Shirlei.
O primeiro passo para a mudança foi a realização do LF-LAM (teste rápido para o diagnóstico de tuberculose em pessoas vivendo com HIV) pelo LADEP. Este é um novo protocolo disponibilizado na rede de saúde pelo Departamento de HIV/Aids, Tuberculose, Hepatites Virais e IST Transmissíveis do Ministério da Saúde, cujos resultados dos testes precisam ser registrado no GAL para a vigilância da tuberculose. As pesquisadoras Letícia e Shirlei relataram que o percurso do Ladep foi trilhado junto à Gerência Estadual de Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) e Aids da Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro (SES-RJ). “Lá, identificamos conjuntamente, a necessidade e a oportunidade de realizar o teste rápido LF-LAM”, contaram. “Dentro do sistema GAL também foram incorporados outros exames para tuberculose, como baciloscopia, cultura, identificação e teste de sensibilidade, além da cultura bacteriana para outros germes, que também são exames de interesse de saúde pública realizados pelo LADEP do CSEGSF”.
O LadepEm atividade desde 1972, o Laboratório de Diagnóstico, Ensino e Pesquisa, localizado no Centro de Saúde Escola Germano Sinval Faria (CSEGSF/ENSP/Fiocruz), realiza atendimentos e exames de alta qualidade, comprovados através das certificações de qualidade e desempenho adquiridas a partir de um rígido controle interno e externo de proficiência laboratorial. O LADEP presta atendimento humanizado para a população do entorno da Fiocruz e contribui para os estudos de prevalência, controle, tratamento, diagnóstico e prognóstico de patologias transmissíveis e não transmissíveis em nível de Atenção Básica em Saúde. Quanto aos aspectos do tripé Assistência-Ensino-Pesquisa, na Assistência o LADEP promove o Diagnóstico laboratorial de: Tuberculose, Infeções do Trato Urogenital (urinárias e sexualmente transmissíveis) e Parasitoses Intestinais.
Na área do Ensino, o LADEP atua como campo de atividades práticas em Laboratório Clínico para profissionais habilitados a esta área e que necessitem de capacitação profissional; promove também o estágio supervisionado curricular e extracurricular, cursos na área, orientação de alunos do Programa de Iniciação Científica (Provoc e PIBIC) e orientação de experimento laboratorial para alunos de pós-graduação da ENSP e de outras unidades da Fiocruz. Em relação a Pesquisa, promove três Linhas de investigação, são elas: a) Vigilância Laboratorial Associativa e Epidemiológica em Análises Clínicas com ênfase em alterações do sangue e de outros materiais biológicos; b) Avaliação e monitoramento de boas práticas em laboratórios clínicos; e c) Avaliação e desenvolvimento de metodologia laboratorial manual, automatizada e semi automatizada utilizada em laboratórios clínicos.
Ao comentar a história do laboratório, Fabiano de Jesus Santos lembrou que, em 1998, o LADEP ganhou um destaque de excelência por ter sido aprovado no ‘teste do guaraná’, realizado por veículos de imprensa, que enviaram amostras de refrigerante a diversos laboratórios públicos e privados. “Somente dois identificaram que não se tratava de urina: o LADEP e o Laboratório Central de Saúde Pública Noel Nutels (LACEN-RJ). A partir desse período, o LADEP passou a protagonizar as Análises Clínicas no âmbito assistencial dentro do campus e se moveu para implementação e busca de melhorias contínuas a fim de se ter e manter a qualidade das análises realizadas”, disse Fabiano.
O sistema GAL
O GAL é um sistema informatizado desenvolvido para Laboratórios de Saúde Pública aplicado aos exames e ensaios de amostras de origem humana, animal e ambiental, com padrão nacional, e desenvolvido de acordo com os protocolos do Ministério da Saúde. As principais funções do GAL são: gerenciar e acompanhar as realizações das análises laboratoriais desde a solicitação até emissão do laudo final; gerar relatórios gerenciais e de produção nas Redes de Laboratórios de Saúde Pública; gerar consultas e relatórios (específicos e epidemiológicos); enviar resultados laboratoriais dos casos suspeitos ou confirmados para o Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN); subsidiar as tomadas de decisões pelas Vigilâncias nas esferas nacional, estadual e municipal; além de padronizar as informações dos laudos e pareceres técnicos.
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