Dia Mundial de Luta contra Aids 2016: avanços, desafios e retrocessos

Baseado no contexto político-econômico atual do Brasil - que sofre inúmeros retrocessos, principalmente nas áreas da saúde e educação - a Abia organizou documento com uma análise crítica e contundente sobre os mitos e as realidades referentes à resposta brasileira à epidemia de Aids. O primeiro tema abordado no relatório é a profunda crise que atingiu o país em 2016. O argumento é o fio condutor do artigo A resposta brasileira ao HIV e à Aids em tempos tormentosos e incertos. O publicação contém ainda artigos que abordam os desafios para o enfrentamento da epidemia; a neoliberalização da prevenção e a resposta brasileira; os desafios da assistência às pessoas que vivem com HIV e Aids no Brasil; além dos avanços e retrocessos no acesso aos antirretrovirais no país.

Brasil registra queda na transmissão da aids de mãe para filho
Mesmo com os inúmeros desafios, muitas conquistas foram alcançadas ao longos dos últimos anos. O Ministério da Saúde divulgou, na quarta-feira (30/11), que a taxa de detecção de aids em menores de cinco anos caiu 36% nos últimos seis anos, passando de 3,9 casos por 100 mil habitantes, em 2010, para 2,5 casos por 100 mil habitantes, em 2015. A taxa em crianças dessa faixa etária é usada como indicador para monitoramento da transmissão vertical do HIV. “A redução de 36% na transmissão de mãe para filho foi possível graças a ampliação da testagem, aliada ao reforço na oferta de medicamentos para as gestantes”, explicou o ministro da Saúde.
Para incentivar o engajamento dos municípios no combate à transmissão vertical, o Ministério está instituindo, com os estados, um selo de Certificação da Eliminação da Transmissão Vertical de HIV e/ou Sífilis no Brasil. Tendo como base uma adaptação de critérios já estabelecidos pela Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), a certificação será concedida a municípios cujas taxas de detecção de aids em menores de 5 anos sejam iguais ou inferiores que 0,3 para cada mil crianças nascidas vivas e proporção menor ou igual a 2% de crianças com até 18 meses. Serão certificados, prioritariamente, os municípios com mais de 100 mil habitantes. A certificação será emitida por um Comitê Nacional, em parceria com estados, que fará a verificação local dos parâmetros. Os municípios receberão certificação no ano que vem, no Dia Mundial de Luta contra Aids. A estratégia conta com o apoio da Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância); Unaids (Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/aids no Brasil) e Opas.
Opas incentiva governos e sociedade a intensificarem nove medidas para acabar com a aids até 2030
Na perspectiva de acabar com a epidemia de Aids no mundo até 2030, a Opas lançou este ano a campanha "Take the challenge. End AIDS" - “Aceite o desafio. Acabe com a aids”, em português - que busca incentivar governos e sociedade a intensificarem nove medidas para acabar com a aids até 2030. Fornecer e promover o uso de preservativos e lubrificantes, oferecer testes de HIV em áreas frequentadas pela população de maior risco e expandir o acesso à profilaxia pré-exposição (PrEP) e pós-exposição (PEP) são algumas das medidas que, se reforçadas, podem ajudar a acabar com a aids como problema de saúde pública dentro de 15 anos.
Outras ações são a testagem e o tratamento para todas as mulheres grávidas soropositivas e seus recém-nascidos para eliminar a transmissão do HIV de mãe para filho, a oferta de tratamento precoce para todos que precisam, além de eliminar o estigma e a discriminação, fornecer testes e tratamento para outras infecções sexualmente transmissíveis que estão associadas ao HIV e aumentar o financiamento. "O HIV continua sendo uma ameaça à saúde e requer uma resposta estratégica global e regional", disse Carissa F. Etienne, Diretora da OPAS. "Devemos intensificar esforços na prevenção combinada, detecção precoce e acesso ao tratamento, que são as chaves para impedir a transmissão do vírus nos próximos anos", acrescentou.
Projeto incentiva teste e adesão ao tratamento do HIV/Aids
A Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP/Fiocruz) está iniciando uma parceria com o Centro de Referência e Treinamento DST/Aids de São Paulo (CRT) e a Programa Municipal de DST e Aids de São Paulo (PM DST/AIDS) para implantação do auto teste de diagnóstico da Aids no município do estado. A iniciativa faz parte do projeto A Hora é Agora, uma ação inovadora voltada à prevenção e o controle do HIV entre homens gays e homens que fazem sexo com homens (HSH) acima de 14 anos, dois dos grupos mais vulneráveis à infecção pelo vírus, principalmente entre os jovens (a prevalência é estimada em 10,5%).

“É importante salientar que, embora os homens gays e os HSH sejam o principal alvo do projeto, os serviços de testagem são oferecidos a todas as pessoas que se apresentem em qualquer das unidades”, destacou Marly.
*Com informações da Organização Mundial da Saúde (OMS); Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS); Ministério da Saúde (MS); Associação Brasileira Interdisciplinar de Aids (Abia); e Agência Fiocruz de Notícias.
*Crédito foto capa: Organização das Nações Unidas (Onu Brasil).
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