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"Temos que enfrentar as assimetrias tecnológicas no mundo", diz Carlos Gadelha

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Publicado em:13/05/2021
A importância de se tratar saúde, desenvolvimento e inovação de forma integrada, como um sistema; a definição de uma nova perspectiva para conectar as políticas social, industrial, científica, tecnológica e ambiental; e a necessidade de um olhar crítico sobre as assimetrias globais estiveram entre os pontos enfatizados pelo pesquisador Carlos Gadelha, coordenador do Centro de Estudos Estratégicos da Fiocruz (CEE-Fiocruz), em palestra no Grupo de Discussão Política Latino-Americana de Ciência, Tecnologia e Inovação (La-Stip), que integra a Rede Latino-Americana para o Estudo de Sistemas de Aprendizagem, Inovação e Construção de Competências (Lalics).

O grupo reúne, há cerca de três anos, pesquisadores da América Latina que estão estudando políticas de ciência e tecnologia e outras políticas públicas, com vistas a uma aproximação entre o mundo acadêmico e aqueles que atuam na formulação dessas políticas.

A iniciativa busca expandir a trajetória tradicionalmente percorrida pelos pesquisadores, que, como analisa a professora Carlota Perez, da Universidade de Sussex, no Reino Unido, “estudam, voltam para a academia e escrevem artigos, em inglês, com pouca relação com os policy makers”.  Perez coordenou o evento, realizado em inglês, que teve como título Saúde como desenvolvimento: experiências para enfrentar a assimetria global (Health as developement: experience to face global asymetries).

Carlos Gadelha iniciou sua exposição conclamando os países do Norte a olhar para o Sul, para “observar as contribuições que temos dado em termos de teoria e prática políticas”. Ele citou nomes de pensadores como os economistas Celso Furtado, Maria da Conceição Tavares, o geógrafo Milton Santos, o médico, que se consagrou por seus estudos sobre a Geogafia da Fome Josué de Castro e os médicos sanitaristas Mário Magalhães e Sergio Arouca.

“Tenho uma lista longa. É importante saber o valor do que vimos pensando por um longo tempo e em como avançar, ter coragem de propor novas ideias, políticas, estratégias”, disse, lembrando que, na Fiocruz, teoria e prática não se separam, tendo diversos pesquisadores da instituição ocupado cargos na gestão pública, incluindo o de ministro da Saúde. “Os institutos acadêmicos desconectam o pensar do mudar o mundo. Temos que mudar essa perspectiva”.


Gadelha buscou apresentar um novo caminho para conectar as políticas social, industrial, científica e tecnológica e ambiental e avançar no estabelecimento de projetos de âmbito nacional e global. Para ele, a relação entre progresso econômico e progresso em inovação mostrou “sua face mais perversa com a pandemia de Covid-19”.

O pesquisador lembrou a solenidade do Oscar, realizada em 25/4/2021, para falar de contrastes. “Todos vacinados, limpos, saudáveis, enquanto ao lado da minha casa, ao lado da Fiocruz, as pessoas estavam morrendo. Isso não é um mundo sustentável”, disse, considerando que se está jogando fora a proposta da Agenda 2030 de não deixar ninguém para trás. “Estão deixando. Temos que discutir isso. O cenário do Oscar mostra os problemas estruturais que o mundo está encarando”.

Gadelha orientou sua exposição por cinco pontos-chaves, o primeiro deles afirmando a saúde como caminho para o desenvolvimento. “Saúde é parte dos direitos humanos e uma das áreas mais proeminentes para gerar renda e inovação”. O segundo ponto referiu-se à pandemia de Covid-19, que revelou as características sistêmicas, interconectadas da produção em saúde, envolvendo, ao mesmo tempo, produtos diagnósticos e farmacêuticos, vacinas, equipamentos de proteção individual e serviços, todos relacionados a promoção, prevenção e cuidado. “Mobilizamos todo um sistema, que precisa estar integrado”.

Como terceiro ponto, o pesquisador associou a garantia do acesso universal à existência de uma base de produção estruturada para atender as necessidades sociais, enquanto o quarto ponto referiu-se à “forte assimetria tecnológica” entre regiões, países, territórios e pessoas. “Temos que enfrentar as assimetrias tecnológicas no mundo”, conclamou Gadelha.

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Fonte: Centro de Estudos Estratégicos da Fiocruz (CEE-Fiocruz)

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