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Entrevista: Pesquisa da ENSP busca promover alimentação saudável nas Escolas em prol da saúde das crianças

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Publicado em:17/10/2023

Está no ar mais uma edição da série de entrevistas sobre os projetos selecionados pelo Edital de Pesquisa 2021, lançado pela VDPI/ENSP. Desta vez, o tema é o ambiente alimentar escolar no Brasil. Na entrevista, a coordenadora do estudo Letícia Cardoso, fala sobre a pesquisa 'Impacto da Regulamentação do Ambiente Alimentar Escolar'. Pesquisadora da ENSP, atualmente, Letícia atua como coordenadora-geral de Vigilância de Doenças e Agravos Não Transmissíveis, do Departamento de Análise Epidemiológica e Vigilância de Doenças Não Transmissíveis, da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente, do Ministério da Saúde.

No bate papo com o 'Informe ENSP', ela detalha como a pesquisa, que tem como vice-coordenadora, Marina Araújo, também pesquisadora da Escola, pretende contribuir para melhorar e criar novas medidas que protejam a saúde das crianças e promovam uma alimentação saudável nas Escolas. O estudo analisará como as regulamentações impactam o ambiente alimentar escolar de Escolas privadas de três cidades brasileiras: Porto Alegre, Niterói e Recife. O projeto prevê a criação de um aplicativo que avaliará o consumo alimentar de crianças escolares. 

+ Confira a entrevista completa!

Informe ENSP: Qual o principal objetivo da pesquisa 'Impacto da Regulamentação do Ambiente Alimentar Escolar' ?

Letícia Cardoso: O objetivo do projeto é avaliar o impacto das medidas de regulamentação do ambiente alimentar escolar sobre diferentes dimensões: disponibilidade de alimentos, preço e publicidade, bem como entender a percepção dos estudantes sobre o seu ambiente alimentar escolar. Além disso, o projeto prevê testar a usabilidade, com o usuário final, de um aplicativo para celular ou tablet denominado Consumo Alimentar no Domicílio e na Escola (CADE), desenvolvido para avaliar o consumo alimentar de crianças escolares.

Informe ENSP: Como a pesquisa será desenvolvida e como se deu a escolha das três cidades?

Letícia Cardoso: Estamos fazendo um estudo em Escolas particulares de três cidades brasileiras: Porto Alegre, Niterói e Recife. Essas cidades foram escolhidas pois estão em estágios distintos de implementação de regulamentação do ambiente alimentar escolar.

A cidade de Porto Alegre possui Projeto de Lei, desde 2021, que proíbe a venda e a  publicidade de alimentos ultraprocessados em escolas privadas e públicas. Niterói teve Projeto de Lei aprovado no início de 2023, pela Câmara de Vereadores, e Recife ainda não apresenta nenhuma regulamentação vigente.

Desta forma, a intenção é comparar o ambiente alimentar entre estas cidades. Para isso, escolhemos Escolas de forma aleatória que representam bem todas as Escolas particulares dessas cidades.

Em Niterói, está sendo realizada a coleta de dados em 67 Escolas. Recife está conduzindo o estudo em 138 Escolas, e Porto Alegre em 54. Serão coletadas informações sobre o ambiente alimentar escolar, incluindo o que tem nas lanchonetes, máquinas de venda automática, além dos lugares ao redor das Escolas onde as pessoas compram comida.

Estamos convidando também, estudantes entre 13 e 17 anos de idade, de quinze Escolas sorteadas em cada cidade para responder algumas perguntas sobre o que acham sobre o seu ambiente alimentar escolar, consumo alimentar, prática de atividade física, entre outros aspectos sociodemográficos.

Vamos solicitar ainda, para vinte pais ou responsáveis por crianças de 4 a 9 anos de idade, testarem o aplicativo CADE e fazerem uma avaliação. A coleta de informações vai acontecer em dois momentos, uma que já está em andamento, iniciada em agosto de 2023, com previsão de finalização em dezembro, e outra no segundo semestre de 2024. Além disso, serão pesquisadas as leis estaduais e municipais de cada cidade para entender quais regras existem sobre o ambiente alimentar escolar, seja sobre algo que já foi implementado ou sobre algo que está em discussão.

Informe ENSP: Quais os resultados esperados com essa pesquisa?

Letícia Cardoso: Com este estudo, esperamos alcançar resultados novos e confiáveis, do ponto de vista acadêmico. Queremos entender como as regulamentações impactam sobre o ambiente alimentar escolar de escolas privadas, tanto no aspecto da comunidade quanto do estudante. Esperamos que os resultados possam ajudar a melhorar ou criar novas medidas para proteger a saúde das crianças e promover uma alimentação saudável na Escola.

Informe ENSP: Quais contribuições o projeto de pesquisa traz para sociedade?

Letícia Cardoso: Este projeto vai ajudar a conhecer sobre o ambiente alimentar escolar nas Escolas particulares e descobrir se há ou não impacto na regulação desse ambiente sobre a percepção do aluno e seu consumo alimentar. Esses resultados servirão para uma melhor orientação junto aos governantes na implementação ou reformulação de medidas existentes para proteção da saúde da criança e do adolescente e promoção da alimentação adequada e saudável.

Além disso, queremos treinar mais pessoas, como professores e pesquisadores, para trabalhar com os governantes e fazer mudanças que ajudem a prevenir a obesidade infantil. Isso vai ajudar a cuidar melhor da saúde das nossas crianças e adolescentes.

Informe ENSP: Como o projeto pretende contribuir para a implementação de medidas regulatórias no ambiente alimentar escolar?

Letícia Cardoso: As universidades parceiras - Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), além das organizações Aliança de Controle do Tabagismo (ACT) e o Instituto Desiderata - estão trabalhando conosco neste projeto, queremos que as pessoas que tomam as decisões sobre o ambiente alimentar escolar e sobre as leis que protegem as crianças, estejam bem informadas.

Pretendemos conversar com gestores de saúde e da educação, com pessoas que ajudam o governo a tomar decisões importantes, com legisladores que fazem as leis, com ativistas que defendem os direitos das crianças e com organizações que promovem uma alimentação saudável. Vamos falar também, com pais, professores e todos da sociedade, porque a saúde das crianças é um assunto importante para todos.

O objetivo é utilizar todas as informações que encontrarmos na pesquisa para ajudar a influenciar as decisões dos legisladores, escrevendo documentos técnicos e fazendo sugestões para melhorar as leis que afetam o ambiente alimentar escolar e a saúde das crianças.

Equipe da pesquisa participando do estudo piloto. A esquerda, a frente, Letícia Tavares, professora da UFRJ; a esquerda, atrás, Ana Carolina Castro, egressa da ENSP; a direita, atrás, Maria Luiza, estagiária do projeto; e, a direita, a frente, Isyara, egressa da ENSP. 



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