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Aleitamento Materno Inclusivo em debate na ENSP nesta sexta-feira (18/8)

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Publicado em:16/08/2023

Nesta sexta-feira, 18 de agosto, a Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca promoverá o debate sobre 'Aleitamento Materno Inclusivo', uma iniciativa do projeto "Aleitamento materno inclusivo na Rede Brasileira de Leite Humano (rBLH)", fruto da parceria entre a ENSP e o Instituto Fernandes Figueira (IFF), e apoiado pelo Programa Inova. A atividade, que acontecerá na sala 410, às 9h, será transmitida ao vivo pelo canal da ENSP no Youtube. O evento é aberto a todos os interessados. Participe!

O evento destina-se a pesquisadores, trabalhadores e gestores da área da saúde e da atenção ao aleitamento materno na APS, ambulatorial e hospitalar. Também é aberto a representantes da sociedade civil organizada, visto que a falta de informação para o aleitamento materno de famílias com pessoas com deficiência tem levado ao desmame precoce, com prejuízo à saúde de um estrato populacional já vulnerabilizado pela exclusão social.

A primeira mesa está prevista para as 9h30, ocasião em que será proferida a palestra "Promovendo o aleitamento materno, a vivência da Rede Banco de Leite Humano no Brasil", pelo pesquisador do IFF/Fiocruz e fundador e coordenador da Rede Banco de Leite Humano no Brasil, João Aprígio. Logo em seguida, às 10h, a pesquisadora da ENSP Laís Silvera Costa abordará o tema "Desmame precoce em função da corponormatividade; o que diz a literatura?" e, às 10h20, o evento abrirá espaço para a apresentação dos relatos de vivências de mulheres com deficiência.

Parceria ENSP e IFF-rBLH para a promoção do aleitamento materno inclusivo 

Para João Aprígio, a possibilidade de a Rede Brasileira de Banco de Leite Humano e Rede Global desenvolverem um trabalho de inclusão, no âmbito das ações de atenção em aleitamento materno, é de extrema importância.

"Somos muito agradecidos pela oportunidade, porque essa Rede se desenvolve, se estrutura, se alicerça e caminha para a promoção da atenção qualificada às famílias dos recém-nascidos, prematuros, de baixo peso, em uma ação que se volta para todas as mulheres, mães de bebês e seus familiares, que demandam atenção. Nós, até hoje, ao longo de quase quatro décadas de existência, não havíamos percebido a perda de oportunidade de aprender com aqueles que vivenciam a realidade das pessoas com deficiência. Eu, como profissional e pai de pessoa com deficiência, que trabalhei as questões de aleitamento com minha esposa e com minha família, fiquei impressionado pelo fato de não ter 'acordado' para essa invisibilidade quando falamos de aleitamento materno. A Rede de Banco de Leite Humano, da qual me pronuncio aqui, está muito agradecida à ENSP, à pesquisadora Laís Costa e ao diretor Marco Menezes. Agradeço, também, em nome do doutor Antônio Meirelles, do Instituto Fernandez Figueira, por esta oportunidade. Desejo que tenhamos a chance de produzir um trabalho com resultados benéficos para os bebês, para as mulheres, as mães e seus familiares”. Relatou João Aprigio.

A parceria com a Escola Nacional de saúde Pública resulta de um compromisso gestado pelo diretor Marco Menezes e o doutor Antônio Flávio Vitarelli Meirelles, do IFF, há quase um ano, em resposta à preocupação com a precarização do tecido social, a insegurança alimentar e o compromisso de valorizar a diversidade humana, inclusive revisando os serviços e a formação de trabalhadores para a atenção à saúde de populações vulnerabilizadas.

Dessa forma, a coordenação do evento destaca a programação voltada para a forma como se estrutura a atenção ao aleitamento materno; o que diz a literatura sobre o aleitamento inclusivo; além dos relatos de estratégias de pessoas com deficiência para a efetivação do aleitamento materno. "Desejamos jogar luz sobre as lacunas assistenciais para esse público", salientou a pesquisadora da ENSP responsável pela atividade.

Oficina realizada em julho de 2022, sobre a parceria da ENSP com a Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano em prol da promoção do aleitamento materno inclusivo.

+ Leia mais sobre a parceria: ENSP e Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano se unem em prol da promoção do aleitamento materno inclusivo.

Evento 'Aleitamento Materno Inclusivo'

Confira a programação completa.


Preconceito pode levar ao desmame precoce

A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que bebês sejam alimentados exclusivamente com leite materno até os 6 meses de idade; e a manutenção do aleitamento materno até os 2 anos de idade, pelo menos, mesmo depois da introdução de outros alimentos. O aleitamento materno traz uma série de benefícios, a exemplo do estreitamento do vínculo da mulher com a criança, da proteção à saúde de ambas, e impacta favoravelmente o coeficiente de mortalidade infantil, com particular benefício para famílias em situação de vulnerabilidade socioeconômica.

Por esses e outros benefícios a amamentação vincula-se à segurança alimentar, à boa nutrição e à redução das desigualdades nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). O reconhecimento dos benefícios diversos da prática do aleitamento materno tem levado ao desenvolvimento de uma série de iniciativas para a sua efetivação, valendo menção à Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano – RBLH, transformando vários começos de vida em histórias de sucesso, a partir do atendimento comprometido, qualificado e humanizado. Em que pese a existência de uma Rede Global de Bancos de Leite Humano - rBLH, com atuação em mais de 20 países, o aleitamento materno não se efetiva de forma homogênea para toda a população.

Na medida em que avança a institucionalização dos direitos das pessoas com deficiência, tem-se notado uma lacuna na atenção ao aleitamento materno quando se trata de famílias com pelo menos uma pessoa com deficiência. Note-se que o apoio produzido, as orientações e os materiais informativos não contemplam toda a diversidade humana, e pouco se tem estudado sobre a temática no Brasil e no mundo. Não temos dados sobre quantas mulheres com deficiência têm filhos todos os anos; tampouco quantas dessas amamentam seus filhos na primeira hora do nascimento, exclusivamente até os seis meses e acessoriamente até os dois anos de idade. A falta de localização dessas famílias nos bancos de dados do SUS tem levado a produção de conhecimento sobre essa realidade no Brasil a partir do estudo de poucos casos que, em comum, relatam o despreparo dos trabalhadores e serviços para lidar com as pessoas com deficiência, o desconhecimento da funcionalidade de seus corpos e a falta de apoio para o aleitamento materno; relatam inclusive o preconceito quanto à capacidade de uma mulher com deficiência de maternar, ou de um bebê com deficiência se desenvolver.

Há dados de outros países, como Estados Unidos e Canadá, que atestam o crescimento do número de familiares com deficiência tendo filhos, sem que a prática de cuidado na saúde materno-infantil contemple toda a diversidade humana. Também há muita desinformação sobre as interações medicamentosas, posições, e tecnologias assistivas para o aleitamento materno, além da falta de apoio psicológico para lidar com essas ausências, com a dor - por vezes majorada em função da condição da deficiência, com o preconceito, e uma série de outras lacunas que tem materializado taxas de desmame precoce majoradas junto a essa população.

O reconhecimento dessa lacuna fez com que o Dr João Aprígio Guerra de Almeida, do Instituto Fernandes Figueira (IFF-Fiocruz), fundador e coordenador da Rede Banco de Leite Humano no Brasil, propusesse uma parceria com a ENSP para a produção conjunta de conhecimento e de novas práticas de cuidado à saúde e ao aleitamento materno. 

Serviço:

Título: 'Aleitamento Materno Inclusivo'
Horário: das 9h às 12h30
Local: Sala 410 da ENSP
Transmissão:
 canal da ENSP no Youtube



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