INFORME ENSP

As experiências de integração assistencial do povoado de Badalona e da comarca de Osona, ambos na Catalunha (Espanha), foram apresentadas na última mesa do seminário internacional Integração assistencial em redes de atenção à saúde. Os dois diferentes modelos abrangem a integração a partir de uma organização municipal de assistência integral à saúde (Badalona) e por meio da coordenação dos serviços com múltiplos provedores (Osona). O seminário transcorreu durante dois dias (19 e 20/3) e debateu a experiência internacional e os desafios do Sistema Único de Saúde brasileiro.

Após os dois dias de palestra, serão realizadas nos dias 21, 22 e 23 de março oficinas para aprofundamento dos temas, que, em conjunto com o seminário, constituem-se num Curso de Atualização em Integração Assistencial em Redes de Atenção, dirigido a gestores e técnicos das três instâncias de governo envolvidos diretamente com a organização de redes de atenção e indicados por suas instituições. O curso debaterá temas como mapas de saúde e instrumentos de planejamento, coordenação clínica e gestão de pacientes, políticas de utilização de medicamentos e gestão de contratos.

Na palestra Experiência da integração de serviços numa organização sanitária integrada (OSI), o médico e representante da Badalona Serveis Assistencials (BSA) Josep Ramon Llopart apresentou sua instituição como uma organização municipal que presta serviços integrais de saúde e cuidados à população do norte de Barcelona e baixo Maresme para promover, manter e restaurar a saúde individual e coletiva e promover o bem-estar. É composta por um total de 1.200 profissionais e serve uma população de mais de 435 mil pessoas. “O desafio que nos move é proporcionar assistência integral à saúde para cobrir todas as necessidades de saúde da população”.

As OSI, segundo ele, são redes de serviços de saúde que oferecem uma atenção coordenada através de um conjunto de prestação de serviços de saúde a uma população determinada e se responsabilizam pelos custos e resultados em saúde dessa população. Suas características buscam a amplitude e a profundidade da integração. “O que nos importa na Catalunha é a produção de serviços. Sendo pública ou privada, os profissionais e pacientes atendidos por nós falarão que pertencem a uma organização pública”. Em relação às ferramentas de gestão, Llopart destacou a implantação do prontuário eletrônico do paciente (PEP) como um dos mais relevantes.

Llopart falou, ainda, das linhas assistenciais da BSA na atenção primária, atenção especializada e sócio-sanitária. A prestação de serviço mínima da OSI visa à promoção da saúde, à prevenção da doença, a tratamentos (agudos e crônicos) e à reabilitação. “A atenção primária deixa de ser um nível de assistência para se tornar um serviço”.

“O melhor resultado alcançado será a partir do que ocorre em todos os níveis das especialidades.”

Na palestra seguinte, A experiência de coordenação de serviços numa região com múltiplos provedores, o diretor da Região Central da Catalunha, Oriol Morera, apresentou o caso da comarca de Osona, onde atuam oito diferentes provedores de serviços assistenciais, sendo quatro para a atenção primária e outros quatro para a atenção especializada. “O que os diferencia é sua forma, pois os resultados são equivalentes, na qualidade e na capacidade de melhora”.

O palestrante fez um resgate histórico da tentativa do seu país de melhorar seu sistema de saúde por diferentes modelos de atenção: o sistema hospitalar, o sistema de atenção primária em saúde, o nível sócio-sanitário e o serviço de saúde mental. “O melhor resultado será a partir do que ocorre em todos os níveis das especialidades. A administração tem que buscar instrumentos que facilitem a possibilidade de trabalho conjunto. Estamos nos dando conta de que é necessário articular redes de trabalho para eliminar as dificuldades”.

A pretensão dos provedores, segundo Oriol, consiste na melhora do serviço aos cidadãos, em mais aplicação dos profissionais e na garantia de maior eficiência com os recursos disponíveis. Os pontos chave para essa atuação, segundo ele, se baseiam em um incremento da capacidade de resolução da atenção primária, na racionalização da atenção especializada, na coordenação de fluxos, na racionalização e melhora da atenção continuada e urgências, além da racionalização da prescrição farmacêutica e melhora dos sistemas de informação. "Nosso principal objetivo sempre é melhorar a saúde da população. Ainda não temos indicadores e dados para comprovar se isso está realmente acontecendo, mas temos certeza de que, se não acontecer, estamos, pelo menos, trabalhando na reorganização do serviço e o tornando mais eficiente para essa população”.