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Especialista discute sistema de saúde espanhol

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Publicado em:20/03/2012

Buscando aprofundar o debate das possíveis estratégias a serem utilizadas no Sistema Único de Saúde brasileiro, trazendo à discussão o caso do Sistema Nacional de Saúde Espanhol, especialmente da Comunidade Autônoma da Catalunha, a ENSP, em parceria com o Ministério da Saúde e o Consórcio Hospitalar da Catalunha, por meio do Projeto Redes, realizou o Seminário Internacional: Integração Assistencial em Rede de Atenção à Saúde. A atividade teve início na segunda-feira (19/3), no auditório da ENSP, e contou com a palestra do vice-presidente da Fundação Instituto de Investigação em Serviços de Saúde e editor-chefe da revista Gestão Clínica e Sanitária, Ricard Meneu, que abordou a integração assistencial e as tecnologias de gestão clínica, além dos aspectos mais importantes da integração e as diferentes maneiras de entendê-la. Confira a apresentação do evento na Bilbioteca Multimídia da ENSP.

 

Especialista discute sistema de saúde espanhol

A mesa de abertura foi composta com a presença do diretor da ENSP, Antônio Ivo de Carvalho, da coordenadora do seminário e pesquisadora da Escola de Governo da ENSP, Rosana Kushiner, e do diretor-geral do Consórcio Hospitalar da Catalunha, Ramon Cunillera. O diretor da Escola reforçou a importância do tema porque é parte de uma agenda inconclusa do sistema de saúde brasileiro, que, este ano, completa 22 anos e que construiu o processo de Reforma Sanitária no Brasil. Para Antônio Ivo, o SUS representou a política pública mais bem-sucedida desenvolvida no país desde a Constituição de 1988. Por fim, destacou que o grande desafio para o SUS é desenvolver uma política que não seja tão fragmentada.

 

Em seguida, o diretor-geral do Consórcio Hospitalar da Catalunha, Ramon Cunillera, citou a colaboração com a Fiocruz, que já dura alguns anos. De acordo com ele, o grupo – cerca de 12 pessoas presentes no evento – tem grande experiência nos processos de transformação. “O que pretendemos é dividir nosso conhecimento e também nossa experiência, para que vocês possam utilizá-la da maneira que for possível. Pretendemos ainda discutir os planos do presente e do futuro e debater as diferentes formas que aparecem os problemas e os processos de mudança”, explicou. Rosana Kushiner, por sua vez, falou sobre o evento, cujo objetivo é debater a produção de conhecimento na integração assistencial. Segundo ela, a ideia de trazer o exemplo da Catalunha tem o propósito de refletir sobre uma experiência bem-sucedida e debater as estratégias utilizadas por eles.

 

Modelo norte-americano é um dos sistemas mais fragmentados do mundo
 

Especialista discute sistema de saúde espanhol

Dando início à palestra inaugural, o editor-chefe da revista Gestão Clínica e Sanitária e vice-presidente da Fundação Instituto de Investigação em Serviços de Saúde, Ricard Meneu, falou sobre a Integração assistencial e tecnologias de gestão (clínica): mitos, acertos e perspectivas. Ricard explicou diferentes maneiras de entender a integração, além de apresentar seus aspectos mais importantes. Ele destacou pesquisa recente apontando que a assistência médica é coordenada e subordinada a uma assistência muito pobre. Segundo ele, o modelo norte-americano de saúde tem falhas muito graves, sendo um dos sistemas mais fragmentados do mundo.
 

Em seguida, Ricard Meneu abordou as diferenças entre os sistemas fragmentados e as redes de atenção à saúde apontando características do sistema fragmentado como: organização de componentes isolados; organização por níveis hierárquicos; orientação para atenção a condições agudas; voltado para indivíduos; paciente como sujeito; reativo; ênfase nas ações curativas; cuidado profissional; gestão da oferta e financiamento por procedimentos. De acordo com Ricard, as tecnologias e as diretrizes da gestão clínica apontam para a gestão da condição de saúde, a gestão de casos, a auditoria clínica e a lista de espera. Outro aspecto apontado foi o conceito de gestão da doença, que, segundo ele, corresponde a um sistema de intervenções e de comunicações coordenadas de cuidados de saúde para populações, com condições em que os esforços de autocuidados são significativos.
 

Para Ricard, a gestão da doença suporta apoios ao plano de cuidados e à relação médico/paciente, enfatiza a prevenção de exacerbações e complicações utilizando práticas baseadas na evidência e estratégias de empowerment dos pacientes, além da avaliação de resultados clínicos, humanísticos e econômicos, numa base contínua e com o objetivo de melhorar a saúde global. “A tecnologia da gestão da condição de saúde surgiu na Conferência de Atenção Gerenciada, nos Estados Unidos, na primavera de 1993, como gerenciamento de doença, ou seja, uma tecnologia de microgestão da clínica, destinada a enfrentar uma doença específica. Dentre as componentes da gestão da doença, Ricard citou: processo de identificação de populações; parâmetros de práticas baseadas nas evidências; modelos de práticas colaborantes que incluam o médico e prestadores de serviços de apoio; educação do doente para a autogestão (devendo incluir a prevenção primária, programas de modificação comportamental e de adesão/vigilância); gestão, avaliação e medição de indicadores de processo e de resultados; e relatórios de rotina de retorno – devendo incluir comunicação com o doente, médico, plano de saúde, serviços auxiliares e perfis de prática.
 

A Gestão de Caso (GC) também foi abordada. Segundo ele, a GC surge como uma metodologia utilizada pela atenção gerenciada americana e pode ser considerada uma forma particular de revisão prospectiva e concorrente. “Uma equipe de saúde responsabiliza-se pela atenção do paciente durante todo o processo clínico e faz julgamentos sobre a necessidade da atenção e os serviços prescritos e recebidos. Essa equipe tem a incumbência de coordenar a atenção à saúde por meio de todos os serviços e instituições que compõem um sistema de saúde, determinar o nível adequado da prestação dos serviços e verificar o cumprimento do plano de tratamento pelo paciente”, explicou. De acordo com Ricard, a GC expandiu-se de forma a gerenciar toda a atenção mediante a continuidade dos serviços, o que inclui a supervisão do paciente ao longo de diferentes pontos de cuidado, como hospitais, ambulatórios especializados, centro de enfermagem, atenção domiciliar, entre outras, constituindo, portanto, um sistema de integração vertical e horizontal de difícil implementação pelas necessidades de sistemas potentes de informação e comunicação interdisciplinares.
 

Especialista discute sistema de saúde espanholRicard destacou também os conceitos de integração e atenção integral. Segundo ele, a atenção integral é um princípio de organização para a prestação assistencial, com o objetivo de conseguir a melhor atenção ao paciente mediante melhor coordenação dos serviços prestados. Já a integração é o conjunto combinado de métodos, processos e modelos que tratam melhor a coordenação da atenção. “Quando se considera a atenção integral, é importante desde o princípio distinguir a integração e a atenção integral. Em consequência, quando o resultado dos esforços para melhorar a integração é benéfico para os grupos de pacientes, o resultado pode ser chamado atenção integral”, afirmou. Por fim, o vice-presidente da Fundação Instituto de Investigação em Serviços de Saúde considerou também que o foco na atenção integral pode ajudar os líderes políticos, gestores e profissionais a decidirem sobre o modelo de atendimento que desejam desenvolver. De acordo com ele, eles podem recorrer a uma combinação de processos e mecanismos que permitam que a atenção integral se desenvolva.


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