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Divulga ENSP: Conheça a pesquisa realizada com as quebradeiras de coco babaçu

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Publicado em:23/10/2020
Divulga ENSP: pesquisa visa melhoria para a saúde das quebradeiras de coco babaçuPesquisa Científica é um tema bastante discutido neste momento, pois é com base em seus resultados que pode surgir, por exemplo, um tratamento para a pandemia da Covid-19. Mas você sabe sua verdadeira importância? As pesquisas científicas objetivam solucionar questões, baseadas em métodos, que geram resultados que podem trazer melhorias na qualidade de vida de diferentes comunidades.  A pesquisa de saúde coletiva aborda variados temas – situação indígena, exposição a substâncias químicas, saúde dos trabalhadores, vigilância em saúde, determinantes sociais e sua importância na condição de vida das populações –, sendo esses apenas alguns deles. Por isso, a Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP/Fiocruz) criou o “Divulga ENSP”, um projeto que visa apresentar, de maneira mais acessível, alguns resultados e produtos das suas pesquisas com a prerrogativa de aproximar e fazer com que a sociedade, cada vez mais, se apodere deles. A coordenadora da Coordenação de Comunicação Institucional (CCI/ENSP), Rita Mattos explicou um pouco mais sobre o projeto. "O objetivo do projeto é a divulgação dos resultados das pesquisas da Escola. A primeira ação surge de uma parceria da Vice-Direção de Pesquisa e Inovação (VDPI), do Centro de Estudos da Saúde do Trabalhador e Ecologia Humana (Cesteh) com o Programa de Saúde Pública e Meio Ambiente. Tem como principal prerrogativa mostrar os resultados e os produtos de pesquisa em uma linguagem mais acessível. A primeira pesquisa a participar desta ação é coordenada pela pesquisadora do Cesteh Liliane Teixeira, com financiamento do programa Inova, com foco nas quebradeiras de coco babaçu, realizada no estado do Maranhão. Esperamos que com essa ação possamos divulgar com mais acessibilidade os resultados das pesquisas, teses e dissertações da ENSP.".
 
A melhoria do autocuidado, da saúde e da qualidade do trabalho das quebradeiras de coco babaçu
 
Divulga ENSP: pesquisa visa melhoria para a saúde das quebradeiras de coco babaçuMuitas mulheres, moradoras das regiões Norte/Nordeste, formam grupos que são de extrema importância para o extrativismo brasileiro: o de Quebradeiras de Coco Babaçu. Do Babaçu, provêm a principal fonte de matéria-prima para diversos produtos manufaturados que utilizamos, como óleo, leite de coco, farinha, biscoitos, bijuterias e vários outros. Juntas, elas somam mais de 400 mil mulheres trabalhadoras rurais que atuam como quebradeiras de coco de babaçu no país.
 
 Para ajudar esse movimento de trabalho extrativista composto de mulheres, pesquisadoras da Fiocruz desenvolveram um projeto para auxiliar no trabalho e na vida dessas quebradeiras de coco babaçu. Ação Educativa Integradora das Quebradeiras do Coco Babaçu do Maranhão dirigida à Formação, ao Fortalecimento da Cadeia de Valor e ao Autocuidado da Saúde é uma pesquisa com financiamento do Edital Inova Fiocruz - Geração de Conhecimento, coordenada pela pesquisadora da ENSP Liliane Teixeira. Trata-se de um estudo cujo resultado, gerou vários outros produtos para beneficiar o trabalho dessas mulheres. 
 
Um dos objetivos da pesquisa foi identificar e analisar as características de vida e trabalho das quebradeiras de coco babaçu, o que gerou o conhecimento do histórico organizacional, perfil socioeconômico, condições de vida e de trabalho das quebradeiras e sua rede de apoio.  Esses resultados geraram um novo produto, a Tese de Doutorado de Scheila Regina Gomes Alves Vale, do Programa de Saúde Pública e Meio Ambiente da ENSP, intitulada “Intervenção Ergonômica nas Situações de Trabalho de Quebradeiras de Coco Babaçu no Estado do Maranhão do Programa de Saúde Pública e Meio Ambiente” que avaliou o trabalho de 275 quebradeiras de coco babaçu, no município de Itapecuru-Mirim/MA por intermédio da Análise Ergonômica do Trabalho (AET).

Dai, surgiu uma ferramenta de trabalho que auxilia muito na vida e na saúde dessas mulheres, a criação da mesa de quebrar coco babaçu — em processo de patente — que auxilia essas mulheres no alívio de dores causados pela postura na hora de quebrar o coco. O desenvolvimento da mesa foi uma parceria com o Grupo de Ergonomia e Novas Tecnologias, do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia, com a contribuição do pesquisador Luiz Ricardo Moreira (Coppe/UFRJ). Além disso, outra parceria foi iniciada. Visando melhorar cada vez mais as queixas de dores relatadas pelas quebradeiras, a fisioterapeuta e especialista Carolina Olyntho, da Coordenação da Saúde do Trabalhador/Fiocruz, utilizou o método McKenzie de Diagnóstico e Terapia Mecânica (MDT), utilizado em casos de dor de origem musculoesquelética que podem ser resolvidos pelo próprio indivíduo. Para ensinar essas mulheres, a fisioterapeuta enviou vídeo com cinco exercícios para que elas possam praticar em minutos de pausa do trabalho.  

A implementação das ações de fortalecimento da identidade coletivas das quebradeiras de coco babaçu foi outro objetivo da pesquisa e também gerou outro produto, uma identidade coletiva mais fortalecida, o que tornou algumas quebradeiras capazes de ocupar espaços políticos para lutar pela garantia de direitos e a sobrevivência da cultura tradicional extrativista na área de abrangência do projeto. “Mulheres quebradeiras, resistência nos babaçuais” é uma frente parlamentar em defesa da agricultura familiar e reforma agrária no Maranhão que conta com o apoio a participação dessas quebradeiras. 

O autocuidado dessas mulheres também entrou em jogo. Era importante a pesquisa avaliar quais as intervenções relacionadas à saúde das quebradeiras eram tomadas, e foi isso que aconteceu. Foram identificadas a necessidade de implementação, acompanhamento e reavaliação de intervenções para a melhoria de condições do trabalho para essas mulheres. Com a ajuda da Coordenação de Comunicação Institucional da ENSP (CCI) foi criado um cordel e um infopainel de procedimentos para a melhora do autocuidado da dor e das condições ergonômicas de trabalho dessas quebradeiras. 

Mas, o processo continua! O projeto é válido até o final do ano de 2020 e, até lá, a busca por ajuda e melhorias no trabalho dessas mulheres resistentes continuam. 




 


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1 comentários
GINA TORRES REGO MONTEIRO
10/10/2020 22:50
Parabéns Scheila por sua trajetória de vida e por seu trabalho de doutorado que favoreceu essas mulheres valentes!