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Dia Nacional de Combate à Dengue: é sempre importante checar os criadouros

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Publicado em:22/11/2021

A dengue, doença febril grave, causada por um arbovírus – vírus transmitido por picada de insetos, especialmente os mosquitos, tem como transmissor o Aedes aegypti. O penúltimo sábado de novembro é considerado o Dia Nacional de Combate à Dengue. A data, que este ano caiu no dia 20, foi instituída pela Lei nº 12.235/2010, com o objetivo de mobilizar iniciativas do Poder Público e a participação da população para a realização de ações de combate ao vetor da doença, por meio de campanhas educativas e de comunicação social. A recomendação principal é eliminar todos os recipientes que acumulem água. Uma cartilha elaborada pelo Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) auxilia a checar semanalmente os criadouros. Confira!


De acordo com o IOC, o mosquito transmissor da dengue é originário do Egito, na África, e vem se espalhando pelas regiões tropicais e subtropicais do planeta desde o século 16, período das Grandes Navegações. Admite-se que o vetor foi introduzido no Novo Mundo, no período colonial, por meio de navios que traficavam escravos. Ele foi descrito cientificamente pela primeira vez em 1762, quando foi denominado Culex aegypti. O nome definitivo – Aedes aegypti – foi estabelecido em 1818, após a descrição do gênero Aedes. Relatos da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) mostram que a primeira epidemia de dengue no continente americano ocorreu no Peru, no início do século 19, com surtos no Caribe, Estados Unidos, Colômbia e Venezuela.


No Brasil, os primeiros relatos de dengue datam do final do século XIX, em Curitiba (PR), e do início do século XX, em Niterói (RJ). No início do século XX, o mosquito já era um problema, mas não por conta da dengue -- na época, a principal preocupação era a transmissão da febre amarela. Em 1955, o Brasil erradicou o Aedes aegypti como resultado de medidas para controle da febre amarela. No final da década de 1960, o relaxamento das medidas adotadas levou à reintrodução do vetor em território nacional. Hoje, o mosquito é encontrado em todos os Estados brasileiros.


Segundo dados do Ministério da Saúde, a primeira ocorrência do vírus no país, documentada clínica e laboratorialmente, aconteceu em 1981-1982, em Boa Vista (RR), causada pelos vírus DENV-1 e DENV-4. Anos depois, em 1986, houve epidemias no Rio de Janeiro e em algumas capitais do Nordeste. Desde então, a dengue vem ocorrendo no Brasil de forma continuada.

Transmissão:


Após picar uma pessoa infectada com um dos quatro sorotipos do vírus, a fêmea do mosquito pode transmitir o vírus para outras pessoas. Há registro de transmissão por transfusão sanguínea.


Não há transmissão da mulher grávida para o feto, mas a infecção por dengue pode levar a mãe a abortar ou ter um parto prematuro, além do fato de que a gestante está mais suscetível a desenvolver o quadro grave da doença, que pode levar à morte.


Todas as faixas etárias são igualmente suscetíveis à doença, porém, em populações vulneráveis como crianças ou idosos com mais de 65 anos, o vírus da dengue pode interagir com doenças pré-existentes e levar ao quadro grave ou gerar maiores complicações nas condições clínicas de saúde da pessoa. O risco de gravidade e morte aumentam quando a pessoa tem alguma doença crônica, como diabetes e hipertensão, mesmo que tratadas.


A dengue é uma doença cujo período de maior transmissão coincide com o verão, devido aos fatores climáticos favoráveis à proliferação do mosquito Aedes aegypti em ambientes quentes e úmidos.


Sintomas:


A infecção por dengue pode ser assintomática, ter sintomas leves ou graves, podendo levar à morte. Normalmente, a primeira manifestação é a febre alta (39° a 40°C), de início abrupto, que geralmente dura de 2 a 7 dias, acompanhada de dor de cabeça, dores no corpo e articulações, além de prostração, fraqueza, dor atrás dos olhos, erupção e coceira na pele. Perda de peso, náuseas e vômitos são comuns. Em alguns casos também apresenta manchas vermelhas na pele.


– febre alta, maior que 38.5ºC;

– dores musculares intensas;

– dor ao movimentar os olhos;

– mal estar;

– falta de apetite;

– dor de cabeça;

– manchas vermelhas no corpo.


Na fase febril inicial da dengue, pode ser difícil diferenciá-la. A forma grave da doença inclui dor abdominal intensa e contínua, vômitos persistentes e sangramento de mucosas. Ao apresentar os sintomas, é importante procurar um serviço de saúde para diagnóstico e tratamento adequados, todos oferecidos de forma integral e gratuita por meio do Sistema Único de Saúde (SUS).


Sinais de alarme da dengue:


– dor abdominal intensa e contínua, ou dor à palpação do abdome;

– vômitos persistentes;

– acumulação de líquidos (ascites, derrame pleural, derrame pericárdico);

– sangramento de mucosa ou outra hemorragia;

– aumento progressivo do hematócrito;

– queda abrupta das plaquetas.


Como é feito o diagnóstico da dengue?


O diagnóstico da dengue é clínico e feito por um médico. É confirmado com exames laboratoriais de sorologia, de biologia molecular e de isolamento viral, ou confirmado com teste rápido (usado para triagem).
A sorologia é feita pela técnica MAC ELISA, por PCR, isolamento viral e teste rápido. Todos os exames estão disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS). Em caso de confirmação da doença, a notificação deve ser feita ao Ministério da Saúde em até 24 horas.

Tratamento:


Não existe tratamento específico para a dengue. Em caso de suspeita é fundamental procurar um profissional de saúde para o correto diagnóstico. O tratamento é feito de acordo com a avaliação do profissional de saúde, conforme cada caso, a fim de aliviar os sintomas. A assistência em saúde ao paciente inclui:


– fazer repouso;

– ingerir bastante líquido (água);

– não tomar medicamentos por conta própria;

– hidratação por via oral (ingestação de líquidos pela boca) ou por via intravenosa (com uso de soro, por exemplo);


No momento, só existe uma vacina contra dengue registrada no Brasil e ela está disponível apenas na rede privada. É usada em 3 doses no intervalo de 1 ano e, segundo instruções do fabricante, da OMS e da Anvisa, somente deve ser aplicada em pessoas que já tiveram pelo menos uma infecção por dengue.

Prevenção:


A melhor forma de prevenir a dengue é evitar a proliferação do mosquito Aedes Aegypti, eliminando água armazenada que pode se tornar possível criadouro, como em vasos de plantas, lagões de água, pneus, garrafas plásticas, piscinas sem uso e sem manutenção, e até mesmo em recipientes pequenos, como tampas de garrafas.


Medidas simples podem ser adotadas, como substituir a água dos pratos dos vasos de planta por areia; deixar a caixa d´água tampada; cobrir os grandes reservatórios de água, como as piscinas, e remover do ambiente todo material que possa acumular água.


Roupas que minimizem a exposição da pele durante o dia – quando os mosquitos são mais ativos – proporcionam alguma proteção às picadas e podem ser uma das medidas adotadas, principalmente durante surtos. Repelentes e inseticidas também podem ser usados, seguindo as instruções do rótulo. Mosquiteiros proporcionam boa proteção para aqueles que dormem durante o dia, como bebês, pessoas acamadas e trabalhadores noturnos.


Segundo a pesquisadora do IOC, entomologista Denise Valle, do ovo à fase adulta, o ciclo de desenvolvimento do Aedes leva apenas de 7 a 10 dias. Uma ação simples, semanal, de vistoria de casas e espaços públicos pode interromper esse processo. “A ação dos governantes e da população é fundamental durante todo o ano. E, especialmente no verão, onde as chuvas são constantes, essa ação deve ser intensificada”, afirma ela.

A recomendação principal é eliminar todos os recipientes que acumulem água. Quando não puderem ser descartados, a orientação é que sejam devidamente vedados ou, ainda, tratados. A entomologista chama atenção para a vistoria de criadouros menos convencionais, como calhas de chuva, ralos externos, vasilhas de animais, bandejas de ar-condicionado e de geladeiras, vasos sanitários desativados ou pouco utilizados, entre outros. Conheça e compartilhe a cartilha dos 10 minutos contra o Aedes.

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Pesquisa de 1908 já descrevia características do A. aegypti


O verão de 1908 deixou a população carioca em alerta pelo risco da febre amarela. Foi nesse contexto que Antonio Gonçalves Peryassú, pesquisador do então Instituto Soroterápico Federal, que ganharia o nome de Instituto Oswaldo Cruz (IOC) naquele mesmo ano, fez descobertas sobre o ciclo de vida, os hábitos e a biologia do A. aegypti. Seus estudos foram fundamentais para a erradicação do mosquito em território nacional nas décadas seguintes e ainda hoje norteiam as pesquisas sobre o controle do vetor.

Numa monografia com mais de 400 páginas, intitulada Os Culicídeos do Brasil, o entomologista descreveu os hábitos do A. aegypti e de uma série de outros mosquitos da mesma família, apresentando aspectos nunca antes observados de sua biologia. Durante dois anos, Peryassú realizou uma série de experimentos com o A. aegypti. Seu estudo trouxe preciosas informações sobre aspectos como a resistência à dessecação do ovo do mosquito, que pode ficar até um ano sem contato com a água. Também fez observações quanto à produtividade dos criadouros, questão ainda debatida na atualidade, afirmando que, em geral, grandes reservatórios de água são os focos mais produtivos do vetor.


        Diversas características do Aedes aegypti observadas pelo pesquisador Antonio Peryassú (no centro, de paletó, durante trabalho de campo) continuam sendo estudadas até hoje


Entre suas mais interessantes descobertas estão, também, a relação do mosquito com a temperatura e a densidade populacional. Ao realizar o primeiro levantamento detalhado da infestação do mosquito no Rio de Janeiro, o pesquisador associou a maior presença do A. aegypti ao aumento da densidade populacional de certas áreas da cidade e também mostrou a similaridade entre o mapa da concentração da população do inseto com o da ocorrência de casos de febre amarela. Suas observações mostraram, ainda, que a queda da temperatura ambiente para menos de 20oC interfere no desenvolvimento e na reprodução do mosquito, que se reduzem drasticamente, levando a uma redução dos casos.


As descobertas de Peryassú deram ainda mais força à campanha movida pelo médico sanitarista Oswaldo Cruz para eliminação do mosquito, que foi controlado na década de 1920 no Rio de Janeiro e considerado erradicado do Brasil pouco mais de trinta anos depois. A maioria dos pontos levantados em suas pesquisas continua na agenda científica dos especialistas que hoje buscam desenvolver estratégias de controle do mosquito transmissor da dengue.


Estudo inédito do IOC


De forma inédita, um estudo liderado pelo IOC/Fiocruz identifica dois genes que atuam para regular o relógio biológico do inseto de acordo com a temperatura ambiental. Vetor da dengue, Zika e chikungunya, o mosquito Aedes aegypti se torna mais ativo com o calor, deslocando-se mais pelo ambiente, o que favorece a transmissão das doenças. Mas o que guia esse comportamento? Leia mais.


Fontes de informação: Instituto Oswaldo Cruz/Fiocruz e Ministério da Saúde





Fonte: IOC/Fiocruz
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