ENSP 67 anos: homenagem a Antonio Ivo de Carvalho, ex-diretor falecido em junho
Viva a ENSP! Viva Antonio Ivo! Viva o SUS! Foram as saudações mais repetidas na tarde de 31 de agosto, durante a homenagem a Antonio Ivo de Carvalho, como parte das comemorações dos 67 anos da ENSP. O evento exibiu
dois vídeos com a trajetória do ex-diretor da Escola, e depoimentos sobre o sanitarista, que faleceu em junho. Organizada pela Direção, em conjunto com o Departamento de Administração e Planejamento em Saúde (Daps) e o Centro de Estudos Estratégicos Antonio Ivo de Carvalho, a homenagem contou com a participação do diretor Marco Menezes, que destacou a pertinência dos diálogos, soluções e consensos; da chefe do Daps, Marcia Teixeira, que lembrou do poder de Ivo de convocar as pessoas para trabalhar em rede; além do coordenador do CEE-Fiocruz, Carlos Gadelha, que evidenciou a convergência entre o CEE e a ENSP. “Nós, juntos, vamos fazer muita diferença.”
Ao assistir o vídeo produzido pela Coordenação de Comunicação Institucional da ENSP, Marco comemorou esse momento de processo rico que tanto Antonio Ivo lutou, que é a democracia interna da Fiocruz. “É uma honra e desafio estar nesse lugar que ele já ocupou.” Revisitando toda a trajetória do ex-diretor, Marco Menezes o destacou como ator imprescindível na construção da Fiocruz. “A recordação do seu semblante tranquilo e sorriso no rosto, mesmo nos momentos mais tensos, nos ajudam a construir o que hoje tanto precisamos, que são os diálogos, soluções e consensos.”
Marco também lembrou o grande legado de Antonio Ivo para a ENSP, como a criação da Vice-Direção de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico, programa Inova, projeto Teias, Escola de Governo, e a grande inovação que foi o Programa de Educação a Distância, que, com a pandemia, torna-se “tão importante pilar para nossas resistências e resiliências.”
Marcia enfatizou o crescimento da ENSP durante a década dirigida por Antonio Ivo. “Ele soube aproveitar bem as oportunidades que a conjuntura oferecia". Como ex-aluna de mestrado em meados dos anos de 1990, início da implementação do SUS, "recordo-me do quanto ele nos mobilizava, valorizando o controle social, a efetivação dos conselhos de saúde”. Ela disse que Antonio Ivo sempre procurava brechas para aprimorar a democracia, estimulava a pensar saídas para vencer as desigualdades sociais. “Ele fará falta neste momento difícil de crise sanitária, mas que siga nos iluminando, pois estará presente constantemente na ENSP. Fica meu agradecimento pelo seu bom-humor, seu poder de convocar as pessoas para trabalhar em rede, sua atenção ao compartilhamento do conhecimento.”
Já Carlos Gadelha, que agora o substitui na Coordenação do CEE-Fiocruz, criado por Antonio Ivo, comparou o tema de aniversário da ENSP, Que país será este? Reconstruindo e construindo agendas e trajetórias´, ao perfil do sanitarista, pela inovação que ele imprimia, pois estava na Saúde Pública, mas com uma visão no mundo macro. “Uma semana antes do falecimento, ele me ligou para falar da dimensão da quarta revolução tecnológica frente aos desafios da Saúde Pública”. Segundo Gadelha, Antonio Ivo deixa, no CEE, muito vigor e capacidade reflexiva e um diamante que temos que trabalhar no futuro. “A maior homenagem que podemos fazer a ele é superar a própria agenda que ele criou, sob a marca do desenvolvimento, da saúde, da ciência e da democracia, como pensar o futuro do SUS, do trabalho e do bem-estar, o futuro das transformações produtivas do complexo econômico-industrial, a geopolítica da ciência tecnologia e inovação em vacina, além da nova organização da ciência por problemas e desafios nacionais.”
Gadelha evidenciou a importância da convergência entre o CEE e a ENSP. “Nós, juntos, vamos fazer muita diferença, ter ousadia de avançar na agenda da Saúde Pública, preservando ganhos e atualizando a agenda do Antonio Ivo para o contexto do século XXI, para pensar que país será este.”
No evento, também foi apresentado o vídeo, produzido pelo CEE e pela ENSP, com 14 depoimentos de amigos de Antonio Ivo e sanitaristas de renome, que respondem a duas questões: ‘O que você diria sobre Antonio Ivo aos novos sanitaristas da ENSP?’, e ‘Como o legado de Antonio Ivo nos ajuda a pensar o futuro do desenvolvimento do país?’
O primeiro depoimento é da presidente da Fiocruz, Nísia Trindade Lima. Ela relatou o quão inspiradoras foram as ideias dele. Ressaltou duas grandes contribuições de Ivo: o pensamento aberto sobre a gestão dos sistemas de saúde; e a articulação do trabalho para a Rede de Escolas em Saúde Pública no Brasil e na América Latina. “Sua capacidade de liderar e mobilizar diferentes perspectivas em prol do fortalecimento do SUS foi motivadora.”
Paulo Buss, ex-diretor da ENSP, falou sobre o trabalho de Antonio Ivo desde a saúde comunitária, pesquisador da Saúde Pública, até formulador do pensamento contemporâneo, e como grande diretor da ENSP. “Ele tinha visão de homem do mundo, que veio a contribuir para o amplo desenvolvimento da saúde, bem-estar e qualidade de vida.”
Sônia Fleury, Lígia Giovanella, Lúcia Souto, Margareth Portela, Pedro Barbosa, Maria Helena Mendonça, Jorge Bermudez, Maria Helena Machado, Marilene Castilho, Carlos Machado, Lígia Bahia também deram depoimentos para o vídeo.
A esposa Ana Furniel, coordenadora do Campus Virtual Fiocruz, encerrou o vídeo falando da generosidade do marido. “Ivo amava ser sanitarista, que, para ele, era estar perto dos que mais precisavam. Ele tinha amor pelo seu ofício. Dizia que, para ser um bom sanitarista, tem que ter sentimento de amor, atuar com dedicação, amor à causa pública. A vida dele era o SUS.” E acrescentou: “Ele era um cara do seu tempo e além do seu tempo. Acreditava que a democracia, liberdade e igualdade precisam estar no topo e na base.”
O vídeo tem a trilha sonora composta pelos filhos de Antonio Ivo, Maria e João Souto.
A Saúde Pública brasileira perdeu Antonio Ivo de Carvalho em 10/6/2021. Reconhecido por sua generosidade, criatividade, liderança, firmeza, irreverência, além de sua capacidade de inovação e forma agregadora e afetuosa de lidar com as pessoas, foi incansável defensor do Direito Universal à Saúde, do SUS, da igualdade, da justiça social e da democracia. O Informe ENSP publicou uma entrevista do diretor da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca ao fim da sua gestão 2004-2013. Ele destacou-se como peça fundamental para fortalecer o papel da ENSP na categoria de “Uma escola para ciência, saúde e cidadania”. Falecido aos 71 anos, Antonio Ivo deixa quatro filhos: João Rodrigo, Letícia, Maria e Guilherme e três netos, Helena, Inácio e Rafael.
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