Diretor da ENSP faz balanço de sua gestão
Antônio Ivo de Carvalho esteve nove anos à frente da Direção da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP). Foram dois mandatos e vários desafios enfrentados no âmbito da saúde nacional e internacional, das críticas ao SUS e das mudanças políticas no cenário global. Ainda assim, a Escola nunca deixou de se manter na vanguarda do debate e da construção de uma saúde pública para todos.
Em entrevista ao Informe ENSP, o diretor apresenta os avanços conquistados ao longo de sua gestão, iniciada em outubro de 2004, quando o então diretor Jorge Bermudez deixou o cargo para assumir a Unidade de Medicamentos Essenciais, Vacinas e Tecnologias da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), em Washington, Estados Unidos. Em maio de 2005, Antônio Ivo foi eleito para seu primeiro mandato como diretor da Escola e, em 2009, para o segundo. A seguir, ele fala sobre as principais áreas da ENSP (pesquisa, ensino e assistência), a promoção e a realização de diversos eventos nacionais e internacionais, deixando um amplo legado para a próxima Direção, que será eleita nos dias 8 e 9/5 e toma posse no dia 24 do mesmo mês.
Informe ENSP: Nesses nove anos de gestão, a Escola cresceu vertiginosamente em diversos campos. Vamos começar falando da pesquisa. Quais são os destaques da área em sua gestão?
Antônio Ivo de Carvalho: Criamos a Vice-Direção de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico como forma de reorganizar as linhas e grupos de pesquisa da Escola para, futuramente, ampliar o apoio à pesquisa, visando consolidar a excelência da ENSP como um centro de pesquisa em saúde pública reconhecido pela sociedade. As atividades de pesquisa em áreas estratégicas da saúde pública fizeram da ENSP uma referência em todo mundo. Tanto projetos institucionais como projetos de grupos interdepartamentais de pesquisadores são objetos de apresentação em congressos científicos no Brasil e no exterior, publicação de artigos, coletâneas e livros.
Com isso, a Escola passou a investir em programas voltados para a pesquisa e a inovação em saúde pública, com objetivo de promover o desenvolvimento e a difusão de tecnologias nessa área, utilizáveis no Sistema Único de Saúde brasileiro, a partir do acúmulo de conhecimento gerado na ENSP. Entre os muitos investimentos realizados, destaco o programa Inova-ENSP, criado em 2010 para apoiar pesquisa, desenvolvimento e inovação em saúde pública. O programa incentiva a implantação de uma estratégia institucional voltada para o fortalecimento da dimensão da pesquisa na ENSP, contribuindo para o reposicionamento da Escola como protagonista no que diz respeito a questões da esfera do Estado e de políticas públicas. Em 2010, foram 15 projetos selecionados, entre temáticos e universais, que receberam, no total, R$ 3 milhões. O valor foi o mesmo para o edital de 2013, com uma diferença: há uma parcela de recursos destinados a projetos para jovens doutores, com até oito anos de conclusão do curso. A edição de 2013 contemplou 22 projetos.
Além do Inova-ENSP, trabalhamos em busca da certificação de grupos de pesquisa e, consequentemente, sua consolidação na Escola. A ENSP inovou mais uma vez ao aderir previamente às novas recomendações propostas pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) no que diz respeito à certificação dos grupos de pesquisa. Para isso, a Escola já está adotando novas práticas de avaliação e estreitando sua relação com seus grupos de pesquisa. Atualmente, são cerca de 70.
Informe ENSP: Na sua gestão, a ENSP se associou à BioMed Central. O que isso representou?
Antônio Ivo: Desde novembro de 2009, quando a ENSP se associou à BioMed Central (BMC), editora de periódicos eletrônicos, de acesso aberto, em biomedicina, os artigos produzidos por pesquisadores da Escola vêm ganhando mais visibilidade em virtude da publicação em uma ampla carteira de periódicos. Atualmente, contabilizamos 42 artigos submetidos; destes, 20 foram aceitos. A partir de 2013, a iniciativa ganhou uma proporção ainda maior com a publicação de artigos em periódicos das editoras SpringerOpen e Chemistry Central, ambas também de acesso aberto, associadas à BioMed Central, que conta com 213 periódicos indexados. Essa expansão foi um fator muito relevante, pois as editoras SpringerOpen e Chemistry Central têm uma grande representação na área. A SpringerOpen foi lançada em junho de 2010 e é constituída de periódicos revisados pelos pares, além de abranger todas as disciplinas das áreas de ciência, tecnologia e medicina.
Informe ENSP: Atualmente, a Escola conta com quatro programas stricto sensu, com alto grau de excelência. Isso faz da ENSP uma referência entre as instituições acadêmicas do país. Qual foi a estratégia da sua gestão?
Antônio Ivo: Sempre buscamos garantir uma pós-graduação de excelência em todos os programas (Saúde Pública; Saúde Pública e Meio Ambiente; Epidemiologia em Saúde Pública; e Bioética, Ética Aplicada e Saúde Coletiva), com regulação e diretrizes institucionais, em busca do padrão de excelência internacional, mostrando a diversidade e a complexidade da Escola. Também não poderia deixar de destacar a ampliação dos mestrados profissionais e internacionais.
Em 2012, a ENSP ultrapassou a marca de 200 defesas de mestrado e doutorado. Os trabalhos defendidos nos quatro programas contabilizaram 211 teses e dissertações. Em destaque, o crescimento das defesas no mestrado profissional da Escola. Foi em 2011 que a Escola alcançou a casa das 2 mil defesas, totalizando 2.212 trabalhos apresentados ao longo de sua trajetória. Com a marca de 2012, a Escola se aproxima das 2.500 defesas em toda a sua pós-graduação stricto sensu.
Também oferecemos uma série de cursos fora da sede, no Rio de Janeiro. Nossa Escola está comprometida com a redução das desigualdades regionais na área acadêmica, uma vez que abraça iniciativas como o doutorado interinstitucional para universidades do Nordeste e mestrados profissionais em regiões mais carentes de formação. Também está comprometida com o apoio à estruturação de escolas de saúde pública em países africanos de língua portuguesa e em países da América Latina e, mais recentemente, iniciativas como o doutorado internacional com a Universidade de Coimbra.
Se, por um lado, a consolidação de laços de pesquisa aprofunda a internacionalização da ENSP, por outro, o apoio à formação de profissionais e docentes para as instituições nacionais busca sempre aperfeiçoar o Sistema Único de Saúde.
Mas não só de números se faz uma escola. Trabalhamos para impulsionar o desenvolvimento pedagógico dos programas de ensino, ampliando as inovações educacionais implantadas e visando a um alinhamento com os marcos da educação humanista e emancipadora. Dessa forma, promovemos convênio, por meio da educação a distância, com a Universidade Aberta do Brasil, do Ministério da Educação (UAB/MEC). Passamos também a utilizar tecnologias de videoconferência, ampliando, assim, nosso alcance nacional e internacional, inovando na área da educação em saúde.
Informe ENSP: A Escola buscou, ao longo dos últimos anos, fortalecer sua ação crítica perante o Estado e a sociedade a respeito de temas desafiantes e polêmicos da agenda pública. O que foi realizado nessa área?
Antônio Ivo: Criamos o blog Saúde em Pauta, que pode ser acessado a partir do Portal ENSP. Esse é um ambiente democrático de reflexão política, aberto a profissionais de saúde, que podem enviar opiniões sobre os temas em debate. Os temas serão incluídos de acordo com a análise de conjuntura, podendo refletir fatos, resultados de pesquisas, impacto na imprensa etc. Alguns dos temas debatidos nesse espaço são: Expansão da saúde suplementar ameaça o SUS? Participe do debate virtual; Drogas, políticas públicas e saúde; Rio+20 – Documento final: acesse e deixe seu comentário; Índice de desempenho do SUS.
A ENSP também vem atuando ativamente na organização de simpósios, seminários, centros de estudos e atividades científicas que despertam grande interesse em profissionais que atuam em outros municípios, estados e países e, em razão da distância, não podem comparecer a tais eventos. Por esse motivo, a transmissão dos encontros pela internet foi uma conquista importante, configurando-se em um valioso instrumento de divulgação, democratização e integração.
Ao longo dos anos, recebemos os mais diferentes convidados que abordaram uma infinidade de temas diversificados, principalmente em conferências de aniversário e de abertura do ano letivo da Escola. Podemos destacar, entre os muitos convidados, o músico e ativista político Marcelo Yuka; o antropólogo e cientista político Luiz Eduardo Soares; Marina Silva, na época ministra do Meio Ambiente; Carlos Minc, também ministro do Meio Ambiente na época; José Gomes Temporão, então ministro da Saúde; Gilberto Gil, ministro da Cultura na época; dom Mauro Morelli, ex-bispo da Diocese de Duque de Caxias; Marcio Pochmann, presidente do Ipea; Marcelo Neri, economista e chefe do Centro de Políticas Sociais; Boaventura de Sousa Santos, diretor do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra/Portugal; Sérgio Abranches, sociólogo e cientista político; Eugênio Vilaça Mendes, consultor em Saúde Pública do Banco Mundial; e João Pedro Stédile, coordenador do MST.
Ainda com a Vice-Direção de Pesquisa, promovemos a retomada das atividades do Centro de Estudos da ENSP (Ceensp), um importante espaço de atualização científica, com a troca permanente de experiências e conhecimentos entre pesquisadores de instituições do Brasil e de vários países, que vêm à Escola para debates com pesquisadores, alunos e demais interessados, com o objetivo de contribuir com os diversos temas da saúde pública. Seu intuito é apresentar e consolidar reflexões para a realidade de saúde pública e o sistema de ciência e tecnologia. Trata-se de um componente estratégico para a formação dos alunos, destinado à circulação de ideias e de diálogo com os diversos setores da saúde pública. Ao todo, desde 2006, já foram realizadas mais de 150 conferências, sempre com temas voltados para os assuntos em voga na sociedade brasileira e mundial.
Informe ENSP: Quanto à Vice-Direção de Coordenação Escola de Governo em Saúde (VDCEG), quais foram as conquistas mais representativas?
Antônio Ivo: Nossa gestão buscou consolidar a instância Escola de Governo como coordenadora das atividades de cooperação da Escola com órgãos do Estado e da sociedade e, também, com outras escolas de saúde pública, brasileiras e estrangeiras. Foram várias as iniciativas realizadas, como a oficina Atualização Conceitual e Programática da Escola de Governo; os estudos ENSP: uma Escola de Governo para o Brasil do Séc. XXI e Metodologia de Cooperação da VDCEG/ENSP; a elaboração pactuada das Diretrizes Estratégicas da Formação para o Estado da ENSP; a realização da pesquisa nacional que mapeia a situação das escolas e centros formadores; e o estabelecimento de um processo de acreditação pedagógica em saúde pública.
Apoiamos, ainda, a implementação do Contrato Organizativo de Ação Pública da Saúde (Coap); qualificamos o sistema de Ouvidoria e Auditoria do SUS; apoiamos a implementação da Política Nacional de Educação Permanente para o Controle Social no SUS; e as políticas de promoção da equidade no SUS em articulação com o movimento de educação popular em saúde.
Também no papel de função mediadora entre o ensino da ENSP e as necessidades de formação do SUS, a VDCEG tem atuado com a Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde, do Ministério da Saúde, no âmbito da Universidade Aberta do SUS (UnA-SUS); a Secretaria de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde, no âmbito da qualificação dos profissionais das redes de atenção priorizadas pelo Ministério e da formação de profissionais que atuam no enfrentamento da mortalidade materno-infantil; e da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde na qualificação de quadros em vigilância em saúde, sobretudo dos Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (CIEVs).
Ainda no papel de mediadora em relação ao ensino da ENSP, a VDCEG articulou a elaboração de um plano de trabalho conjunto de pesquisadores do Departamento de Ciências Sociais da Escola com o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Pobreza (MDS), no qual pesquisadores daquele departamento desenvolverão, nos próximos seis anos, um amplo programa de formação para os quadros do SUS em âmbito federal, estadual e municipal.
Atuando para fortalecer as iniciativas de outras Unidades da Fiocruz na função de Escola de Governo, a VDCEG articulou-se com o Canal Saúde para a elaboração e produção de uma minissérie televisiva, “Saúde em Cena”, que será utilizada como material pedagógico pelo Quali Conselhos – Programa de Apoio à Política Nacional de Educação Permanente para o Controle Social no SUS. Essa iniciativa representa um salto no processo de inovação educacional da ENSP, articulando dramaturgia e ciência, ensino e entretenimento.
Em termos de cursos ofertados, destacam-se a segunda edição do Curso Nacional de Formação de Gestores do SUS, com cerca de 7.500 alunos; o QualiConselhos – Programa de Apoio à Política Nacional de Educação Permanente para o Controle Social no SUS, voltado para 8 mil conselheiros de saúde; Curso de Formação para Agentes Comunitários de Saúde, que pretende qualificar cerca de 30 mil agentes comunitários em três anos; e o curso presencial de especialização em Saúde Pública, que, em cooperação com a SMSDC-RJ, formou 120 profissionais dos quadros da Secretaria de Saúde do Rio de Janeiro.
Informe ENSP: No âmbito da cooperação nacional e internacional, quais foram as conquistas?
Antônio Ivo: Consolidando ainda uma cooperação no âmbito nacional, a VDCEG teve participação ativa na Rede Nacional de Escolas de Governo, que articula mais de cem escolas de governo de todo o país. Ficamos ainda responsáveis pelo lançamento do Portal da Rede de Escolas e Centros Formadores em Saúde Pública. Já no âmbito da Cooperação Internacional, a participação na União de Nações Sul-Americanas (Unasul), a ENSP é a Secretaria Executiva da Unasul Saúde e tem sido base para difundir o conceito-prática de Escola de Governo pelos países sul-americanos e para a criação da Rede de Escolas de Governo em Saúde do Unasul.
Informe ENSP: Nesse período, a Direção trabalhou também para consolidar os serviços assistenciais da Escola, no Centro de Saúde Germano Sinval Faria (CSEGSF) e no Centro de Estudos da Saúde do Trabalhador e Ecologia Humana (Cesteh), como centros de referência e polos de inovação nas respectivas áreas. Como tudo isso ocorreu?
Antônio Ivo: Uma das nossas conquistas foi a acreditação do Cesteh, que recebeu seu certificado de acreditação internacional no fim de 2011. O mesmo ocorreu com o Centro de Saúde, certificado no início de 2012. As certificações – frutos de grande empenho e investimento de recursos da Direção – concedem à ENSP o reconhecimento da qualidade dos serviços prestados à população. O processo foi realizado pelo Consórcio Brasileiro de Acreditação (CBA), que aplica o método internacional da organização norte-americana Joint Commission International (JCI). Esse processo é uma avaliação externa que tem como objetivo criar e manter uma cultura de segurança na instituição e de qualidade no atendimento.
Liderança colaborativa e aperfeiçoamento contínuo dos processos, que incluem a escuta dos pacientes e seus familiares, foram critérios fundamentais para a certificação de ambos os departamentos, que pode ou não ser renovada a cada três anos.
Informe ENSP: O ensino também não foi esquecido no Centro de Saúde. Quais foram as conquistas?
Antônio Ivo: Em 2013, demos início à segunda turma do curso de Mestrado Profissional em Atenção Primária em Saúde da ENSP, com ênfase na Estratégia de Saúde da Família (ESF). Esse curso de mestrado profissional integra o Programa de Pós-Graduação em Saúde Pública da Escola, uma iniciativa acadêmica reconhecida pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes/MEC). Criamos, ainda, o Programa de Residência Médica em Medicina de Família, cujo objetivo é proporcionar ao médico residente condições teóricas e práticas para desempenhar as ações de promoção da saúde e de uma atenção individual dentro dos princípios e da missão da Estratégia de Saúde da Família para a Atenção Básica de Saúde. O programa tem dois anos de duração, com 20% de atividades teóricas e teórico-práticas e mais 80% de atividades práticas de formação em serviço.
Informe ENSP: Como foi o processo de incorporação da iniciativa Território Escola Manguinhos (Teias) à ENSP?
Antônio Ivo: O Teias é fruto de uma cooperação inovadora tripartite entre o governo federal, por intermédio da ENSP/Fiocruz, e o governo estadual e municipal do Rio de Janeiro. Cabe à Escola fazer da região um território integrado de saúde como espaço de inovação das práticas do cuidado, do ensino e da pesquisa em saúde e melhoria da condição atual de saúde da população. Em menos de um ano de atividades, em 2010, a iniciativa Teias-Escola Manguinhos alcançou 100% da cobertura de saúde da família na região, contando, na época, com 13 equipes de saúde e ainda 3 equipes de saúde bucal.
Esse programa assume a responsabilidade de gestão direta da Atenção Primária à Saúde (APS), conforme modelo da estratégia de saúde da família, a toda a população residente. O Teias é um espaço de inovação, surge do conceito de bairro-escola aprendiz, desenvolvido em 1997 e definido como um espaço educativo estruturado em redes de relações intersetoriais.
Informe ENSP: Uma grande conquista para a ENSP é a modernização do parque laboratorial da ENSP, com a construção de um prédio de laboratórios. Qual seu significado para a Escola?
Antônio Ivo: Construir a Central de Laboratórios, com base em um Plano Diretor de Pesquisa e Serviços Laboratoriais, restaurando o papel da ENSP como produtora de conhecimento e serviços de ponta na área laboratorial da saúde pública era um dos desafios da nossa gestão. E conseguimos realizar isso. Reafirmamos nosso compromisso como uma instituição de referência na saúde pública ao lançarmos a pedra fundamental do novo prédio de laboratórios, cuja estrutura abrigará 23 laboratórios, vinculados a cinco de nossos departamentos. Esse projeto teve parceria dos chefes de departamento, da Coordenação de Serviços Ambulatoriais e Laboratoriais, da Dirac e da Vice-Presidência de Pesquisa e Laboratórios de Referência da Fiocruz. Com isso, a ENSP ratifica sua excelência acadêmica e o comprometimento com o SUS na luta por melhores condições de saúde para a população e produção de conhecimento, sobretudo científica.
Informe ENSP: Na sua segunda gestão, a Escola lançou o Repositório Institucional buscando ampliar a divulgação de sua produção científica. O que isso significa?
Antônio Ivo: Entendemos o quanto é estratégico para uma instituição pública como a nossa disponibilizar e dar visibilidade a toda sua produção científica e fizemos isso colocando no ar o Repositório Institucional de Produção Científica. O acesso para inclusão de material no repositório é restrito aos autores da Escola (pesquisadores, funcionários e alunos). O repositório é fruto da Política Institucional de Acesso Aberto ao Conhecimento, que vem sendo desenvolvida pela Escola desde abril de 2011. De acordo com alguns estudos, as áreas de ciências da saúde e ciência política obtiveram aumento de 57% no índice de citações de artigos em acesso aberto. Áreas como psicologia e direito alcançaram 108% de aumento; na área de administração, o aumento foi de 92%; e a área de física chegou a 250% de aumento no índice de citações de artigos em acesso aberto. São números relevantes e reveladores.
Informe ENSP: A Política de Acesso Aberto da Escola foi um marco da sua gestão e um processo inédito entre as unidades da Fiocruz. O que esse importante passo significou?
Antônio Ivo: Desde setembro de 2012, a Escola Nacional de Saúde Pública dispõe de uma Política Institucional de Acesso Aberto - que marcou sua adesão a esse movimento global - como ato mandatório a seus pesquisadores. Essa política foi publicada oficialmente no site Registry of Open Access Repositories Mandatory Archiving Policies (ROARMAP). Outra novidade em 2013 é que o Repositório Institucional de Acesso Livre em Saúde Pública da Escola também se encontra devidamente registrado no OpenDOAR – um diretório acadêmico oficial de repositórios de acesso aberto. Essas ações contribuem para que a ENSP continue a expandir seu trabalho em prol do acesso aberto ao conhecimento científico. Nossa política visa à ampliação do acesso à literatura científica, para garantir o progresso da ciência e o desenvolvimento tecnológico.
A publicação da produção científica da ENSP em acesso aberto está disponível por meio do seu Repositório Institucional de Produção Científica. Trata-se de uma plataforma tecnológica que agrega uma base de dados com serviços e acesso via web. Seu principal objetivo é colocar disponível e com mais visibilidade a produção científica da ENSP.
Informe ENSP: A área das tecnologias da informação e comunicação (TICs) deram um grande salto nos últimos anos, e a ENSP não ficou para trás. O que foi feito como forma de integrar as novas tecnologias aos processos de pesquisa científica, ensino e aprendizagem?
Antônio Ivo: Nossa visão sempre foi desenvolver na ENSP a excelência na gestão e consolidar uma área de TICs, estabelecendo uma governança estratégia e participativa. Reconhecendo a contribuição cada vez mais decisiva da TI para a melhoria do desempenho das organizações, a Direção da ENSP tem dado enorme atenção para essa área, com vistas a estabelecer uma gestão mais integrada e profissional do setor, bem como renovar o parque de equipamentos e tecnologias da instituição, de modo a proporcionar melhores recursos e serviços de TI à comunidade da ENSP.
A partir disso, criamos a Comissão de TI, com representantes das áreas de Comunicação, Informação, Educação a Distância, que funcionou até a criação da Coordenação de Tecnologia de Informação. Foi criado também um Grupo de Trabalho, cujo objetivo é atuar em torno das políticas de TI, em que estarão implícitas normas de uso e manuseio da internet, conta de e-mail, aquisição, desenvolvimento e suporte a sistemas de informações, e a aquisição de hardware e software, dentre outras.
Informe ENSP: O trabalhador não foi esquecido durante sua gestão. Várias práticas inovadoras para ampliar a qualidade de vida e de trabalho na ENSP ocorreram nos últimos anos. O que você pode falar delas?
Antônio Ivo: A ENSP sempre demonstrou, ao longo do tempo, a constante preocupação com a sustentabilidade e, por meio de diversas ações, incorporou tais conceitos à sua prática cotidiana. A contratação com adoção de critérios socioambientais é realizada na Escola desde 2008. A necessidade de um tratamento sistêmico dessas ações direcionou a criação de uma Comissão de Gestão Sustentável, formalizada pela Portaria da ENSP GD-ENSP 017/2012, em 5/6/2012, de caráter multidisciplinar. A Comissão de Gestão Sustentável, vinculada à Vice-Direção de Desenvolvimento Institucional, tem caráter consultivo e indutor de políticas na área de sustentabilidade para a ENSP, tendo como finalidade elaborar as diretrizes da Política e do Plano de Ação da Gestão Sustentável e apoiar estudos e propostas que visem ao pleno cumprimento da legislação ambiental vigente, atuando de forma articulada com as diversas instâncias, buscando melhoria contínua de processos no que tange ao alcance da sustentabilidade socioambiental.
Mais recentemente, a ENSP inaugurou o Centro de Estudos sobre Tabaco e Saúde (Cetab/ENSP), que vai ao encontro das prioridades estabelecidas pelo Brasil, como Estado-parte da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco.
A Tenda da Gestão Ambiental, ligada à preservação do meio ambiente - como a entrega de pilhas, óleo de cozinha e campanhas educativas -, é montada no pátio interno da Escola toda quinta-feira. Em colaboração com a Diretoria de Administração do campus (Dirac/Fiocruz), foi realizado um convênio com a Eletrobras para troca de aparelhos de ar-condicionado, com vistas à economia de energia.
Já o projeto Pedalando pela sua Saúde, pelo Nosso Planeta, é outra iniciativa. Ela é voltada para a qualidade de vida, que incentiva o deslocamento saudável e sustentável por meio de 24 bicicletas alocadas em dois bicicletários do campus Manguinhos, para serem utilizadas gratuitamente pelos colaboradores nesse local. O projeto é desenvolvido e executado pela ENSP desde 2008.
Mantivemos ainda os projetos Café da Manhã, gratuito para os trabalhadores da ENSP, o Palavras no caminho, campanhas de educação de trânsito para motoristas e pedestres etc.
Para finalizar, gostaria de agradecer a cada um dos trabalhadores e aos nossos alunos a confiança que depositaram em mim e na minha equipe nesses dois mandatos. Gostaria de destacar a dedicação e o empenho dos vices, que me ajudaram a conduzir, com seriedade, toda política institucional da Escola: meu muito obrigado à Margareth Portela, vice-diretora de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico; Maria Helena Mendonça, vice-diretora de Pós-Graduação; Marcelo Rasga, vice-diretor de Escola de Governo; e Francisco Braga, vice-diretor de Desenvolvimento Institucional e Gestão. Por fim, não posso deixar de agradecer a todos os membros do Conselho Deliberativo da Escola (CD-ENSP) que tanto ajudaram com suas ideias nos inúmeros debates e decisões tomadas em benefício de nossa Unidade.
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