Dia Nacional de Combate à Dengue: conheça o panorama da doença no Brasil
Publicado em:17/11/2020
Por Danielle Monteiro
A data de 17 de novembro marca o Dia Nacional de Combate à Dengue. Pouco noticiada em tempos de pandemia, a doença ainda é um problema de Saúde Pública em diversos estados do Brasil. De acordo com o último Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde, foram notificados 931.903 mil casos prováveis de dengue no país entre 29 de dezembro de 2019 e 19 de setembro de 2020. O período também registrou 763 casos da forma grave da doença, 8.727 mil casos de dengue com sinais de alarme (DAS) e 492 óbitos. A região Centro-Oeste apresentou a maior incidência de dengue, com 1.168,2 mil casos/100 mil habitantes, seguida das regiões Sul (929,1 casos/100 mil habitantes), Sudeste (340,2 casos/100 mil habitantes), Nordeste (249,8 casos/100 mil habitantes) e Norte (107,6 casos/100 mil habitantes).
Os dados também apontam que, até a Semana Epidemiológica (SE) 11, a curva epidêmica dos casos prováveis em 2020 ultrapassou o número de casos do mesmo período no ano anterior. Porém, a partir da SE 12, houve redução dos casos prováveis, em comparação com 2019. A queda, no entanto, não reflete boas notícias. “Essa redução pode ser atribuída à mobilização que as equipes de vigilância epidemiológica estaduais estão realizando diante do enfrentamento da emergência da pandemia de Covid-19, o que pode estar ocasionando atraso ou subnotificação das arboviroses. Outro fator importante que pode estar associado ao contexto da pandemia é o receio da população em procurar atendimento em uma unidade de saúde”, informa o boletim.
Dengue e a pandemia de Covid-19
Quem teve dengue não pega Covid-19? A indagação, incitada por estudos liderados por um neurocientista brasileiro, circulou nos últimos meses na imprensa e ainda deixa dúvidas sobre a correlação entre a doença provocada pelo mosquito Aedes Aegypt e o novo coronavírus.
Ao analisar a dinâmica da pandemia no Brasil, a pesquisa apontou que locais com muitos casos de dengue em 2019 e no início de 2020 tiveram menos infecções e óbitos por Covid-19, sugerindo, assim, que a dengue pode oferecer imunidade contra a doença provocada pelo novo coronavírus. A suspeita ainda está sendo estudada por outros pesquisadores.
Contexto socioambiental e casos de dengue no Rio de Janeiro
Em meio às suspeitas de uma possível correlação entre dengue e imunidade contra a Covid-19, um estudo, realizado pela aluna Julia Peixoto, do Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia em Saúde Pública da ENSP, apontou outra possível associação entre a doença provocada pelo Aedes Aegypt e o contexto socioambiental no qual foram registrados casos de dengue. Ao avaliar a utilização de unidades espaciais segundo fatores socioambientais, com o objetivo de compreender a dinâmica de ocorrências da dengue no ambiente urbano do município do Rio de Janeiro, a pesquisa a acendeu o alerta para a necessidade de reavaliação da divisão das Áreas de Planejamento de Saúde (APs) considerando seus perfis de agrupamento, para a melhor compreensão do processo saúde-doença na região.
“Dessa maneira, o uso de metodologias de análise espaciais que permitam agregar os bairros de forma homogênea, baseado em indicadores situacionais, traz novas perspectivas que podem melhorar o planejamento de políticas públicas de saúde e, principalmente, o combate efetivo de arboviroses como a dengue, uma vez que identifica áreas estratégicas que devem receber mais atenção”, destacou a aluna.
Estudos de áreas persistentes com risco aumentado para dengue
Outro estudo liderado pela ENSP buscou definir as áreas persistentes com risco aumentado de dengue por meio da detecção de clusters em espécies com diferentes padrões de mobilidade e imunidade no Rio de Janeiro. O cluster da dengue é definido como pelo menos dois casos localizados a 200 metros um do outro e cujas datas de início dos sintomas estão a três semanas uma da outra.
Publicada nos Cadernos de Saúde Pública, a pesquisa constatou que a Zona Oeste da cidade, região com crescimento urbano desordenado e média de renda baixa, é a que apresenta maior risco de transmissão de dengue.
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