Artigo de Paulo Amarante e Sidarta Ribeiro defende mais práticas holísticas em saúde mental
“Percebemos o abandono das várias formas de compreensão da experiência humana, concebidas, por exemplo, pelas diferentes religiões, pela relação de ancestralidade dos povos originários, assim como pelas diferentes áreas das ciências humanas, tais como Antropologia, Artes, Filosofia e História”, observa o pesquisador da ENSP, Paulo Amarante, em entrevista ao blog do CEE-Fiocruz.
O artigo faz uma crítica aos modelos psiquiátricos hegemônicos do século XX, centrados na noção de doença, que atribuem a fenômenos psicológicos complexos, tais como psicose ou depressão, uma causa natural, seja bioquímica ou neurofisiológica. De acordo com Amarante, "tais explicações causais acabam não levando em conta, inclusive, as várias abordagens oferecidas pela psicanálise e psicologia e assim o mal-estar humano, o fracasso emocional, profissional, e o que envolve as relações afetivas, perdem o valor".
Conforme alerta o psiquiatra, um dos protagonistas da luta antimanicomial e da Reforma Psiquiátrica no Brasil, está havendo uma hipermedicalização na saúde mental. Ele identifica, nas práticas médicas atuais, que o predomínio dessa visão mono causal bioquímica como explicação dos transtornos leva à prescrição de tratamento bioquímico como único recurso terapêutico possível. As consequências disso, de acordo com o pesquisador, são imprevisíveis. “Os profissionais aprendem a prescrever medicamentos e depois não sabem tirar”, aponta Paulo, referindo-se à dificuldade de acompanhamento dos efeitos desses remédios e da dependência que muitos deles causam no paciente. “O que estamos propondo é uma abordagem mais complexa, no sentido filosófico do termo, polissêmica e holística da experiência humana”, conclui.
Assinam o artigo 'It is time for more holistic practices in mental health' o psiquiatra Paulo Amarante, o neurocientista Sidarta Ribeiro, psicóloga Ana Pimentel, e os pesquisadores do Instituto de Psiquiatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Valter Fernandes e Andrea Deslandes.
Fonte: CEE-Fiocruz
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