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Estudo etnográfico mapeia modos de brincar e cuidar de crianças de Manguinhos

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Publicado em:17/10/2023
Por Danielle Monteiro

Brincar faz bem à saúde. É o que revela pesquisa coordenada pelas pesquisadoras do Departamento de Estudos sobre Violência e Saúde Jorge Careli (Claves/ENSP), Liane Silveira e Simone Assis, e o psicólogo do Centro de Saúde Escola Germano Sinval Faria (CSEGSF/ENSP), Carlos Eugênio Lacerda. O estudo mapeou os modos de cuidar e de brincar de crianças, suas famílias e profissionais de saúde e educação, que são moradores do território de Manguinhos, no Rio de Janeiro, e o impacto dessas atividades lúdicas na saúde mental infantil. O estudo atribuiu uma dimensão de pesquisa ao trabalho que vinha sendo realizado no Centro de Saúde por Carlos Eugênio Lacerda e que foi interrompido pela pandemia de Covid-19.

Por meio de brincadeiras e jogos envolvendo temas sobre ciência, a pesquisa etnográfica, intitulada Modos de brincar e de cuidar de crianças entre camadas populares no contexto da pandemia de Covid-19, buscou acessar o cotidiano das famílias, assim como dos profissionais de saúde e de educação, partindo da hipótese de que os afetos familiares podem fazer muita diferença, tanto na saúde mental e no dia-a-dia dos pequenos e dos adultos, quanto na formação da criança como pessoa. Desenvolvido no âmbito do Programa de Políticas Públicas e Modelos de Atenção e Gestão do Sistema e dos Serviços de Saúde (PMA), da Vice-Presidência de Pesquisa e Coleções Biológicas da Fiocruz, o estudo contou com uma equipe de trabalho de campo multidisciplinar, formada por profissionais das áreas de antropologia, psicologia, comunicação e museologia.

Foram acompanhadas 16 crianças, de 4 a 12 anos de idade, entre abril de 2022 e maio de 2023. Porém, segundo Liane, a frequência foi maior e contou com a presença flutuante de diversas crianças: “A medida em que as crianças passavam pelo local, elas se sentiam convidadas a participar.”
 
Liane conta que a pesquisa foi importante também para pensar o tema da divulgação científica a partir da perspectiva do público infantil, além de produzir um inventário de brincadeiras, apresentadas espontaneamente pelas crianças e propostas pela equipe de trabalho de campo, que sirva como subsídio para práticas de atendimento ambulatorial humanizado e em espaços escolares e domésticos. “Ao brincar, acessamos as brincadeiras das crianças realizadas em sua casa. Agora, estamos constituindo um inventário e uma maneira de abordar as crianças, de maneira lúdica, em setores da Saúde”, explica Liane. A previsão é de que o levantamento esteja pronto ainda este mês. Também como fruto da pesquisa, será lançada uma websérie com aproximadamente quatro capítulos sobre o método utilizado durante o trabalho de campo, sobretudo a abordagem singular de acesso ao universo infantil empregada por Carlos Eugênio Lacerda.

O inventário ainda está sendo elaborado, mas alguns resultados do estudo já podem ser apontados, conforme adianta Liane: “Crianças encaminhadas com suposto diagnóstico de TDAH, ou consideradas agitadas, durante o trabalho de campo permaneciam totalmente absorvidas pelas atividades e propostas lúdicas, por exemplo”.

A pesquisa também revelou que as brincadeiras geravam um momento de suspensão do uso de telas, conforme narra Liane: “As crianças brincavam e estabeleciam contatos visuais umas com as outras. Elas interagiam mais e entravam em contato com o desafio de resolução de seus ‘pequenos’ (para elas, grandes) conflitos”. 

Também foi observado que as atividades lúdicas ajudaram as crianças a desconstruir um espaço de saúde atrelado à dor. “O espaço era reconstruído de maneira lúdica e aprazível”, conta Liane. Segundo ela, outro ponto positivo revelado durante o trabalho de campo foi um novo conceito de divulgação científica, surgido quando a bolsista integrante da equipe organizou uma exposição dos desenhos dos pequenos.  “Foi uma experiência muito bem acolhida pelas crianças, que ficaram orgulhosas delas mesmas, e, para nós, que tivemos a oportunidade de considerar, em primeiro plano, a fala da criança. Esta observação é muito importante para mim. Foi uma questão que sempre procurei enfatizar e perseguir”, conclui.

A pesquisa Modos de brincar e de cuidar de crianças entre camadas populares no contexto da pandemia de Covid-19 foi tema da edição 75 de O Manguinho. Confira!








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