'Parto normal é a preferência de 85% das mulheres no mundo'

Na opinião de Belizán, as taxas de cesariana expressam uma iniquidade no mundo. “Os países menos desenvolvidos necessitam de mais cesarianas para salvar a vida de mulheres e meninos, mas, por outro lado, os países muito desenvolvidos e medianos estão cometendo um abuso em relação a cesariana”, alertou.
O exagero na taxa de cesárea, segundo o médico argentino, não é explicada pelo desejo da mulher. “Pesquisas revelam que apenas 15% das mulheres preferem esse tipo de parto. Portanto, há uma desordem no mundo, e uso desnecessário desse procedimento ocasiona mais danos do que benefícios para a mãe e o bebê. A saúde reprodutiva da mulher fica marcada”.
Além de elogiar a mobilização de todos os congressistas em relação ao tema, o palestrante disse estar encantado com a preocupação brasileira para modificar os maus procedimentos e as ações injustas que envolvem o parto e nascimento. Ainda assim, se trata de um quadro que necessita ser modificado no nosso continente, pois em uma lista de 10 países com altas taxas de cesarianas desnecessárias, quatro são Latino-Americanos. “Pesquisas nos hospitais demonstraram que a alta taxa de cesariana não é explicada pelo risco da gravidez. As evidências científicas não comprovam o elevado número desses procedimentos cirúrgicos”.
Belizán destacou a necessidade de mudanças no coração e mente dos profissionais de saúde. “O parto normal, pela sua própria definição, deveria ser o mais comum, o mais frequente. Infelizmente há uma inversão dessa situação no Brasil e em outros países. A ciência nos dá instrumentos para reforçar a importância do parto normal, mas também precisamos mudar corações e mentes. Um congresso dessa dimensão será mais um instrumento para repercutir o que os estudos legitimam, mas só com o coração mudaremos essa realidade.”
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