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Espaços de Educação e Informação em Saúde em construção no Haiti

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Publicado em:31/10/2012
Arquitetos brasileiros e haitianos estão trabalhando juntos para a construção de 11 Espaços de Educação e Informação em Saúde (EEIS) no Haiti. O projeto das EEIS surgiu da Cooperação Tripartite Brasil-Cuba-Haiti, a partir da constatação de que não havia espaços adequados suficientes para serem usados como salas de aulas no processo de capacitação e formação de recursos humanos que foi desenhado pela Tripartite, em especial espaços descentralizados, nos departamentos. Para possibilitar e agilizar a construção desses espaços no Haiti, estabeleceu-se uma parceria entre profissionais da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP/Fiocruz) e da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) com dois jovens recém-formados arquitetos haitianos.
 
Espaços de Educação e Informação em Saúde em construção no Haiti
 
A equipe de arquitetos é coordenada pela arquiteta e professora doutora da ENSP/Fiocruz Luisa Regina Pessoa e conta com as arquitetas brasileiras Ildary Machado, que tem mais de 25 anos em projetos e obras em edificações de saúde e que está na equipe para atuar como tutora e apoiar a estruturação dos projetos de construção e execução de obras dos EEIS, e Lucienne Landeira, que tem mais de dez anos de experiência em manutenção de edificações de saúde e que, além de atuar como tutora, dará apoio à estruturação de um plano de manutenção para os Espaços. A equipe também conta com os arquitetos haitianos recém-formados no Brasil, em Belo Horizonte (MG), Roubens Bruno e Thamar Jerome. Os dois profissionais foram contratados em julho de 2012, e o trabalho deles se encaixa em um processo de educação permanente, sendo introduzidos nas especificidades de projetos e execução de obras em espaços públicos na área de saúde.
 
“Sem Roubens e Thamar nos apoiando no Haiti, nosso trabalho de implantação das EEIS levaria o dobro ou o triplo do tempo para ser concluído”, afirma a coordenadora do projeto, Luisa Pessoa. “Eles são nossos olhos no Haiti. Em abril, Ildary e eu identificamos alguns espaços oferecidos para construirmos as EEIS. Em julho, Roubens e Thamar visitaram novamente os locais e fizeram uma visita técnica, seguindo questionários que elaboramos. Quando Ildary, Lucienne e eu chegamos, eles dispunham de informações técnicas para que pudéssemos detalhar os projetos dos quatro primeiros Espaços, nas cidades de Jacmel, Gonaives, Hinche e Porto Príncipe. De julho para cá, são Roubens e Thamar que estão fazendo o detalhamento dos projetos, correndo atrás da papelada, apresentando os projetos para autoridades haitianas. Conversamos por e-mail diariamente”, conta Luisa.
 
O trabalho é visto pelos dois jovens arquitetos haitianos como uma grande oportunidade, como explica Roubens: “Está sendo um momento de muita aprendizagem como profissional. Estamos adquirindo mais experiência na arquitetura hospitalar e também na manutenção predial, o que era muito necessário aqui no Haiti, pois não há muitos profissionais neste ramo.” A arquiteta Thamar ressalta que, “desde que estava cursando Arquitetura e Urbanismo no Brasil, a minha preocupação era em como ajudar o meu país e o que fazer na minha volta. Com esse projeto acho que consegui contribuir, mesmo que seja um pouco, ajudando o Haiti. Vejo a minha participação como uma oportunidade única e com isso passei a ter o olhar de que o Haiti terá um futuro melhor”.
 
Continuidade
 
Tanto Roubens como Thamar chamam a atenção para a importância da continuidade do projeto. “Ele visa ao futuro continuando a manter o funcionamento desses espaços e ainda capacitando e formando profissionais na área de manutenção. O Haiti tem muito a ganhar nesta cooperação, principalmente com o fortalecimento do Ministério da Saúde haitiano (MSPP), com a construção das EEIS e a capacitação dos que trabalham no projeto”, conclui Thamar. “A nossa participação como profissionais haitianos no projeto é muito importante para assegurar a continuidade dele. A cooperação visa ao fortalecimento do sistema de saúde do país, e se podemos dizer que a saúde é o principio da vida, e estamos falando de reconstrução, ela é um ponto importantíssimo”, acrescenta Roubens.
 
Luisa também destacou a importância do trabalho ter continuidade. “Estamos seguindo as diretrizes de cooperação internacional adotadas pela Fiocruz: horizontal e estruturante. Neste contexto, na missão de julho, buscamos identificar sistemas construtivos usualmente adotados no Haiti, como o bloco de concreto, e identificamos empresas construtoras também haitianas capacitadas para a execução das obras. A ideia é fortalecer a indústria local e apoiar o desenvolvimento da forma de trabalho haitiana”, explica Luisa. “O desafio de desenvolver projetos para realidades bem diferentes da nossa nos fez estudar e procurar soluções com diversas construtoras haitianas. Este trabalho de pesquisa local foi fantástico, porque visitamos lojas de construção, canteiros de obras e trocamos experiências com outros profissionais haitianos”, conta Ildary. Luisa revela ainda que “entendemos o sistema antissísmico que estão desenvolvendo. É o mesmo sistema que adotamos no Brasil para fazermos cisterna de bloco de concreto. Na realidade, vamos colocar varas de ferro no interior dos blocos de concreto, pois, no caso de um abalo, a parede balança mas não desmorona porque os ferros no interior dos blocos não deixam. E usaremos telhas metálicas nas coberturas. Tradicionalmente, o sistema construtivo haitiano usa lajes nas coberturas, mas foram essas lajes, quando se romperam e caíram, que provocaram muitas mortes.”
 
Conheça mais sobre os Espaços de Educação e Informação em Saúde (EEIS)
 
Os Espaços de Educação e Informação em Saúde (EEIS) foram criados pela coordenadora do projeto, Luisa Regina Pessoa, após visita, em 2011, de um grupo de epidemiologistas haitianos à Estação Observatório de Tecnologias de Informação e Comunicação em Saúde (Otics) implantada na Comunidade de Manguinhos, no Rio de Janeiro. Ela se encantou com a ideia e, tempos depois, profissionais da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP/Fiocruz) e da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), responsáveis pela implantação da Rede Haitiana de Vigilância, Pesquisa e Educação na Saúde, identificaram a inexistência de espaços suficientes e adequados para serem usados como salas de aula no processo de capacitação e formação de trabalhadores que eles estavam desenhando no âmbito da Tripartite. Havia falta, sobretudo, de espaços descentralizados, nos departamentos. O conceito dos Otics, desenvolvido pela UFRGS, aliado à necessidade dos espaços de capacitação, deu origem aos EEIS.
 
A proposta é implantar um Espaço em cada um dos dez Departamentos do Haiti, além do EEIS de Carrefour, que está sendo estruturado como um laboratório para as propostas que estão sendo construídas na Tripartite e executadas pelo Brasil. Os EEIS são edificações de 150 a 200 metros quadrados, compostas de duas salas de aulas com capacidade de 30 alunos cada, um laboratório de informática para alunos e professores/tutores, uma sala de situação para os epidemiologistas, uma secretaria acadêmica, dois alojamentos com banheiros para seis pessoas cada e uma cozinha. Na realidade, os EEIS poderão se transformar em uma poderosa Rede de Informação, Educação e Comunicação em Saúde.
 
Reportagem: Gabriel Cavalcanti (Via Agência Fiocruz de Notícias)
 
Foto: Mayna de Ávila

Fonte: Agência Fiocruz de Notícias
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