Espaço de Saúde Zilda Arns é inaugurado em Porto Príncipe, no Haiti
A cooperação tripartite em saúde no Haiti, firmada pelos governos do país caribenho, do Brasil e de Cuba, acaba de dar um novo passo. Foi inaugurado nessa quarta-feira (18/7), em Porto Príncipe, o Espaço de Saúde Zilda Arns, em homenagem à médica pediatra e sanitarista brasileira que se dedicou às causas humanitárias e de saúde no Haiti e faleceu em terremoto sofrido pelo país em 2010. O local, que vem abrigando as reuniões e atividades das equipes técnicas do Ministério da Saúde do Brasil e da Fiocruz atuantes no Haiti, está localizado junto ao edifício da Embaixada do Brasil, facilitando uma série de atividades relacionadas à cooperação e à diplomacia brasileira. Além do Ministério da Saúde e da Fiocruz – por meio do Centro de Relações Internacionais em Saúde (Cris), do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict), do Canal Saúde e da Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP) –, participam da iniciativa as universidades federais do Rio Grande do Sul (UFRGS) e de Santa Catarina (UFSC).
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, destaca o papel que Zilda Arns desempenhou no âmbito da saúde da criança, dentro e fora do país. “A inauguração desse espaço de saúde é uma homenagem e um reconhecimento da importância e relevância das atividades desenvolvidas por Zilda Arns no campo da saúde no Haiti”, declara. O local dispõe de sala para reunião, três escritórios para o desenvolvimento das atividades durante as missões técnicas, sala para guarda de documentos e insumos, além de cozinha e sanitários.
Para o coordenador da cooperação tripartite na Fiocruz, Paulo Buss, o trabalho de Zilda Arns na Pastoral da Criança, ONG fundada pela médica, contribuiu significativamente para firmar a política externa brasileira: “Zilda Arns foi uma verdadeira embaixadora do Haiti. Ela tinha um carinho muito grande pelo país e dava especial atenção às regiões com mais dificuldades”, destaca. Ele também ressalta a importância do local recém-inaugurado para o desenvolvimento das atividades da cooperação tripartite no Haiti: “O Espaço de Saúde Zilda Arns vai propiciar um intercâmbio entre profissionais haitianos e a experiência brasileira. A Fiocruz desempenha papel importante nisso, pois é responsável pela formação dos agentes comunitários. Ações no campo da saúde são essenciais para ajudar na reconstrução do país, pois a saúde é uma área mais carente no Haiti e tem repercussão na qualidade de vida da população”, complementa.
Segundo Carlos Linger, assessor técnico da cooperação tripartite no âmbito do Centro de Relações Internacionais em Saúde (Cris/Fiocruz), a inauguração do espaço vai possibilitar a legitimação da solidariedade internacional e, com isso, a repercussão de ações solidárias e bem-sucedidas: “O papel principal dessa cooperação é financiar e fornecer infraestrutura para ações e serviços no Haiti, desenvolvendo iniciativas nas áreas de capacitação e ensino, higiene, saúde pública e saneamento, além de reforçar a capacidade de resposta do Ministério da Saúde haitiano”, explica. Para Érica Kastrup, da Assessoria de Cooperação Internacional da Ensp/Fiocruz, a inauguração do local é uma conquista de todos os envolvidos na iniciativa e uma confirmação do projeto em si: “A inauguração desse espaço representa nosso reconhecimento como cooperação e as diversas interfaces do projeto nas quais a ENSP atua”, ressalta.
Cooperação tripartite em saúde no Haiti
Criada em 2010 para fortalecer os sistemas de saúde e de vigilância epidemiológica haitianos, considerando as dificuldades enfrentadas pelo país após o terremoto sofrido nesse mesmo ano, a cooperação tripartite em saúde no Haiti atua em quatro eixos: assistência, vigilância sanitária, imunização e formação de recursos humanos. Entre as ações previstas pela cooperação, está a construção de quatro hospitais comunitários de referência (HCR) – localizados nas regiões de Carrefour, Croix-des-Bouquets, Tabarre e Bon Repos –, de um centro de reabilitação de deficientes físicos, além da reforma de dois laboratórios especializados em vigilância epidemiológica – que vão desenvolver atividades laboratoriais de apoio ao Laboratório Nacional de Saúde Pública do Haiti – e de unidades de saúde do Ministério de Saúde Pública e da População do Haiti em localidades que sofreram danos provocados pelo terremoto.
No campo da formação de RH, foi oferecido durante o mês de julho, em Porto Príncipe, um curso de Vigilância Epidemiológica adaptado à realidade e às necessidades do país caribenho e dirigido a vinte técnicos de saúde haitianos. Além disso, cinco pesquisadores do Laboratório Nacional de Saúde Pública do Haiti especializados em diferentes áreas de estudo estão, desde maio, fazendo estágio em laboratórios de saúde na Fiocruz, onde vão trabalhar nos próximos seis meses. A ideia é que os cientistas se tornem agentes multiplicadores de conhecimento ao retornarem ao Haiti. As ações também abrangem campanhas nacionais de vacinação, sendo que a última delas, realizada em abril e maio durante a 10ª Semana de Vacinação nas Américas e a 1ª Semana Mundial de Imunização, atingiu cerca de 3 milhões de crianças, que receberam vacinas contra sarampo, rubéola e pólio.
Os projetos são coordenados por um Comitê Gestor Tripartite integrado por um representante do Ministério da Saúde de cada país. Para o desenvolvimento das atividades prioritárias dos projetos foram criados grupos técnicos para vigilância epidemiológica e imunização, organização de serviços e assistência e formação de técnicos de saúde e de recursos humanos nas áreas de enfermagem, laboratório, radiologia, órteses e próteses. Para mais informações sobre a cooperação, acesse aqui.
Haiti
O HIV é a principal doença que o Haiti enfrenta atualmente. Estima-se que 2,2% da população haitiana, constituída por mais de 9 milhões de habitantes, esteja infectada pela doença. A tuberculose é a segunda enfermidade, depois da Aids, que mais provoca vítimas no país, com média de 30 mil casos por ano, causando a morte de 6 mil pessoas anualmente. O país também é afetado pela malária, com taxa de prevalência próxima a 5%, e pela epidemia de cólera, que já matou mais de sete mil pessoas.
Fonte: Agência Fiocruz de Notícias