Sociedade civil e Fórum de Tuberculose do RJ visitam projeto do Ambulatório Itinerante, em Nova Iguaçu
A visita representa o engajamento da sociedade civil e de representantes de comunidades afetadas pela tuberculose no acompanhamento da pesquisa, fortalecendo o controle social e a participação comunitária. Durante o encontro, os visitantes conversaram com a equipe de pesquisa e com participantes do estudo, que compartilharam suas impressões sobre os impactos da iniciativa em suas vidas e na continuidade do tratamento.
Os usuários relataram que o projeto reduziu de forma significativa os custos e o tempo de deslocamento para o atendimento especializado. Além disso, proporcionou mais motivação para concluir o tratamento, já que a equipe está mais próxima de suas residências. Essa proximidade tem contribuído para melhorar a adesão e reduzir as interrupções, um dos principais desafios no manejo da tuberculose drogarresistente (TBDR). “Antes, eu precisava gastar quase um dia inteiro, fazer três baldeações de transporte e gastar muito dinheiro para chegar ao tratamento no Hélio Fraga, em Curicica. Agora, o atendimento próximo da minha casa me dá ânimo para seguir o tratamento até o fim e diminui meus gastos com transporte”, contou um dos participantes.
Para o coordenador do projeto e chefe do Centro de Referência Professor Hélio Fraga, da ENSP/Fiocruz, o Ambulatório Itinerante representa uma prática inovadora, ao alinhar o tratamento especializado a quem mais precisa e à produção de evidências para subsidiar melhorias nos indicadores de tratamento da TBDR e ampliar o acesso aos serviços de saúde. “A proposta reflete os princípios do SUS: universalidade, equidade e integralidade da atenção”, destacou Paulo Victor Viana.
Em 2024, o município de Nova Iguaçu notificou 987 casos de tuberculose, sendo 800 casos novos, o que corresponde a um coeficiente de incidência de 101,8 por 100 mil habitantes. Desse total, 87,8% ocorreram entre pessoas pretas e pardas, evidenciando as desigualdades racial e social no impacto da doença. Foram registrados 63 óbitos, resultando em um coeficiente de mortalidade de 8 por 100 mil habitantes. O estado do Rio de Janeiro registrou 295 pessoas com TBDR em 2023, o que representa 20,7% dos casos do país. O município do Rio concentrou 201 desses casos, ou seja, cerca de 68% da carga estadual, enquanto Nova Iguaçu iniciou o tratamento de 13 pessoas com TBDR. Esses dados reforçam a importância de iniciativas como o Ambulatório Itinerante para garantir tratamento acessível.
O Fórum de Tuberculose do Estado do Rio de Janeiro destacou a relevância de trabalhos como este para o enfrentamento da doença, sobretudo na Baixada Fluminense, onde os indicadores ainda são preocupantes. “A participação ativa da sociedade civil é fundamental para que as pesquisas e ações estejam alinhadas às demandas reais dos territórios e da população afetada”, enfatizou Juliana Reiche, integrante do Fórum.
Para Andrea Salustriano, do Grupo de Mobilização Social de Enfrentamento à Tuberculose de Nova Iguaçu, é essencial fortalecer redes de apoio comunitário e ampliar a divulgação de informações sobre diagnóstico e tratamento da doença. A aproximação entre pesquisadores, gestores e usuários é vista como um passo crucial para combater o estigma e promover maior adesão aos tratamentos, especialmente em casos de TBDR, que demandam acompanhamento prolongado e maior suporte social.
Participaram da visita: Juliana Reiche (Cedaps), Andrea Salustriano (Grupo de Mobilização Social de Enfrentamento à Tuberculose de Nova Iguaçu), Sheila Fortunato (Associação de Mulheres da Cachoeirinha – AMAC), Natã Coutinho (Grupo de Mobilização Social de Enfrentamento à Tuberculose de Nova Iguaçu), Ana Leila Gonçalves (Centro Social Fusão) e Aparecida (COMADRES).
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