Seminário debate violência e saúde na Atenção Primária

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Organizado pela Vice-Direção de Escola de Governo em Saúde da ENSP, em parceria com o Departamento de Estudos sobre Violência e Saúde Jorge Carelli (Claves) e o Programa de Residência Multiprofissional em Saúde da Família, o seminário contou com mesa de abertura com a participação do diretor da ENSP, Hermano Castro; da vice-diretora de Escola de Governo, Rosa Souza, da coordenadora do Claves, Liana Wernersbach Pinto; e da coordenadora da Residência Multiprofissional, Mirna Teixeira.
Assista, abaixo, o vídeo com a mesa de abertura na íntegra.
Violência e saúde
Para falar sobre os principais conceitos, tipos de violência, sistemas de informação e dados epidemiológicos, a pesquisadora do Claves/ENSP, Kathie Njaine, apresentou a palestra ‘Violência e Saúde’. Kathie pontuou os principais tipos de violência, entre elas a violência institucional, que ocorre dentro das instituições, inclusive de saúde. Ela se manifesta, sobretudo, por meio de regras, normas de funcionamento, relações burocráticas e políticas que reproduzem estruturas sociais injustas, preconceitos e discriminações.
A pesquisadora abordou ainda outros tipos de violência como a auto infligida e coletiva. A violência auto infligida compreende suicídios, tentativas, ideações, autolesões (automutilação). Já a violência coletiva é caracterizada por crimes cometidos por grupos organizados, atos terroristas, crimes de multidões; guerras e processos de aniquilamento de determinados povos e nações por outros; ataques econômicos entre grupos e nações, geralmente motivados por intenções e interesses de dominação. Finalizando sua apresentação Kathie Njaine ressaltou que a violência é um problema de toda sociedade e todos os setores tem responsabilidade no seu enfrentamento.
Violência e saúde na Atenção Básica
A coordenadora do Claves/ENSP, Liana Wernersbach Pinto, falou sobre os impactos da violência na Atenção Básica. Segundo ela, a violência não é um problema médico típico, é um problema social que acompanha toda a história e as transformações da humanidade. No entanto, a violência afeta muito a saúde. Na saúde ela é caracterizada como causas externas, categoria utilizada pela saúde para se referir à mortalidade e às lesões e traumas provocados por violências e acidentes.
Liana abordou, ainda os Sistemas de Informação da Saúde e a qualidade da informação. Segundo ela, uma gama significativa das violências não chega ao conhecimento institucional oficial ou são distorcidas, além disso, há desvalorização cultural do registro nas instituições públicas, falta de comunicação entre saúde e segurança pública, e há problemas na formação dos profissionais para diagnosticar e registrar as violências.
Por fim a pesquisadora abordou as principais causas de morte no Brasil. Em 2017, morreram 1.312.663 pessoas no país, sendo 158.657 de causas externas. Entre as pessoas com 60 anos ou mais, as causas externas constituíram a oitava causa de morte em 2017. As lesões e envenenamentos também foram citadas pela pesquisadora como causas externas.
De acordo com ela, são responsáveis por cerca de 9% dos gastos com internações por todas as causas. Só perdem para as doenças do aparelho respiratório, circulatório e gravidez e parto. “Em 2017 ocorreram 1.154.776 internações por causas externas, cujo valor médio foi de R$ 1.243,55. Sobre o setor saúde recai o maior ônus: necessidade de leitos; recursos humanos; aparelhagem; localização e distribuição dos serviços”, finalizou.
Ao final da mesa foi apresentado o vídeo “Sobre Memória, Violência e Saúde”, organizado pelo Programa Institucional Violência e Saúde da Fiocruz. O vídeo faz um histórico de como o tema da violência foi incorporado ao campo da saúde no Brasil. Em breve o vídeo estará disponível no Youtube.
Assista, abaixo, as apresentações das pesquisadoras na íntegra.
Notificação das violências
Finalizando o seminário foi realizada a palestra 'Notificação das violências e os desafios da rede intersetorial de atenção à pessoas em situação de violência'. O debate contou com a participação da assistente social e coordenadora da Área Programática 3.1, Simone Pires, e foi coordenado pela representante da Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro, Silvana Caetano. Em sua fala Simone ressaltou que a violência é um fato humano e social, é histórica e nasceu com a sociedade, além de abranger todas as classes e segmentos sociais e estar dentro de cada um.
Ela questionou, ainda, por que a violência é um problema para a saúde e respondeu reforçando que ela reduz a qualidade de vida das pessoas e coletividades, coloca novos problemas para o atendimento à saúde, além de necessitar de atuação multiprofissional, interdisciplinar, intersetorial e engajada do setor saúde visando às necessidades da população.
A coordenadora abordou a relação da violência com a Atenção Primária à Saúde (APS), citando a Política Nacional de Redução da Morbimortalidade por Acidentes e Violências (2001); a Política Nacional de Promoção da Saúde (2006); a Rede de Atenção à Saúde (2010/2011); e a Política Nacional de Atenção Básica (2017). Por fim, Simone Pires citou os desafios na articulação Intersetorial, entre eles, a compreensão que a articulação intersetorial é um papel de todos e conhecimento dos equipamentos que fazem parte da Rede Intersetorial.
Assista, abaixo, a apresentação na íntegra.
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