Andrey Cardoso desenvolve ações de saúde indígena e vigilância epidemiológica na Fiocruz MS
Por Bruna Abinara
Durante sua atuação como Professor-Pesquisador Visitante Sênior (PVS) na Fiocruz Mato Grosso do Sul, Andrey Cardoso buscou promover saúde para as populações vulnerabilizadas, em especial, dos povos indígenas. O pesquisador da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP/Fiocruz) conclui, este ano, a participação na iniciativa da Vice-Presidência de Educação, Informação e Comunicação (VPEIC/Fiocruz), cujo objetivo é diminuir as desigualdades regionais e fortalecer a integração nacional do sistema de ensino, pesquisa e inovação da Fiocruz.
Além de Andrey, o pesquisador Reinaldo Souza dos Santos encerra seu trabalho como pesquisador visitante na Fiocruz MS neste ano. Já Andrea Sobral, André Perissé e Enirtes Caetano darão início às suas atividades em 2025, com o objetivo de contribuir para a estruturação e o fortalecimento de programas de pós-graduação nos diversos escritórios e unidades regionais da Fiocruz.
O pesquisador considerou que o edital de PVS foi uma excelente experiência por permitir que ele aprofundasse parcerias antigas. Andrey contou que colabora com atividades de ensino e pesquisa na Fiocruz MS desde 2019, quando ministrou duas disciplinas no curso de Doutorado Acadêmico em Epidemiologia, Equidade e Saúde Pública no Mato Grosso do Sul, por meio de uma parceria entre o Escritório e o Programa de Epidemiologia em Saúde Pública da ENSP/Fiocruz. "O Edital de PVS abriu a oportunidade para aprofundar essas parcerias e desenvolver novas atividades. Minha proposta de atuação foi de cooperar para o fortalecimento da pesquisa em epidemiologia e em saúde de populações vulnerabilizadas, em particular os povos indígenas", afirmou o pesquisador.
Durante sua atuação, Andrey colaborou com a equipe local e com o professor da ENSP Reinaldo Souza dos Santos, também selecionado como PVS, na construção do primeiro Programa de Pós-Graduação da Fiocruz MS, com a oferta de um Mestrado Profissional em Saúde Única, aprovado recentemente pela CAPES. "Pude conhecer profundamente as atividades de ensino, pesquisa e cooperação desenvolvidas pela Fiocruz MS e seus pesquisadores, e reconhecer a excelência e volume da produção cientifica e técnica naquela instituição", compartilhou.
Para Andrey, os benefícios trazidos pelo edital de PVS são inúmeros, tanto diretos quanto indiretos. O pesquisador citou o fortalecimento de atividades de ensino, pesquisa e cooperação nas Unidades da Fiocruz, a formação de pessoal, o incremento da produção técnico-científica e o aprimoramento do SUS. Além disso, ele também elencou o estabelecimento de parcerias com outras instituições como forma de criar redes de produção de conhecimento e de capilarização dessa produção, contribuindo para o fortalecimento do SUS no país.
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Como foi o trabalho desenvolvido como professor-pesquisador visitante na unidade?
Tem sido uma excelente experiência. Em 2019, oferecemos um curso de Doutorado Acadêmico em Epidemiologia, Equidade e Saúde Pública no Mato Grosso do Sul, por meio de uma parceria entre a Fiocruz-MS e o Programa de Epidemiologia em Saúde Pública da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP/Fiocruz). Tive a oportunidade de ministrar as disciplinas de Epidemiologia I e II no curso e orientar duas alunas, em coorientação com duas pesquisadoras da Fiocruz-MS e uma pesquisadora da ENSP. Desde então, venho colaborando em atividades de ensino e pesquisa com o Escritório da Fiocruz-MS.
O Edital de PVS abriu a oportunidade para aprofundar essas parcerias e desenvolver novas atividades. Minha proposta de atuação como PVS foi de cooperar com o Escritório Regional da Fiocruz no Mato Grosso do Sul para fortalecimento da pesquisa em epidemiologia e em saúde de populações vulnerabilizadas, em particular os povos indígenas, e construção coletiva do diagnóstico de demandas regionais e delineamento de proposta de oferta de curso de pós-graduação na área de saúde coletiva orientada pelo diagnóstico participativo das demandas regionais.
Durante minha atuação, foi possível colaborar com a equipe local e com outro PVS da ENSP, Prof. Reinaldo Souza Santos, na construção da Apresentação de Proposta de Curso Novo (APCN) para a CAPES, relativa ao primeiro Programa de Pós-Graduação da Fiocruz-MS (PPGSU), com a oferta de um Mestrado Profissional em Saúde Única, aprovado recentemente pela CAPES. Nessa atividade, pude conhecer profundamente as atividades de ensino, pesquisa e cooperação desenvolvidas pela Fiocruz-MS e seus pesquisadores, e reconhecer a excelência e volume da produção científica e técnica naquela instituição. Além disso, venho participando ativamente de disciplinas e debates técnico-científicos com alunos e pesquisadores, e contribuindo com antigas e novas pesquisas na área de epidemiologia, vigilância e saúde única, com ênfase na saúde indígena, e na cooperação com municípios do estado.
Poderia fazer um balanço das ações realizadas até agora? Para os próximos meses, o que ainda deve ser feito?
Como disse, colaborei na elaboração do projeto de APCN submetido e aprovado pela CAPES, para a primeira oferta de um Mestrado Profissional em Saúde Única, recém aprovada. Além disso, venho colaborando para o fortalecimento do ensino, da pesquisa, da produção científica e da cooperação com o SUS na região, por meio de oferta de disciplinas, oficinas de artigos científicos e debates técnico-científicos no campo da epidemiologia e da saúde indígena; participação em bancas de qualificação e defesa de Mestrado em Saúde da Família (PROFSAÚDE); colaboração na produção de artigos científicos vinculados a pesquisadores e alunos e seus projetos de pesquisa; aprofundamento de pesquisas em andamento e proposição de novas pesquisas na área de saúde indígena, vigilância em saúde e Saúde Única na região de fronteira internacional Brasil-Bolívia e na região de Dourados, bem como na submissão de propostas para agências de fomento à pesquisa nacionais e regionais; e fortalecimento do SUS, por meio de cooperação técnico-científica com o município de Corumbá, onde foi proposto e será realizado o primeiro Inquérito de Saúde Indígena na população Guató.
A população Guató vive majoritariamente na Terra Indígena Guató, na Ilha Ínsua, localizada a 6 horas de barco de Corumbá, na fronteira Brasil-Bolívia, no bioma Pantanal. Parte da população vive na sede do município de Corumbá, mantendo contato frequente com a população aldeada. Trata-se de uma população que vive em contexto de potenciais ameaças, entre as quais podem ser destacadas a localização do seu território em fronteira internacional com a Bolívia, aumentando a possibilidade de interação com a população e com unidades militares daquele país e a introdução de patógenos circulantes fora do território nacional; a localização do território no bioma pantanal, em contato próximo com uma grande diversidade de fauna, cuja proximidade pode resultar maior contato com vetores e reservatórios animais, resultando em zoonoses; a localização remota e acesso exclusivo hidroviário ou aéreo, o que confere complexidade à logística de atenção à saúde, particularmente à rotina de atenção primária e vigilância à saúde, bem como a remoção de casos de urgência e emergência. Além disso, os Guató residem em um estado com forte produção agrícola mecanizada, podendo estar expostos a um vasto número de substâncias tóxicas no solo, na água e no ar, com potencial nocivo à saúde, como os agrotóxicos. Esses aspectos definem o território Guató como estratégico para as ações de vigilância em saúde na fronteira.
Quais são os benefícios que a integração entre unidades pode gerar?
De fato, são inúmeros benefícios, diretos e indiretos, tanto para a unidade visitada, quando para a unidade que visita. Os benefícios são mútuos e de “mão dupla”.
Os diretos já foram mencionados, como o fortalecimento de atividades ensino, pesquisa e cooperação nas Unidades da Fiocruz fora do Rio de Janeiro, incluindo a formação de pessoal, o incremento da produção técnico-científica e o aprimoramento do SUS.
Os indiretos (ou intermediários) são inúmeros, como a construção de parcerias de pesquisa e ensino entre pesquisadores de diferentes Unidades da Fiocruz e entre essas Unidades e outras instituições de ensino e pesquisa regionais, como a UFMS, a UCDB, as Secretarias Municipais de Saúde e a Secretaria de Saúde Indígena (no caso do Mato Grosso do Sul), construindo redes de produção de conhecimento e de capilarização dessa produção, contribuindo para o fortalecimento do SUS no país; intercâmbio e interação de professores e pesquisadores de diferentes áreas de conhecimento e atuação, gerando ações multiprofissionais e transdisciplinares mais amplas, integrais e potencialmente mais eficientes no campo da Saúde Pública; reconhecimento da excelência e integração de pesquisadores regionais em ações da Fiocruz desenvolvidas nas unidades do Rio de Janeiro; e fortalecimento de pesquisas e ampliação da atuação dos Pesquisadores Visitantes em temas e regiões que teriam mais dificuldades de atuar sem a cooperação com as demais Unidades da Fiocruz fora do Rio de Janeiro, entre outras.
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