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Em webinário da ENSP, profissionais combatem racismo e capacitismo no acesso à saúde

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Publicado em:16/01/2025

Por Bruna Abinara

O impacto de fatores como raça, deficiência, gênero e classe no acesso à saúde foi o tema central do Webinário Saúde da População Negra com Deficiência: equidade para o cuidado integral. Promovido pela Vice-Direção de Atenção à Saúde e Laboratórios da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (VDAL/ENSP/Fiocruz), o evento abordou a importância da defesa do SUS equitativo, integral e universal. O webinário está disponível na íntegra no canal da ENSP no Youtube

Para iniciar o debate, a assessora da VDAL/ENSP e doutora em Saúde Coletiva pelo IFF/Fiocruz, Claudia Fonseca Santamarina, que esteve presente como moderadora da conversa, ressaltou que, em razão das iniquidades sociais existentes no Brasil e das dificuldades no acesso a bens e serviços, foram criadas políticas públicas de combate à opressão de minorias. Como exemplos, Claudia citou a Políticas Nacional de Saúde Integral da População Negra e a Política Nacional de Saúde da Pessoa com Deficiência. "Uma questão central é que, dentre quem sofre com as desigualdades, as pessoas com deficiência que fazem parte da população negra sofrem ainda mais, por isso, promovemos esse evento".

"A luta não é um lugar de escolha", defendeu a agente comunitária de saúde Camila Aragão. Ela destacou que, historicamente e em muitas situações atuais, indivíduos com deficiência e a população negra não são vistos como pessoas dignas de direitos. A ativista do grupo PcD do Conselho Nacional de Saúde também contextualizou a importância de ter bancos de dados interseccionais, uma vez que sem essa visibilidade é impossível reconhecer os obstáculos e criar políticas públicas efetivas. "Enquanto profissional de saúde, para ter acesso a recursos de acessibilidade para exercer o meu trabalho, é muita luta. Por que as pessoas com deficiência não frequentam as unidades de saúde e tantos outros espaços? Porque os seus corpos não são permitidos neles", afirmou Camila. 

Em seguida, a ativista social e educadora popular Gaaby Pereira trouxe a questão da subjetividade para a conversa. Ela explicou que, apesar da interseccionalidade promover o atravessamento de muitas questões em comum, os obstáculos chegam em cada indivíduo de forma única. Porém, quando se trata de políticas públicas e garantia de direitos, é preciso de um movimento coletivo que atenda às múltiplas subjetividades. "É importante que a gente fale do quanto a área da saúde e da ciência ainda é racista, capacitista, machista, homofóbica", destacou Gaaby. A educadora popular lembrou que as populações consideradas como minorias são maioria numérica e que, cada vez mais, essas pessoas lutam pela defesa do SUS e pela garantia de sua qualidade de vida. 

“É muito mais fácil dizer que o meu corpo não dá conta de estar em um espaço do que dizer que a sociedade e o Estado são falhos e não dão conta”, declarou a assistente social Fernanda Vicari. A também conselheira de saúde destacou que os preconceitos e as exclusões estão postos enquanto gênero, deficiência, raça e classe social, sendo impossível dissociar uma da outra. Para ela, há uma negação social sobre o modo como a falta de acesso implica em impedimentos ainda maiores. Fernanda argumentou que a ausência de trabalhadores com deficiência e negros é uma causa direta da ausência dessas populações no sistema de saúde e da falta de acessibilidade nos atendimentos. 

Por fim, a ativista social da causa do autismo Luana Mota compartilhou a sua experiência com a dificuldade no acesso a tratamentos adequados a pessoas com deficiência. No momento de sua fala, Luana estava à espera de um atendimento no SUS para a sua filha, que é uma criança autista. Dificuldade no acesso, falta de profissionais especializados e filas muito longas até o atendimento foram alguns dos obstáculos que Luana já enfrentou com a filha. “Se não se pensar política pública de saúde com transversalidade, não é possível chegar em todo mundo”, afirmou. Apesar das barreiras existentes, Luana reforçou que o SUS é um patrimônio do Brasil e algo de que devemos nos orgulhar enquanto lutamos para avançar em direção à integralidade e acessibilidade do cuidado. 

+ Assista ao webinário na íntegra



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