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“Encolher o espaço público é desvalorizar os Direitos Humanos”, defende David Rodrigues em evento na ENSP

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Publicado em:29/11/2024
Por Barbara Souza

Fortalecimento do espaço público, defesa da colaboração entre as pessoas, esforço por abordagens humanistas e pela adoção de modelos que busquem neutralizar desigualdades foram defendidos pelo professor da Universidade de Lisboa David Rodrigues na tarde desta segunda-feira (25/11) na Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP/Fiocruz). Com o título “Metamorfoses: os desafios da Educação e da Saúde para vivermos juntos e justos”, a palestra compôs a programação do XI Seminário Internacional de Direitos Humanos e Saúde e do XV Seminário Nacional de Direitos Humanos e Saúde. A atividade foi coordenada pelo pesquisador do Departamento de Direitos Humanos, Saúde e Diversidade Cultural (DIHS/ENSP) Armando Nembri. 

Conselheiro Nacional de Educação de Portugal, Rodrigues focou nas transformações em andamento nessa área para, em seguida, abordar o que considera como inclusão no contexto atual. “Há uma reconfiguração em curso: de um modelo Igualitário para um Equitativo, de transmissão de informação para desenvolvimento de espírito crítico, de uma procura por uniformidade para a diversidade, de um modelo de ensino-aprendizagem para um ambiente educativo e da ideia de seleção para a de inclusão”, exemplificou o professor. Ele sublinhou a necessidade de trabalhar com as diferenças para que elas não acentuem as desigualdades, afirmando que a escola desempenha um papel fundamental nesse sentido: “a inclusão no contexto de reconfiguração da Educação talvez tenha estes dois grandes objetivos: a perspectiva de aprendermos a viver juntos e também de sermos justos”. 

Além da Educação, segundo o palestrante, a Saúde precisa apostar nesta “metamorfose”, com dedicação a serviços de qualidade que sejam coletivos, promovam interação e o bem comum. Para o professor, isso deve estar aliado a investimentos no cuidado a fim de garantir atenção à diversidade. “Educação e Saúde precisam desenvolver confiança nas atividades humanas”, defendeu Rodrigues ao mencionar o que considera a “essência do Humanismo”, citando os três princípios fundamentais da Abordagem Centrada na Pessoa (ACP), uma visão psicoterapêutica desenvolvida por Carl Rogers na década de 1940: empatia, aceitação incondicional e congruência.

Ao longo de sua apresentação, David Rodrigues buscou conexões entre Educação e Saúde e ressaltou que o que mais une os campos é que sua atuação é no espaço público, “o espaço dos Direitos de todos os Humanos”, explicou. “A saúde não é para os doentes como a inclusão não é para os alunos ditos "deficientes”, pontuou o professor. Ele listou ainda outros aspectos comuns às áreas, como conquistas civilizacionais, interseccionalidade das políticas públicas e a forma como todo esse conjunto interage políticas setoriais. 

Em relação aos desafios, que chamou de “vírus”, Rodrigues afirmou que “talvez muitas das resistências que existem à Educação inclusiva sejam fruto de uma ânsia de perfeição, da indisponibilidade de um quadro ‘previsível’ de como se desenvolve, do receio de saber que não dispomos de recursos - e eventualmente de competências - para dar a todos que têm direito e de não sermos capazes de inovar”, detalhou.

Como provocações para aprofundar a reflexão, durante a palestra, o professor convidado comentou cinco provérbios: 1) Não há doenças, há doentes; 2) Quem só sabe de medicina, nem medicina sabe; 3) De médico e louco, todos temos um pouco; 4) Quem tem saúde de ferro pode sempre enferrujar e 5) Sente-se a doença melhor do que se sente a saúde. Em breve, a íntegra da conferência de David Rodrigues e outras atividades dos seminários de Direitos Humanos e Saúde da ENSP estarão disponíveis na íntegra no canal da Escola no YouTube. 





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