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Pesquisadora que atuou no COE do Rio Grande do Sul fala sobre aumento da violência em situações de desastres

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Publicado em:03/07/2024

Por Tatiane Vargas

A pesquisadora colaboradora do Departamento de Estudos sobre Violência e Saúde Jorge Careli (Claves/ENSP), Fernanda Serpeloni, atuou recentemente no Comitê de Operações Especiais montado pelo Ministério da Saúde para enfrentar a situação que afeta a região sul. Especialista em Violência e Saúde Mental e em atuação nas emergências e desastres, Fernanda fala sobre a relação entre o aumento da violência em desastres, e a importância de estratégias de mitigação e prevenção em todas as fases desses eventos críticos, incluindo a preparação, a resposta e a reconstrução. 

A violência é um problema de saúde pública no Brasil e no mundo, que não envolve fatores únicos e isolados, mas uma conjunção de elementos. Ela é um fenômeno social multifatorial complexo que afeta pessoas, famílias, comunidades e sociedades em termos de prevalência. A violência doméstica, por exemplo, é um problema crescente na sociedade. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que uma em cada três mulheres no mundo sofre de violência, seja ela física ou sexual, sendo em grande parte perpetrada por um parceiro íntimo.  

No caso da violência sexual, no Brasil, mais da metade das pessoas que passam por ela são crianças menores de 13 anos. O que aponta uma dimensão da estimativa do que acontece e quais os agravos esperados durante uma situação de desastre. De acordo com Fernanda, estudos mostram aumento da violência nas situações de emergência.  

“Nesses eventos críticos, as mulheres e crianças são as mais afetadas durante o desastre, e em longo prazo. Nestas situações há agravo tanto dos casos já existentes de violência quanto o surgimento de novos casos. A violência é trazida para a superfície durante um desastre, porque uma situação de desastre agrava as desigualdades que já são existentes na nossa sociedade. Desta forma, se uma sociedade tem alta prevalência de violência doméstica, como a nossa, a tendência é que a situação seja agravada pelos desastres naturais. Além disso, temos, também, agravo do racismo, das desigualdades sociais, da insegurança econômica, da homofobia e da transfobia”, detalhou ela. 

Segundo a especialista, os impactos do desastre podem ser mitigados, dependendo das estratégias propostas. O Ministério da Saúde produziu Guias Internacionais para atuação em emergências e desastres, que ressaltam a importância de integrar estratégias de prevenção e mitigação de violência, em todas as fases, para proteger as pessoas dos prejuízos físicos e psicológicos decorrentes da violência e criar ambientes seguros.  

No episódio quatro da série ‘Emergências em foco’, do Ministério da Saúde, Fernanda Serpeloni, fala sobre a importância dos profissionais de saúde compreenderem a dimensão da violência e as possíveis estratégias de atuação. Além disso, destaca como integrar intervenções de prevenção de violência e seus agravos, no contexto das emergências e desastres, com foco na mitigação dos riscos, na resposta e na prevenção.

+ Leia mais matérias sobre 'Desastres e Saúde Pública' no Informe ENSP.

Assista!

*Crédito foto Fernanda Serpeloni: Net Brasil

*Crédito foto de banner: Reuters/Amanda Perobelli.


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