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Pesquisadoras listam recomendações para Assistência Farmacêutica na preparação e na resposta a desastres

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Publicado em:29/05/2024

Por Barbara Souza

Crucial no campo da saúde também em contextos de desastres, a Assistência Farmacêutica precisa estar bem estruturada e preparada para situações de emergência. A falta de planejamento de ações, tanto de preparação quanto de resposta a momentos críticos, tende a agravar os danos. Tragédias causadas por eventos climáticos extremos, como as chuvas que inundaram grande parte do Rio Grande do Sul, devem ocorrer cada vez mais frequentemente, como alerta o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC). Por isso, é urgente que municípios se organizem para fornecer Assistência Farmacêutica para estes cenários. 

Centro de Distribuição das Farmácias em Gravataí (RS). Foto: Itamar Aguiar (SES-RS)

O Informe ENSP abordou o tema em entrevista com as farmacêuticas Claudia G. S. Osorio de Castro e Elaine Miranda. Claudia é pesquisadora titular do Departamento de Política de Medicamentos e Assistência Farmacêutica (NAF), da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP/Fiocruz). Já Elaine, mestre e doutora pelo Programa de Saúde Pública da ENSP, é professora associada da Faculdade de Farmácia da Universidade Federal Fluminense (UFF), onde atua na coordenação do Programa de Pós-graduação em Administração e Gestão da Assistência Farmacêutica.

Confira as principais recomendações e os comentários das especialistas para a preparação e a resposta da Assistência Farmacêutica dos municípios aos desastres. 

PREPARAÇÃO

A Assistência Farmacêutica em desastres precisa ter profissionais e gestores capacitados, uma relação de medicamentos que vão ser necessários para o atendimento nos diferentes momentos da crise e, claro, um plano a ser executado. Neste documento devem constar as ameaças identificadas e todas as ações planejadas para cada situação de risco, por exemplo.

            A elaboração do plano pode ficar a cargo de um Comitê de Operações Emergenciais (COE), que geralmente é criado já com o desastre em andamento. No entanto, é interessante uma estrutura permanente e que conte com um farmacêutico para garantir as ações ligadas à Assistência Farmacêutica.
 
“A participação de farmacêutico no comitê é um marcador importante. É uma voz no espaço onde as decisões devem ser tomadas muito prontamente durante o desastre”, defende Elaine Miranda. A professora mencionou ainda a comunicação entre os diferentes órgãos como um problema na hora do desastre. Nesse sentido, o comitê permanente manteria integrados representantes de diferentes esferas, como parte do esforço da preparação.

            Para conduzir as equipes em ações de preparação e resposta em contexto de crise, os gestores devem estar capacitados sobre o tema. Desastres ocorrem e é preciso que os municípios minimizem ao máximo os danos. Para isso, é necessário estruturar a Assistência Farmacêutica, como detalhado nos tópicos anteriores. Quem lidera a estruturação é a gestão central dos serviços de saúde a partir de um plano de preparação. Mas, como lamentam Claudia e Elaine, poucos municípios possuem um plano desse tipo.

Como consequências do despreparo dos gestores em relação à preparação da Assistência Farmacêutica para desastres, há perda de estoques de medicamentos já adquiridos, além de compras e recebimento de doações de produtos desnecessários naquele momento, por exemplo. “Se o gestor não pensou na preparação, também não definiu um lugar estratégico geograficamente para armazenar tais produtos, uma Central de Abastecimento Farmacêutico” adequada, explica Elaine. “Armazenar dá trabalho e tem um custo de infraestrutura física, de material e de recursos humanos. Em caso de não uso, ainda haverá o descarte, que também gera gastos”, completa Claudia.