Retomada do mestrado profissional e compromisso contra tuberculose marcam 40 anos do Hélio Fraga
Por Bruna Abinara e João Guilherme Tuasco*
A reafirmação da relevância social do Centro de Referência Professor Hélio Fraga (CRPHF/ENSP/Fiocruz) na assistência à população com tuberculose multirresistente e outras micobacterioses deu o tom da cerimônia da celebração dos 40 anos do CRPHF. Realizada nesta quinta-feira (21/3), a solenidade também foi marcada pelo anúncio da retomada do mestrado profissional em tuberculose. Ao compartilhar a novidade, o diretor da ENSP disse considerar o retorno do curso muito importante para ampliar a integração entre ensino, pesquisa e assistência. “É uma grande contribuição, nesse momento do país, para o Programa Brasil Saudável", disse Marco Menezes.
A solenidade teve ainda a participação do presidente da Fiocruz, Mario Moreira, do chefe do Hélio Fraga, Paulo Victor Viana, da coordenadora de Vigilância em Saúde e Laboratórios de Referência da Fiocruz, Tânia Fonseca, e de autoridades da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas/OMS), além da Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro (SMS) e do Observatório de Tuberculose Brasil. Os convidados enfatizaram a capacidade técnica do Centro e a articulação com a sociedade e o governo.
O Diretor Marco Menezes também destacou a importância do CRPHF na luta nacional contra as doenças determinadas socialmente. “Falar de combate à tuberculose é falar de desigualdade, de enfrentamento à pobreza e à fome”, afirmou. Segundo o diretor, o momento é de celebração, assim como de reflexão e avaliação dos desafios enfrentados ao longo dos 40 anos de história. Ele também elogiou o movimento de aproximação do Centro com a sociedade civil e os movimentos sociais, parceria que considera fundamental. O diretor da ENSP pontuou que a luta contra essas enfermidades também significa defender o SUS, o Ministério da Saúde e a ministra Nísia Trindade.
O presidente da Fiocruz também manifestou apoio à ministra em seu discurso ao afirmar que há um “esforço arquitetado” contra Nísia. Ao falar sobre as ações pelo fim da tuberculose, Mario Moreira destacou que a capacidade técnica da Fiocruz é fundamental para a erradicação da doença, além da garantia dos direitos constitucionais e reafirmou o compromisso da instituição. “A Fundação Oswaldo Cruz produz ciência, pesquisando os impactos sociais, as questões científicas relacionadas à doença e às pessoas acometidas. Nós desenvolvemos e inovamos no campo do diagnóstico, dos medicamentos e, recentemente, no das vacinas. Todas as áreas estão engajadas nesse processo”, afirmou.
Já Tânia Mara Fonseca lembrou que, para ampliar as pesquisas contra a tuberculose, a Coordenação de Vigilância em Saúde e Laboratórios de Referência da Fiocruz investiu R$ 8 milhões nos laboratórios do Hélio Fraga nos últimos anos. Ela celebrou os resultados do investimento. "Foram inúmeras reuniões, incontáveis estresses e, hoje, é com muito prazer que a gente vem saudar esse momento, porque o Hélio Fraga não só se habilitou, como continuou como referência nacional. Hoje, ele se senta à mesa da Opas/OMS com o peso da sua história, mas também com capacidade de ser polo, de trazer os grupos para treinamentos, de usar as instalações do laboratório, de servir de referência de fato como um modelo de NB3 [Nível de Biossegurança 3]".
Paulo Victor Viana afirmou que o CRPHF tem sido, nos últimos 40 anos, uma fortaleza na vigilância, diagnóstico e tratamento da tuberculose. “Olhamos para trás com orgulho e para frente com esperança renovada. Juntos fazemos história na Saúde Pública do Brasil e unidos continuaremos na nossa jornada contra a tuberculose”. Ele também destacou a prontidão para promover um país livre da doença até 2030. A meta faz parte do ‘Programa Brasil Saudável: Unir para cuidar’, instituído em fevereiro deste ano pelo Ministério da Saúde. O objetivo é fortalecer o combate a doenças determinadas socialmente, como a tuberculose, seguindo as diretrizes da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas.
A importância da participação dos movimentos sociais também foi o tema da fala do representante do Observatório de Tuberculose Brasil, Carlos Basília. "Uma das características do movimento social é que o tempo passa, mas a sociedade civil continua registrando, monitorando e fazendo parte dessa história”, declarou. Em seguida, o representante da Organização Pan-americana de Saúde (Opas/OMS), Kleydson Andrade, abordou a carga social da doença: 73% dos pacientes de tuberculose drogarresistente sofrem com a perda de 20% ou mais da renda devido ao adoecimento. Com isso, o custo do deslocamento pode ser um obstáculo ao tratamento. O tema foi detalhado na palestra apresentada em seguida no simpósio. Segundo Andrade, projetos como o Ambulatório Itinerante, que leva o atendimento até a população, são fundamentais. O representante também declarou que a “Opas/OMS segue de portas abertas para continuar as colaborações com a Fiocruz, com a ENSP e com o CRPHF”.
A representante da Secretaria Municipal da Saúde do Rio de Janeiro (SMS/RJ), Elisabete Dorighetto, também reforçou a importância da parceria com o Hélio Fraga. Elisabete afirmou que o Centro de Referência tem o papel de resgatar e aprofundar a formação, junto à Secretaria, para capacitar os profissionais de Saúde da Família com um novo olhar.
O evento também contou com a cerimônia de descerramento da placa do jubileu de comemoração dos 40 anos do CRPHF. Os participantes da mesa de abertura receberam a Medalha Hélio Fraga, que reconhece a presença deles neste momento histórico. A pesquisadora e fundadora do Centro, Margareth Dalcolmo, e Rivaldo Venâncio, da Coordenação de Vigilância em Saúde e Laboratórios de Referência da Fiocruz, também foram homenageados.
*Sob supervisão da jornalista Barbara Souza
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