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Agroecologia como promoção da saúde é tema de roda no 12º CBA

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Publicado em:24/11/2023
Na manhã de quarta-feira, penúltimo dia do 12º Congresso Brasileiro de Agroecologia, a atividade “Agroecologia: sistema alimentar que promove saúde” trouxe para a discussão a maneira como a produção sustentável de alimentos nos agroecossistemas incide em vários dos determinantes sociais da saúde, com consequências positivas para o ambiente, para quem produz e para quem consome.  Organizada pelo Departamento de Prevenção e Promoção da Saúde do Ministério da Saúde, a atividade ocupou o Barracão Juventudes e Agroecologia no Passeio Público e promoveu o diálogo entre o público, majoritariamente composto de mulheres agricultoras, e representantes do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, do Ministério da Saúde e da Fiocruz.  

Segurança alimentar e combate à fome através do fortalecimento da agroecologia e a construção de territórios saudáveis e sustentáveis foi um dos temas defendidos por Joseane Costa, do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar que mencionou as experiências do projeto Cadeias de Valor em plantas medicinais, desenvolvido em parceria com a Fiocruz, com objetivo de inclusão produtiva de povos e comunidades tradicionais em 33 territórios distribuídos em quatro dos biomas nacionais. 

Muitos destes territórios estão ameaçados por pressão do agronegócio e da mineração. “O Congresso tem esse desafio de olhar os projetos, identificar ações e iniciativas das políticas sociais - e o SUS é uma política social -  e promover a articulação com as demais políticas. Não dá para falar em promoção da saúde sem falar dos saberes, dos conjuntos das práticas dos territórios”, reforçou.

Gislei Siqueira, da Fiocruz Brasília, falou sobre como a agroecologia traz para a pauta a questão do trabalho de cuidado, papel historicamente delegado às mulheres, as grandes cuidadoras dos quintais produtivos. A agroecologia já discute o que seria o trabalho justo doméstico e o compartilhamento do papel de cuidador, ao levantar questões sobre os quintais produtivos e o protagonismo que as mulheres têm na agricultura familiar. Para ela, é importante reinventar a dimensão política no campo da saúde para construir processos emancipatórios. “O trabalho justo doméstico já é pauta no campo agroecológico  e ainda não é na saúde”, observou. 

Fernanda Savicki, da Associação Brasileira de Agroecologia e pesquisadora da Fiocruz, lembrou que as mulheres camponesas e as populações tradicionais são guardiãs e conhecedoras das sementes, “o bem comum mais fundamental”, e reforçou a importância de preservar, conhecer e valorizar os saberes populares na promoção da saúde a partir das plantas. “Quantos homens estão aqui hoje discutindo uma interseção de assuntos tão fundamentais como a questão alimentar e a agroecologia como promoção da saúde?”, questionou ela. “Eu sei que tem muitas pessoas, e entre elas, homens se debruçando sobre esse assunto, mas muitas vezes o tema é visto como secundário na hierarquia, como acontece com os assuntos relacionados ao cuidado”, comentou. 
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