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'Amazônia, a nova Minamata?' lança luz sobre a luta dos Munduruku contra a contaminação por mercúrio

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Publicado em:24/05/2023

Por Silvia Batalha (VPAAPS/Fiocruz)

Na última quinta-feira, dia 18 de maio, foi exibido na Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca (ENSP/Fiocruz) o aguardado filme 'Amazônia, a nova Minamata?', dirigido por Jorge Bodanzky. A produção cinematográfica retrata a  saga do povo Munduruku em sua batalha para conter a contaminação por mercúrio, uma grave ameaça à saúde de todos os habitantes da Amazônia.

Financiado pelo Programa Inova de Saúde Indígena da Fiocruz, por meio das Vice-presidências de Ambiente, Atencão e Promocão da Saúde (VPAAPS), de Produção e Inovação em Saúdde (VPPIS), e de Pesquisa e Coleções Biológicas (VPPCB), o filme contou com a participação de renomados especialistas e representantes das comunidades envolvidas. 

Cerimonia de Abertura

Na mesa de abertura estiveram presentes Marco Menezes, diretor da Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca (ENSP/Fiocruz), Juliana Rulli, representando a Vice-Presidência de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde da Fiocruz e Paulo Basta, pesquisador da ENSP. 


"O filme é um exemplo importante do papel da Fiocruz e da academia em trabalhar com a sociedade e os movimentos sociais. Ele revela uma história difícil e uma crise sanitária em relação ao povo Munduruku, levantando a pergunta 'A Amazônia, a nova Minamata?' Esse debate é fundamental para compreender a saúde indígena e o cenário atual do país, especialmente na região amazônica. O filme também nos ajuda a refletir sobre a ciência, a arte e a determinação socioambiental, além de contribuir para a reconstrução do país, a defesa da democracia e a participação da sociedade na formulação de políticas públicas”, destacou o diretor da ENSP, Marco Menezes. 

No centro da trama, o filme acompanha a líder Munduruku Alessandra Korap, que percebe algo errado com a saúde de seu povo e decide investigar a causa. Determinada a buscar respostas, Alessandra convida o renomado neurologista Erik Jennings e pesquisadores da Fiocruz para estudar e avaliar se a comunidade está realmente contaminada por mercúrio.

Os resultados revelam índices alarmantes de contaminação por esse metal pesado, diretamente associado às atividades garimpeiras de ouro e à destruição da floresta. No entanto, os médicos se deparam com uma resistência surpreendente por parte dos garimpeiros e até mesmo do governo brasileiro, que tentam impedir que os resultados sejam apresentados aos Munduruku.

A narrativa do filme estabelece um paralelo com a triste história de Minamata, no Japão, onde a população sofreu sérias sequelas no sistema nervoso central devido à contaminação por mercúrio, resultando em mortes e no nascimento de crianças com má formação congênita. A mensagem de luta e esperança transmitida pelo povo japonês serve como inspiração para a população amazônica.

Diante dessa realidade alarmante, Alessandra e as lideranças Munduruku se unem em uma organização incansável para combater as fontes de contaminação, garantir a saúde de seus filhos e preservar a floresta amazônica. O filme retrata suas ações corajosas e a busca por justiça ambiental.

Com duração de 1 hora e 16 minutos, 'Amazônia, a nova Minamata?' foi produzido por Nuno Godolphim e João Roni Garcia, da Ocean Films, com coprodução da Globo Filmes e GloboNews, fortalecendo a visibilidade do projeto e ampliando sua abrangência.

O lançamento do filme representa um importante marco na conscientização sobre a contaminação por mercúrio na Amazônia e as consequências devastadoras dessa realidade. Por meio de uma narrativa envolvente, a produção pretende despertar a empatia do público e incentivar ações em prol da preservação do meio ambiente e da proteção das comunidades indígenas.

'Amazônia, a nova Minamata?' é um lembrete poderoso de que a luta pela saúde e preservação da Amazônia é urgente e necessária. O filme promete ser uma fonte de inspiração para aqueles que desejam compreender e apoiar os esforços dos Munduruku e de todos os defensores do meio ambiente. 

Debate

O debate que sucedeu a exibição do filme contou com a participação de Jairo Saw Munduruku, Becca Munduruku, Juliana Rulli, Jorge Bodanzky, Dr. Erik Jennings e Caetano Scannavino, que enriqueceram a discussão com suas perspectivas e experiências sobre a luta contra a contaminação por mercúrio e as questões socioambientais da região.

De acordo com Jairo Saw Munduruku, líder indígena, a luta não se restringe apenas ao seu povo. Ele expressa preocupação não apenas com sua comunidade, mas também com o povo em geral, a natureza, os rios e os animais que dependem deles. Para os Munduruku, o rio é vital, pois de lá tiram sua subsistência. Jairo destaca que o garimpo não é apenas uma ameaça, mas já trouxe consequências destrutivas para sua região.


Ele ressalta a contaminação por mercúrio, a degradação dos rios e o impacto desse problema não se limita a uma área específica, mas se estende ao longo do curso dos rios. Jairo enfatiza a importância de despertar a consciência da sociedade para essa realidade e a necessidade de proteger a Amazônia, que, em sua visão, está sendo destruída e negligenciada. Ele acredita que a divulgação dessas informações por meio do cinema pode mobilizar a sociedade em defesa desse patrimônio nacional.

O lançamento de 'Amazônia, a nova Minamata?' marca um passo significativo na conscientização sobre a contaminação por mercúrio na Amazônia e suas consequências devastadoras. O filme busca mobilizar o público e incentivar ações em prol da preservação do meio ambiente e da proteção das comunidades indígenas, transmitindo uma mensagem de esperança e resiliência.


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