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Filme ‘Amazônia, a nova Minamata?’ será exibido na ENSP/Fiocruz nesta quinta (18/5)

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Publicado em:17/05/2023
Nesta quinta-feira, 18 de maio, será exibido na Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP/Fiocruz) o filme ‘Amazônia, a nova Minamata?’. A obra, com direção de Jorge Bodanzky, conta a saga do povo Munduruku para conter a contaminação de mercúrio que ameaça a saúde de todos os habitantes da Amazônia. O filme relata que a líder Munduruku, Alessandra Korap, ao perceber que há algo errado com a saúde de seu povo, convida médicos e pesquisadores para investigar se eles estão contaminados por mercúrio. A atividade está marcada para as 13h30, na sala 410 do prédio principal da ENSP. 

Documentário acompanha a saga do povo Munduruku para conter o impacto destrutivo do garimpo de ouro em seu território ancestral, enquanto revela como a doença de Minamata, decorrente da contaminação por mercúrio, ameaça os habitantes de toda a Amazônia hoje

No filme o neurologista Erik Jennings e pesquisadores da Fiocruz revelam os altos índices de contaminação por mercúrio, associado à atividade garimpeira de ouro e à destruição da floresta. A obra mostra que os médicos enfrentam resistência dos garimpeiros e até do governo brasileiro para poder apresentar os resultados aos Mundurukus. 

"A história de Minamata, no Japão, lembra que a população sofreu sequelas no sistema nervoso central, levando muitos à morte e à geração de crianças com má formação congênita. Uma mensagem de luta e esperança é enviada do Japão para a população amazônica. Alessandra e as lideranças Mundurukus se organizam para combater as fontes dessa contaminação, garantir a saúde de seus filhos e preservar a floresta", explica o roteiro da produção. 

O filme, com 1h e 16 minutos de duração, tem produção de Nuno Godolphim e João Roni Garcia, da Ocean Films, e coprodução da Globo Filmes e GloboNews. 

Participam do lançamento - seguido de um debate - ,o diretor do filme, Jorge Bodanzky; Erik Jennings, neurocirurgião da Secretaria de Saúde Indígena de Santarém; além de Jairo Saw Munduruku, Aldira Akai Mundurukue, e Beka Saw Munduruku, lideranças indígenas. 

O pesquisador da Escola, Paulo Basta; o diretor da ENSP, Marco Menezes; além de Juliana Villardi, da vice-presidência de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde da Fiocruz; e Sandra Fraga, assessora da Coordenação de Saúde e Ambiente da VPAAPS, participam da atividade compondo a mesa de abertura do evento. 

'Amazônia, a nova Minamata?': um filme de impacto

Uma conversa no meio da floresta com neurologista levantou a seguinte questão, será que a Amazônia, vai se transformar na nova Minamata? O que podemos fazer para evitar isso? 

Para Jorge Bodanzky esta pergunta foi fio condutor que gerou este filme. Segundo Jorge, um dos filmes mais importantes e difíceis de fazer de toda a sua vida. 

Difícil por que este é um filme que faz uma conexão contemporânea com a contaminação por mercúrio em Minamata, no Japão do século passado. Uma história que gerou cenas que impactaram o mundo com as fotos de Eugene Smith e os filmes de Noriaki Tsuchimoto retratando pessoas deformadas ou sem controle neuromuscular. Imagens chocantes que são fruto de uma doença conhecida como Mal de Minamata, que aparentemente começa a fazer as primeiras vítimas na Amazônia.

Difícil, por ser uma gravação na floresta amazônica, em lugares muitas vezes distantes, de complexa logística de deslocamento e que, para completar, se viram atravessadas pela pandemia, o que afetou a todos.

Mas principalmente difícil, por ter que enfrentar a resistência e a belicosidade da comunidade garimpeira, maior responsável pela contaminação por mercúrio, que empoderada pelo governo federal, criou vários obstáculos para a conclusão das filmagens, incluindo ameaças de morte à equipe e aos personagens. Ameaças que os personagens principais seguem enfrentando até hoje.

E por fim, trata-se de filme desafiador no sentido cinematográfico, onde foi necessário equilibrar um conteúdo científico muito complexo com o drama humano dos indígenas que se veem ameaçados de forma trágica por uma doença perversa que compromete a saúde dos adultos de forma silenciosa, mas tem consequências desastrosas nas novas gerações.   

Um drama que se transforma em revolta, com mães munduruku temendo ter mais filhos, e em luta, com as lideranças se mobilizando para acabar com a destruição de seu território ancestral pelo garimpo que contamina a terra, a água, os peixes e os humanos com mercúrio.  

O filme encontra seu equilíbrio dando voz a Alessandra Korap, uma destas lideranças, como porta-voz dos Mundurukus e ao neurologista Erick Jennings, morador da Amazônia, que investiga, com outras instituições, a razão de tantas crianças com problemas neurológicos na região. O neurologista que provocou a pergunta e levou Jorge Bodanzky a realizar um verdadeiro filme de impacto.

Palavras do Jorge sobre o filme: 

"Fiz muitos filmes sobre a região, mas este é seguramente um dos filmes mais importantes e difíceis da minha vida, pois alerta para os riscos que a contaminação de mercúrio tem para as novas gerações da região amazônica. Não podemos deixar que a Amazônia se torne a nova Minamata."      

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