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Fórum discute ampliação do acesso à analgesia peridural no Brasil e apresenta resulltados preliminares de projeto

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Publicado em:24/04/2023
Por Barbara Souza

O Fórum Analgesia Peridural no Parto, realizado nesta terça-feira (18/4), na Fiocruz, foi marcado por discussões sobre a importância de ampliar ao acesso das mulheres brasileiras ao recurso e pela apresentação de resultados preliminares de uma das maternidades envolvidas no projeto pelo aumento da utilização. O evento é uma ação do projeto “Ampliação do acesso à analgesia peridural em trabalho de parto em Maternidades Brasileiras”, ligado ao “Nascer no Brasil”, que também tem na coordenação-geral a pesquisadora da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP/Fiocruz) Maria do Carmo Leal. O objetivo principal é aumentar a satisfação da parturiente em seu trabalho de parto a fim de reduzir o desejo pela cesariana, na maioria das vezes causado pelo medo da dor. O projeto é realizado em parceria com a Universidade Federal da Bahia (ISC/UFBA), com financiamento da Embaixada da França e do Ministério da Saúde francês.


O projeto está sendo colocado em prática, de forma piloto, pela Maternidade Maria Amélia Buarque de Holanda, no Rio de Janeiro (RJ), e da Maternidade Escola Assis Chateaubriand, em Fortaleza (CE). Pretende-se que as duas maternidades sejam polos de referência a partir dos quais o projeto se ampliará para outras unidades do país. Já há expectativa de que maternidades da Bahia e de Sergipe sejam as próximas. No fórum realizado nesta terça, os primeiros resultados da implementação na maternidade carioca, de administração pública municipal, foram apresentados pelo professor Marcos Nakamura. Ele afirmou que, no ano de 2022, 5,7% dos partos normais na unidade foram com analgesia, uma média de 15 a 16 por mês. Com o desenvolvimento do projeto pelo uso da peridural nos partos, este número aumentou. No primeiro mês, fevereiro de 2023, foram 29 e, em março, 27. 


“O ponto a festejar é estamos mantendo um número em patamares mais altos do que tínhamos anteriormente, acima dos 25. O próximo passo é que temos a intenção de implantar escala de dor, como é feito na França. Seria até mesmo uma forma de avaliação da efetividade da analgesia e se há necessidade de doses adicionais”. Outro exemplo que se pretende seguir dos franceses, ainda segundo Nakamura, é o uso das bombas de infusão para uso contínuo de analgesia. Mas ele pondera que os custos são relativamente altos. Durante o evento, a pesquisadora Maria do Carmo Leal defendeu a fomentação da indústria nacional para a fabricação desse material. "É importante mostrar como realmente é, porque temos que saber que é difícil. Não é porque a realidade não é a ideal, com poucas salas de parto ou poucos profissionais, que não vamos fazer nada. A França superou seus desafios e nós também vamos superar", comentou Mônica Almeida Neri, que coordena o projeto ao lado de Maria do Carmo. 

Maria do Carmo Leal apresentou um resumo da pesquisa “Nascer no Brasil” com foco nos dados que motivaram a busca por soluções que contribuíssem para a redução no número de cesarianas no país. “Infelizmente, a gente não só não reduz, como também está aumentando a taxa de cesarianas. E não é só a cesariana no geral, é a cesariana anteparto, que tem sua ocorrência feita com marcação de data e hora. Mulheres saudáveis que fizeram cesariana tem três mais risco de morrerem”, destacou a pesquisadora ao explicar que o projeto “Ampliação do acesso à analgesia peridural em trabalho de parto em Maternidades Brasileiras” surgiu a partir deste contexto. “A cesariana é um procedimento que salva vidas, de mulheres e bebês, mas as feitas de forma desnecessária expõem a mãe e a criança a uma cirurgia, que tem seus riscos. A França é considerada referência no uso da analgesia peridural no parto porque tem taxas de cesariana na faixa dos 20%, enquanto no Brasil, chega a 58%”, explicou Mônica. 

O fórum teve também a participação de representantes dos órgãos parceiros da França: Julie Maraval, da Embaixada da França em Brasília, Emilie Sobac, do Ministério da Saúde da França, Damien Subtil, coordenador da obstetrícia do Centro Hospitalar Universitário de Lille, e Anne-Sophie Bouthors, da Maternidade Jeanne de Flandre, também em Lille. Anne-Sophie fez uma apresentação na qual resumiu o histórico da França na luta pela ampliação do acesso à analgesia peridural pelas mulheres. Ela contou que tudo começou no início da década de 1980, com um movimento apoiado por médicos e mulheres, e defendeu o uso da analgesia regional com a anestesia local como o mais seguro e eficiente método para aliviar as dores do parto. Ela ainda elogiou os esforços brasileiros para que o exemplo francês seja seguido: "eu estou otimista pois estão começando de forma moderada, dia após dia, mês após mês. Os resultados que vocês já têm são estáveis e muito fortes. É necessário recursos humanos e motivação de anestesistas. 

A mesa de abertura do Fórum Analgesia Peridural no Parto teve as falas do diretor da ENSP, Marco Menezes, a subsecretária-executiva da Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro, Vitória Veloso, o superintendente de maternidade da Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro, Márcio Ferreira, e o representante da Associação Brasileira Universitária de Ensino, Romulo Negrini, além de Marcos Nakamura, que também representou a Associação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. Ao transmitir a saudação enviada pelo presidente da Fiocruz, Mario Moreira, o diretor da ENSP, Marco Menezes, ressaltou a importância de se aproveitar o momento de retomada de políticas públicas no Brasil para apostar nas inovações. "Trazer para dentro do nosso sistema de saúde o acesso à analgesia peridural é uma quesão multidimensional. Precisamos realmente avançar em políticas transversais como esta", disse.

Conheça os objetivos geral e específicos do projeto:

- Geral: desenvolver cooperação técnico-científica entre a França e o Brasil para ampliação do uso da analgesia peridural durante o trabalho de parto e parto no pais.

- Objetivos:
Viabilizar intercâmbio de experiências entre serviços hospitalares dos dois países - melhoria da atenção ao parto e nascimento;
Ampliar a oferta analgesia peridural - reduzir a dor durante o trabalho de parto e parto;
Fortalecer a inserção do anestesista no cenário do trabalho de parto e parto;
Ampliar a inserção da enfermeira obstétrica/obstetriz no trabalho de parto e parto;
Aumentar o conforto materno durante o parto;
Reduzir a taxa de cesariana no país.

Veja quem são os os envolvidos:

- Coordenação da Fundação Oswaldo Cruz/MS e do Instituto de Saúde Coletiva/UFBA
- Apoio da Embaixada da França e Ministério da Saúde da França
- Integrantes:
Centro Hospitalar Universitário de Angers - França - Prof. Philippe Descamps
Centro Hospitalar Universitário de Lille - França - Prof. Damien Subtil
Maternidade Maria Amélia Buarque de Holanda - RJ - Dra. Ana Murai
Maternidade-Escola Assis Chateaubriand - Fortaleza/UFC - Prof. Carlos Augusto Alencar e Prof. Edson Lucena

Assista o evento na íntegra:



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